Era uma vez uma menininha bem chatinha chamada Stulti. Era muito lindinha! Cabelos loiros e longos, olhos claros e uma tez da cor da lua.
Ela fora educada para ser uma princesa mas agia como se fosse uma mini rainha má! Em casa, gritava com seus pais e irmãos e fazia questão de desobedecer solenemente a qualquer orientação ou pedido dos genitores.
Na escola, só brincava com meninas da “mesma cor de pele” e das brincadeiras que ela determinava. Não respeitava os professores e quando podia, fazia pequenas maldades com os animais.
Um desses seus arroubos de maldade ocorreu perto do bosque das fadas. Stulti entrou bosque adentro, tacando pedras nos pobres passarinhos.
Foi indo, indo, indo até que avistou ao longe, uma pequena casinha branca, com jardim florido. Uma chaminé graciosa, exalava uma perfumada fumaça, que aguaria a boca de qualquer um que passasse por lá! Sabe aquele cheiro de comida bem-feita? Então, era um cheiro assim, pra lá de bom!
Como havia andado muito, Stulti resolveu ir até lá para comer alguma coisa, afinal, seria um prazer para aquela pobre moradora, servir alguém tão especial como ela.
Stulti bateu à porta e foi recebida por uma amável senhora que perguntou com gentileza: “O que deseja aqui linda menina?”
Ela fez uma careta horrível e disse: Eu senti um cheiro de boa comida e vim até aqui me servir, mas não sabia que a senhora era uma mulher de cor! Não quero mais nada!
A senhora apenas suspirou! Lamentou profundamente que ainda existissem meninas que fossem tolas ao ponto de observarem um tom de pele ao invés da vibração que emana dos corações…
Mesmo assim, sorriu e falou: “Ora, ora! Você não vai resistir aos meus doces.” E como num passe de mágica, uma linda bandeja, com os mais lindos doces, apareceu.
Stulti girou os calcanhares e começou a se movimentar em direção ao bosque. Mas uma força maior que ela a fez voltar. Comeu todos os doces da bandeja e se foi, sem nem ao menos agradecer…
No dia seguinte algo estranho ocorreu…Quando ela se olhou no espelho, não conseguia enxergar bem seu reflexo. Sua visão parecia toldada e o “vulto” que via lembrava mais uma bruxa que uma princesa.
Forçou os olhos novamente e finalmente enxergou-se: uma mulher escabrosa. Longos cabelos amarelados e sem vida, pele envelhecida e enrugada, mãos cheias de verrugas e um nariz pontiagudo. Gritou tanto que logo seus pais romperam porta adentro doquarto para acudi-la.
Ela urrava que não queria ser uma bruxa e que queria sua linda tez de volta. Os pais, estupefactos, nada entenderam… Afinal, aos olhos deles, a filha continuava como sempre fora.
Os pais tentaram argumentar. Ela ouvia mas não escuta. O cérebro trabalhava intensamente formulando hipóteses que pudessem explicar aquele mistério até que ela teve um insight! Foram os doces daquela velha na floresta, pensou ela!
Rápida tal qual um foguete, voltou a floresta e bateu, furiosamente, à porta da casa da senhora dos doces.
Mal a porta foi aberta, ela já se pôs a gritar: O que você fez comigo! Eu estou me vendo tal qual uma bruxa! Eu sou linda! Desfaça isso JÁ!”
A velha senhora, novamente suspirou! Lamentou profundamente que ainda existissem meninas que fossem tolas ao ponto de acharem que as pessoas ao seu redor eram “subalternos”, em prontidão para atendê-las. Tolas que acreditavam que a alteração do tom de voz eta uma postura de comando e liderança.
Então, do jeito mais doce que conseguiu, sorriu! E em meio ao sorriso, foi se transformando em fada. Stulti arregalou os olhos, incrédula! Estava frente a frente com a fada dos doces!
A bela fada se apresentou: “ Sou Dulcis, a fada dos doces. Minha missão é tornar a vida das pessoas mais alegre e feliz.”
Recuperada do susto, Stulti respondeu: “Como você é linda fada Dulcis! Eu não sabia que era uma fada! Vi uma velha de cor e jamais podia imaginar…”
Dulcis, respondeu: “Vamos entrar Stulti!” Acomodou a menina em uma confortável cadeira na cozinha e pacientemente, prosseguiu:
“Stulti, suas percepções estão equivocadas! Não há pessoa de cor! Somos pessoas de cores! Cada cabelo tem um tom! Temos o branco dos olhos que é a moldura para o colorido das nossas íris! Nossa pele tem variadas nuances e entrelaçam nossas unhas róseas! Nossos dentes são da cor do marfim e nosso sangue é vermelho. Somos todos coloridos!
Porém, como ensinei a um velho aluno, só se vê bem com o coração, porque o essencial é invisível aos olhos. E o que feitiço que fiz, foi exatamente esse, que você só enxergue com o coração.”
Ao compreender, Stulti chorou profundamente! E, a sua frente, aquele ser luminoso oscilava entre a fada e a senhora dos doces.
Logo, ela continuou: “Se você quer se ver bela, trate cuidar desse coração.”
Stulti saiu desanimada, considerando a hipótese de quebrar todos os espelhos do mundo, certa de que nunca conseguiria…
O fato é que, tudo mudou! Ao enxergar a vida pela vibração do amor, passou a ver a vida com olhos mais amáveis! Fez novos amigos, acolheu os animais, respeitou os pais e estava sempre em contato com a natureza ( e com sua verdadeira natureza). E logo outra magia ocorreu, quanto mais amava, mais via o amor…
Stulti nunca mais se viu como era antes…
Sabia-se colorida e enxergava-se pela beleza da alma. Enxergava-se pelo coração.
Por Dani Lourenço
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