Lucas Cheschin, um dos quatro sócios do James Delivery. Foto: Divulgação James Delivery
Como vocês resistiram à entrada de novos players internacionais, como Rappi, Glovo, Uber Eats, no mercado de Curitiba?
A gente já esperava a chegada de outros players. Na verdade, entraram vários players e alguns que já existiam ficaram cada vez mais capitalizados. Mas a nossa estratégia sempre foi a de entregar o melhor produto para o cliente. Por mais que eles operem com mais dinheiro, a gente tinha certeza que tinha o melhor produto final. Fomos fiéis ao nosso propósito e conseguimos crescer muito. Apesar de a gente ser uma empresa de tecnologia, nós somos absolutamente focados no cliente, tudo o que for importante para o cliente nós vamos fazer. E nem sempre gastar mais dinheiro em marketing vai trazer o melhor produto para o cliente. Outra coisa que ajudou muito foi que o próprio mercado expandiu muito. Nosso mercado de delivery cresceu muito nos últimos anos e vai crescer ainda mais.
Quando você fala de foco no cliente, está falando exatamente do que?
O primeiro foco nosso é qualidade, então é realmente entregar o produto que cliente quer no menor tempo possível. Então, apesar de a gente ser uma empresa de tecnologia, acreditamos que o contato humano faz toda a diferença para o cliente, e a nossa interface são os entregadores. A gente não queria que fosse uma empresa entregando algo o cliente, mas uma pessoa levando algo.
Qual é ponto forte do James que fez com que vocês resistissem a concorrência e crescessem?
É exatamente isso: focar no cliente e não na concorrência. A gente olha para o que o cliente tá querendo e a gente não se importa muito com o que a concorrência está fazendo. Qualquer mercado que tenha oportunidade o suficiente sempre vai atrair muita concorrência, com gente muito boa. Então, se você julgar o tamanho da oportunidade pelo tamanho da concorrência vai acabar perdendo o foco. Se a gente conquista o cliente, nosso trabalho fica muito mais direto. A nossa estratégia vai continuar sendo olhar para o cliente e não para a concorrência.
Vocês também firmaram boas parceiras? O Grupo Pão de Açúcar já era um parceiro do James?
A gente não tinha parcerias com o Pão de Açúcar antes. Mas sem dúvidas as parcerias que fizemos foram muito importantes para que a gente conseguisse crescer e virar líder do nosso mercado aqui. A gente tinha parceria com Esalflores, Barolo, Whatafuck, Livrarias Curitiba, Shopping Mueller, e todas elas serão mantidas.
Quando vocês passaram a vislumbrar a venda do James como uma possibilidade de crescer no mercado?
Foi quando a gente começou a entender que o caminho natural desses ‘superaplicativos’ é nascer de um grande player. Há alguns meses, passamos a entender que o líder do varejo tradicional tem as melhores condições para ser o líder do varejo do futuro. Ou, como a gente diz, o líder do varejo offline tem tudo para ser o líder do varejo online. Quando a gente entendeu isso, e entendeu as vantagens que existem em fazer parte de um grande grupo, ficou muito claro para nós que juntar forças fazia todo o sentido. O GPA é o maior varejista da América Latina. Ainda não existe um aplicativo perfeito para o varejo em nenhum lugar do mundo. Essa oportunidade está sendo desenhada agora, nestes últimos anos e nos próximos a gente vai conseguir aperfeiçoar isso.
Quando a gente entendeu que a visão do grupo era realmente ter um futuro cada vez mais próximo do cliente, a gente viu que essa era a empresa perfeita para fazermos parte. O mérito, na verdade, é do GPA, que tem uma visão muito clara para o futuro e nos chamaram para ser parte do time deles.
Algumas startups já nascem com o propósito da venda para empresas maiores. Essa nunca foi a ideia de vocês então?
A escala de poder que esses grandes grupos têm é muito maior que qualquer empresa de tecnologia pode acessar hoje. É um setor, hoje, que realmente busca essa inovação e a gente tem certeza que vai ser muito fértil para o crescimento do James. É uma união muito positiva que faz todo sentido com a nossa estratégia, de estar cada vez mais perto do cliente. Quando a gente entendeu que essa também era a visão deles [GPA], tivemos certeza que era ali que a gente tinha que estar.
O que muda agora no James com a aquisição do GPA?
Teremos um James Delivery turbinado em 2019. Os quatro sócios continuam à frente do James, a sede do James continuará em Curitiba, mas a gente tem uma meta muito grande. Vamos crescer exponencialmente nos próximos anos com uma expansão geográfica agressiva, nas principais cidades onde o GPA atua. É crescimento muito mais acelerado do que tivemos até hoje. Quero destacar é a liderança que essa parceria está nos trazendo. A aquisição do James foi feita em tempo recorde de dois meses e um dia porque esse tipo de negócio estava na mira e no planejamento do presidente do grupo, Peter Estermann. A gente está entrando para realizar a visão deles.
O valor do investimento para essa expansão do James Delivery nos próximos anos já está fechado?
Na verdade esse valor eu não posso revelar, mas o grupo [GPA] vai investir forte para dar suporte às metas de crescimento do James Delivery. Nós vamos continuar operando como uma startup, crescendo como uma startup, sendo agressivos uma startup, mas fazendo parte de um grande grupo. Vai ter muito investimento no James nos próximos anos.