A maionese de camarão que bombou na Internet

Não esperava tamanha repercussão, palavra que não.

É que, de vez em quando, tento resgatar aqui alguns sabores que me remetem à juventude, aos primeiros tempos de experimentar novos sabores, às primeiras sensações gustativas.

Sendo assim, tento resgatar alguns sabores que me foram marcantes. E que o tempo, implacável, destarte não conseguiu apagar. E então, descrevo aqui experiências de retomadas que me são caras e, com o resultado final, muito saborosas.

Mas essa da maionese de camarão, bombou mesmo. Fiz, tirei e uma foto e publiquei no Instagram/ Facebook. Impressionante o retorno. Comentários os mais diversos, vindos de todos os lados – dos mais antigos, principalmente. Pedidos e pedidos de receita, como se ali estivesse algo revolucionário na cozinha. E quem sabe não estava mesmo, perante tanto (exagerado) glamour que se dá as comidinhas de hoje? Foi então que decidi transformar em post aqui no blog.

Fiz ao natural, de maneira despretensiosa, voltando atrás nas décadas que me separam da primeira experiência. E consigo me lembrar exatamente como foi, 45 anos passados, numa época em que a oferta do camarão, por exemplo, era bem mais rara em Curitiba.

Vou localizar, era gurizão de primeiro emprego, 19 anos, ganhando um dinheirinho que dava para alguma coisinha básica. Mas aí veio um restaurateur (na época não se denominava assim, mas, vá lá) chamado Nibet Deucher, que teve a ideia de lançar um cartão de crédito especial, com validade para seus restaurantes. Lembro-me de três deles: o Clube do Comércio, da Associação Comercial do Paraná, o Frau Leo (na Visconde de Guarapuava, casinha simpática que existe até hoje) e o outro no Seminário, uma casa grande, tradicional, que, se não me engano, se chamava Laçador – era especializado em carnes.

O cartão de crédito dava direito a jantar em qualquer um deles e depois pagar a conta no boleto. Ideal para impressionar. E os valores eram outros, pelo menos na minha cabeça de então. Levar a moça pra jantar no Clube do Comércio (para um simples repórter esportivo iniciante) era a glória. E impressionava mesmo. Um Martini doce (isso mesmo, pode acreditar, com cereja e tudo) de aperitivo e o jantar que viria em seguida.

Abrindo, invariavelmente, com a Maionese de camarão. Não me esqueço até hoje do prazer de sentir a crocância do mastigar o tal crustáceo , sempre no ponto, nada de borrachudo como havia em outros lugares. Era ponto ganho, na escolha do local e na opção de entrada. O que viria depois seria lucro.

Ainda houve outras propostas, como a do Iguaçu Emiliano (de onde o Camarão à Marta Rocha era inigualável) e, agora, mais recentemente, do Bar do Victor, que é onde se encontra uma maionese de camarão de respeito. Há outros, sei disso, mas os que considero top são esses.

Aí resolver fazer a minha versão. Tantos anos brincando de fogão, justamente para poder comer em casa o que talvez não pudesse ter acesso lá fora, me dariam habilitação para arriscar. Porque não é simplesmente abrir um pote de maionese, esturricar uns camarões e servir. Tem muito mais do que isso. E foi justamente o que fui pesquisar.

Começando por fazer a própria maionese. A melhor ainda é a caseira, feita com ovos de procedência conhecida, para evitar qualquer problema com a salmonela. Tem também a opção com o ovo em pó (que é incrível, com o ovo pasteurizado e reduzido a pó, que se encontra em algumas lojas do Mercado Municipal) e, para alguns mais preguiçosos, com a própria maionese industrializada. Mas com um tratamento especial, acrescentando ovos cozidos e alguns verdinhos para dar a devida crocância.

Fiz em casa e não conseguia parar de comer. Sério, mexeu com meu passado, com meus sabores de memória, com parte da minha vida. Para os mais antigos pode até fazer um efeito parecido. Para os mais novos, que já entraram no mundo gastronômico globalizado, com opções de matéria prima de todos os lados, talvez o efeito não seja o mesmo. Mas o sabor, garanto, é imbatível.

Como é indispensável passar a receita – e o faço com o maior prazer -, fico com a versão mais simplista, ou seja, a da utilização da maionese pronta. O que não impede de a maionese pronta ter sido feita em casa. Certo?

Então vamos lá.

Maionese de camarão

Ingredientes

400g de camarão

500g de batata

250g de maionese

3 ovos

Preparo

Ponha o camarão em panela com água fria salgada e deixe levantar fervura. Conte três minutos e desligue o fogo. Escorra (mas não jogue a água fora), passe para uma tigela com água fria e reserve (se os camarões forem grandes, corte-os em pedaços médios).

Na mesma água do camarão, cozinhe as batatas cortadas em cubos até estarem al dente. Resfrie e reserve.

Cozinhe os ovos por 10 minutos a partir da fervura. Resfrie na água fria, descasque e rale no ralo grosso.

Misture tudo, verifique os temperos, corrija se necessário, e sirva em seguida.

Rendimento: 6 porções.

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