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Primeiro disco do Barão: "Barão Vermelho"
Primeiro disco do Barão: "Barão Vermelho"| Foto:

Desde a primeira vez que ouvi Barão Vermelho, gostei, gostei muito mesmo. Era um som cru, rasgado, rock’n roll brasileiro como nunca tinha visto igual. E as letras eram uma questão a parte. Desafiadoras, parecia que me levavam a cenas de um mundo underground que eu não conhecia, mas me causava curiosidade e interesse, afinal eu era um garoto de 15 anos.

Músicas como “Ponto Fraco”, “Rock’n Roll Geral” ou “Bilhetinho Azul”, tocadas por garotos poucos anos mais velhos que eu, me impressionavam! Eu pensava: “Como pode? São tão novos quanto eu”. De imediato passaram a fazer parte do meu dia a dia. Só escutava Barão. Estamos falando do ano de 1982, quando a banda tinha recentemente lançado seu primeiro disco, intitulado apenas “Barão Vermelho”, e muito poucos conheciam seu som.

Primeiro disco do Barão:

Primeiro disco do Barão: “Barão Vermelho”

Da para imaginar minha felicidade, quando pouco tempo depois de descobrir a banda, vejo anunciado que Tim Maia iria fazer um show para sócios no clube do qual eu também era sócio, o Curitibano. Mas a grande notícia para mim foi o anúncio da banda de abertura, o quase desconhecido Barão Vermelho, que se apresentaria pela primeira vez em Curitiba. Uau, que sorte! Imaginava poder assistir minha banda favorita do momento, e de graça!

E assim finalmente chegou o dia do show. Combinei com amigos. Estava tudo certo até o momento de entrarmos no clube. Tinha um detalhe que não sabíamos, a censura do show era 16 anos e como contei antes, eu tinha 15. Eu e todos que estavam comigo tinham menos de 16, ou seja fomos barrados na porta.  Esperamos um pouco, trocou de porteiro, tentamos de novo, e nada, novamente barrados. O tempo passava e um a um dos meus colegas foi perdendo as esperanças de entrar, foram desistindo, e cada um a sua maneira voltando para suas casas, até que me vi sozinho. Mas eu não ia desistir tão fácil.

Lembrei de quando havia sido barrado quando tentei assistir ao filme “A Lagoa Azul”, censura

Cartaz do filme

Cartaz do filme “A Lagoa Azul”

14 anos, eu com 13. Vários amigos tinham conseguido entrar no filme apesar de não terem a idade necessária (hoje em dia esse filme passa na sessão da tarde), aquilo me deixou indignado, pensei: dessa vez vai ser diferente, vou dar um jeito.

E lá fui eu, dei a volta no clube. Nos fundos não vi seguranças, o muro dava pra encarar. Pois bem, em um arroubo de menino, quando vi já estava dentro. Claro que eu sabia que não estava fazendo o correto, mas minha indignação com a situação não me deixava enxergar muito bem. Me sentia injustiçado, afinal eu era sócio, e caramba, era o Barão!

Pulei e me mantive abaixado atrás de um arbusto por um tempo. Em um primeiro momento tive a sensação que tinha dado tudo certo. Até perceber que havia uma pessoa, ainda bem distante, mas caminhando em minha direção. Não era possível que alguém tivesse me visto. Mas viu!

Barão Vermelho

Que  arrependimento! Passou tudo pela minha cabeça naqueles instantes, tipo: será que vão me prender? Vou ser expulso? Vão chamar meus pais? (rsrs). Foram minutos intermináveis até a pessoa chegar até mim e pedir para eu acompanha-lo até a diretoria. Na verdade o segurança foi muito educado, talvez se fosse hoje em dia provavelmente eu teria recebido um “mata- leão” até chegada de “reforço”, mas tudo é uma questão de época.

Cheguei a sala do diretor, ele atrás de uma mesa alta me mandou sentar a sua frente, conforme ele falava eu me afundava cada vez mais na poltrona. Queria sumir.

Mas novamente uma pessoa, apesar do meu erro, me tratava com muita educação. O diretor (que infelizmente não sei seu nome) me deu oportunidade para eu tentar explicar o porque tinha pulado o muro.

Contei que eu só queria assistir ao show do Barão Vermelho, era sócio e tinha sido barrado.

Esse diretor com extrema sensibilidade, me deu uma das maiores lições da minha vida, ele soube reconhecer a simplicidade da vontade de um garoto que somente queria assistir sua banda preferida, e para minha surpresa falou assim: “Meu filho, você hoje aqui dentro desse clube é a pessoa que mais merece assistir esse show. Você é meu convidado!”

Guto Goffi, Frejat, Cazuza, Maurício Barros e Dé, o Barão em sua formação original

 

Não preciso nem dizer que foi um show inesquecível. Pela situação, pelo show mesmo, e por tudo que passei. Não pude nem ficar para assistir ao Tim Maia, afinal já era tarde, estava sozinho e voltaria a pé para casa, como disse anteriormente, outros tempos, não é?

Valeu Barão! Obrigado Diretor!

Aproveito para lembrar que dia 24 de setembro teremos Frejat no Teatro Positivo às 21:15 hrs, com seu novo show “Frejat ao Vivo” com realização da Prime. Um show imperdível!

Frejat em seu novo show “Frejat ao Vivo”

 

 

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