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Um brunch irrepreensível criado por Lênin Palhano para o Nomade

Carré de leitão com palmito pupunha grelhado, uma das atrações do brunch do Nomade. (Foto/ Anacreon de Téos)

Fotos do Restaurante Nomade, pratos e do Chef Lênin para a Revista Bom Gourmet.

Lênin Palhano, chef maduro aos 29 anos. (Foto/ Fernando Zequinão – Gazeta do Povo)

Demorei um pouco para escrever, admito. Mas vinha uma coisa aqui, outro ali e quando via o assunto tinha ficado para trás. Nada que não se possa resolver, pois a qualidade da boa comida vale sempre. E assim, com um atraso confesso, faço questão de registrar aqui a excelência do brunch do Nomade, o restaurante do Nomaa Hotel, inaugurado na metade de julho.

Não bastassem a proposta e o conceito do hotel boutique – tido como o Fasano de Curitiba -, a cozinha foi entregue ao jovem talentoso Lênin Palhano, que hoje, aos 29 anos, é reconhecido como um dos principais chefs de cozinha daqui. O resultado só poderia ser o sucesso que se tornou. Tanto o cardápio normal do jantar à la carte quando o surpreendente brunch de sábados e domingos, que tem sido responsável por enormes filas na lista de reserva a cada fim de semana.

Sempre tive Lênin Palhano como londrinense (mas em sua página do Facebook faz uma referência a Jataizinho, também no Norte do Paraná. Jataizinhense, portanto). Garoto ainda, ele se mudou para Curitiba com o objetivo de estudar gastronomia. Começou a carreira como a grande maioria dos cozinheiros de sucesso, lavando pratos numa rede de massas fast-food. Depois passou pela Expand e então ingressou no Terra Madre. Lá, iniciou como auxiliar de cozinha, passou pela função de garde manger (responsável pelas comidas frias, das saladas às terrines e molhos) e por dois anos atuou como subchefe da cozinha, ao lado de Ivan Lopes. Em paralelo à atuação prática, também se formou em gastronomia nas faculdades Opet.

Brioche na chapa com cogumelos salteados e ovo pochê, bacon e espuma de queijo grana padano – irrepreensível. (Foto/ Anacreon de Téos)

Assumiu o comando da cozinha do C La Vie quando Eric Jacquin entregou seu cardápio montado e, aos poucos, foi dando pitadas de sua criatividade. Antes disso, em 2010, já havia conquistado o prêmio Novos Talentos na primeira edição do Prêmio Bom Gourmet. Dali em diante, mais reconhecimento. Entrou para o seleto rol dos Chefs 5 Estrelas do Bom Gourmet em 2013 e repetiu a dose nesse ano, de maneira surpreendente, pois inaugurou o restaurante na segunda metade de julho, justamente nos dias de encerramento das votações – mais ainda a tempo de ser escolhido, tamanho o impacto de sua comida perante os jurados.

Isso depois de passar pouco mais de um ano trabalhando no conceito do novo restaurante, desde o projeto até sua execução prática e na montagem técnica da cozinha e demais dependências de trabalho. Sem contar inúmeros laboratórios para afinar a equipe, que estrearia tinindo com a casa em funcionamento.

O brunch

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O rosbife faz parte do couvert. (Foto/ Anacreon de Téos)

A primeira imagem que vem à cabeça quando o assunto é brunch é daquele bufê enorme, cheio de pães, ovos, omeletes, conservas, terrines, patês, presuntos, empadas e o que mais se pode conceber para esse misto de café de manhã e almoço que os norte-americanos criaram (breakfast+lunch).

Foi pensando nisso que cheguei ao Nomade num domingo desses. Não vi o bufê e sim a casa lotada. Como havia feito reserva para dois, fomos acomodados e em seguida a garçonete veio explicar como funcionava o processo. Havia um cardápio fixo, do qual poderíamos pedir todos os itens quantas vezes quiséssemos. Começava tudo com um couvert contendo cesta de pães artesanais, torradas em azeite de ervas, rosbife marinado, confit de porco, caldinho Nomade (variando conforme o dia), culatello e queijos (Grana Padano e Camembert).

Salada Nomade. (Foto/ Anacreon de Téos)

Daí as escolhas do cardápio. Dispensamos apenas as Fritas artesanais com ervas e aromas de cogumelos e o Mini-sanduíche de caprese. As demais, fizemos todas, uma a uma, para podermos sentir a inspiração do cozinheiro e sua turma. E bota inspiração nisso.

Mini-hamburguer angus em brioche com maionese de leite, alface orgânica, tomate fresco, queijo aziago e ketchup artesanal. (Foto/ Anacreon de Téos)

Veio primeiro uma Salada Nomade (salada de folhas com vegetais ao vinagrete de mel e limão rosa), seguida se um Steak tartare com fritas e de um Mini-hamburguer angus em brioche com maionese de leite, alface orgânica, tomate fresco, queijo aziago e ketchup artesanal. Paladar em alta, tempo para a chegada do Brioche na chapa com cogumelos salteados e ovo pochê, bacon e espuma de queijo grana padano. Delirante, uma das melhores coisas que comi nos últimos tempos. Ovo no ponto, escorrendo a gema ao toque do garfo, bacon crocante, cogumelos de bom sabor e textura e o toque delicado do queijo completando tudo. Era de pedir outro pedacinho de pão para limpar o fundo do prato.

Steak tartare com fritas. (Foto/ Anacreon de Téos)

Mas tinha mais. Vieram ainda um Risoto de cogumelos frescos, um Gnocchi de batatas com molho de tomate e manjericão (como todo nhoque deve ser, com o mínimo de farinha de trigo, se desmanchando à boca, misturado com sabor do molho fresco) e um Carré de leitão com palmito pupunha (com o courinho crocante) que foi realmente o fechamento em alta daquela preguiçosa refeição de domingo.

Ainda havia doces, como Verrine de abóbora com leite de coco, gengibre e queijo grelhado, Rabanada com calda de doce de leite e sorvete de leite e Waffles com chocolate, geleia e mel. Um tanto doces para meu gosto, mas sei que a quase totalidade dos brasileiros prefere assim. Portanto, de acordo com a demanda.

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Gnocchi de batatas com molho de tomate e manjericão. (Foto/ Anacreon de Téos)

O que impressionou bem, além da já esperada qualidade da comida, foi o preço. O brunch custa (R$ 89 + 10%), plenamente dentro das medidas do mercado, abaixo do que esperava quando fiz a reserva. Para se comer à vontade, diga-se. O menu continua exatamente o mesmo, sem tirar nem pôr. Para novembro, Palhano anuncia algumas mudanças, mas até lá é isso que está descrito nesse post.

É uma experiência que recomendo. Agora a meta é checar as refeições normais, que ainda não tive a oportunidade de saborear. Mas vi o cardápio. Tem alguma coisa do brunch, como a salada e o tartare, mas também peito de marreco, cordeiro, mignon, entrecôte, frango caipira, leitão, peixe e massas. Um mundo de expectativa para não se perder.

Restaurante Nomade (Hotel Nomaa)

Rua Gutemberg, 168 – Batel

Fone: (41) 3087-9595

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