Eles estão de volta. A Tropa dos Porcadeiros vai tomar conta da programação do próximo domingo, em Palmeira. O evento se chama Colônia Cecília e propõe ser uma viagem através das histórias da mais conhecida experiência anarquista do mundo, com pratos que remetem à gastronomia italiana. Serão vários chefs e cozinheiros reunidos para oferecer um cardápio fechado, completo, todo voltado para a carne suína e seus sabores inigualáveis.
Não qualquer carne suína, mas sim a do Porco Moura, que, graças ao trabalho de alguns abnegados, está sendo reabilitado, não mais ameaçado de extinção, como ocorria há bem pouco tempo. O porco moura, genuinamente brasileiro, era uma das raças suínas levadas pelos porcadeiros em suas tropeadas. Originária das missões jesuíticas do Rio Grande do Sul, e espalhada em Santa Catarina e Paraná pelos tropeiros, essa raça só não entrou em extinção graças a iniciativas pela sua preservação, como o Projeto Porco Moura – Projeto de Pesquisa da UFPR. O resgate da raça é importante para a conservação dos arranjos produtivos locais e para fixação e manutenção do pequeno criador no campo.
Os porcos são criados livremente, como na época dos porcadeiros, alimentando-se de pastagens, raízes e frutas nativas, além do pinhão. Os processos de cura, maturação e defumação são naturais, sem aditivos químicos e seus produtos já começam a entrar no mercado, assemelhando-se muito ao irresistível porco preto (ou pata negra), de Portugal e Espanha.
A líder da Tropa é a chef Rosane Radecki, do Restaurante Girassol, onde acontecerá o evento – e onde também foram realizados os dois anteriores, o do Carneiro no Buraco e do Churrasco de Porco Moura no Fogo de Chão, ambos devidamente registrados aqui no blog. Ela já começou a preparar a Porchetta, que será a principal atração domingueira, acompanhada de obrigatória polenta. Um porco inteiro, recheado, bem de acordo com a tradição italiana e que será, inclusive, o próximo Prato da Boa Lembrança do Girassol, a ser lançado nos próximos dias. (Para assar a porchetta nas dimensões exigidas de um porco inteiro, um forno especial foi construído na área externa do restaurante)
Com ela, compondo a escalação titular da Tropa dos Porcadeiros, Flávia Rogoski, Délio Canabrava, Eva dos Santos, Gabriela Villar de Carvalho e Rene Seifert Jr, que vai preparar os pães e as foccacias para serem assados na hora e servidos com a carne. Oscar Luzardo (com a esposa Claudine), da La Panoteca, também estará inventando seus pães.
Flávia (Bom Vivant), mestre queijeira, já está fazendo algumas experiências com queijos (curando purungos) e apresentará os resultados domingo. Délio Canabrava (Cantina do Délio), especialista na cozinha caseira italiana, anuncia uma Fortaia com queijo e salames coloniais de região – espécie de omelete dos camponeses de lá.
Eva dos Santos (Bistrô do Victor), que nessas horas põe as manguinhas de fora, pois, seu restaurante, especializado em frutos do mar, limita a expansão de sua criatividade, ficou encarregada de fazer um Ragu de porco e, ao mesmo tempo, já se encarregou de produzir uma caponata, depois de, na véspera, tostar todos os legumes na brasa (aliás, brasa é a especialidade dela) para poderem gelar até o momento de o prato ser servido.
E ainda tem uma experiência inédita da chef Gabriela Villar de Carvalho (Quintana). Ela vai cozinhar feijões num vidro, diretamente na brasa. Como não poderia deixar de ser, é outro prato italiano, do interior da Toscana, chamado por lá de Fagioli al fiasco. É utilizado feijão branco, água morna, um pouco de azeite, sálvia, louro e sal. E a garrafa vai para a brasa, para cozimento longo e lento. Por não haver feijão branco suficiente na produção local, Gabriela vai utilizar o feijão vermelho, também produzido em Palmeira – os demais tipos de feijão colhidos nas redondezas vão para uma salada também incluída no cardápio.
E assim está fechado o menu. Quer dizer, imagina-se que sim, pois com tanto chef reunido não seria de se surpreender se surgir algo de última hora. Como a sobremesa, por exemplo, que está por ser definida
Cervejas especiais e livro da Colônia Cecília
Para acompanhar e harmonizar com a porchetta e seus complementos, haverá dois tipos de cerveja sendo vendidas no local. São das cervejarias artesanais de Palmeira, com chope da Nat Bier e também da Usinamalte, que tem fábrica na Colônia Witmarsum. Aliás, a Usinamalte estará lançando oficialmente cerveja Anarquista, feita em colaboração com o Girassol para harmonizar com o Prato da Boa Lembrança que vai entrar em cartaz. Será servida em forma de chope, mas haverá também garrafas long neck para serem comercializadas a quem desejar levar para casa.
Também será uma boa oportunidade para conversar com o escritor Arnoldo Bachi, autor do livro Colônia Cecília, que estará presente para contar histórias dos anarquistas que por ali se estabeleceram no fim do Século XIX.
Serão, ao todo, 160 lugares, dispostos na área externa do Restaurante Girassol – fica a 80km de Curitiba e é um belo passeio. Aos interessados é conveniente fazer reserva antecipada, pois, só com o boca a boca, a procura tem sido grande e praticamente metade dos ingressos já foi vendida.
O domingo da Colônia Cecília vai das 12h às 16h.
Restaurante Girassol
Rodovia BR-277, Km 168,4 – Palmeira
Fone: (42) 3252-1778
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