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Porque empreender também é gerar resultados sociais

Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo (Foto: )

Quando se fala em negócios, imediatamente se pensa em lucros e na sua distribuição. Em um negócio social o pensamento de business é o mesmo, a diferença está na forma como o lucro gerado é distribuído. A Badu Design está nessa categoria e tem recebido atenções especiais de diversos projetos de grandes empresas que buscam promover e ampliar o alcance de boas ideias de negócios sociais. Oficialmente aberta em 2013, a empresa de Ariane Santos que até o final de 2018 era, em termos legais, uma microempresa individual, vai ganhar fôlego em 2019, com a inauguração de espaço próprio e a participação no projeto Acolher, da Natura.

Para Ariane foi um fechamento de ano muito especial, “encerramos a capacitação no programa Red Bull Amaphiko, que propiciou conhecimento, desenvolvimento e muitas conexões. Fomos selecionados no prêmio Acolher da Natura, que será desenvolvido ao longo de 2019. Fizemos a primeira exportação dos produtos da Badu para a Áustria e, principalmente, capacitamos muitas mulheres na metodologia que criamos. Treinei facilitadores nessa metodologia que olha para a pessoa e a partir dela e dos materiais disponíveis, propõe uma cocriação de produtos com design em papelaria, decoração e moda.”

Foto: Divulgação

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Em ritmo acelerado

Foi Muhammad Yunus, economista e ganhador do Nobel da Paz em 2006, quem imprimiu o conceito de negócio social. Sim, há lucro, mas ele não retorna aos investidores, mas a própria empresa porque esta tem por objetivo ampliar seu alcance social. Ou seja, impactar mais e mais pessoas. É o que Ariane Santos vem fazendo com a Badu Design e a metodologia que foi desenhada no primeiro ciclo de alavancagem promovido pelo Instituto Legado, em 2016. “Naquele ano passamos de dez mulheres impactadas para 51 e foi só o começo”, conta. Naquela época ela já recebia atenção do Sebrae/PR e deu continuidade ao processo de desenvolvimento da Badu no Instituto Legado. “Começamos a receber muitos tipos de resíduos e entender, a partir do trabalho feito com as mães de autistas, junto com a AAMPARA e do Instituto Legados, o caminho da Badu”, esclarece.

A Badu nasceu do renascimento de Ariane em um momento difícil da vida, além de R$ 30. Na época da faculdade ela fazia os presentes para dar aos amigos e resolveu usar essa experiência, os tecidos que tinha em casa e o recurso financeiro para produzir cadernos artesanais. Da consignação dessa produção, a Badu chega em 2019 não com milhões em faturamento, mas fazendo crescer a essência do negócio social: reconectar pessoas à sociedade e a elas mesmas.  “Trabalhamos com design humano para reconectar pessoas. Pessoas que estavam desconectadas da sociedade e delas mesmas. Trabalhamos o pessoal por meio do design, que também gera renda”, explica Ariane. Com design, cocriação, resíduos de materiais descartados por empresas e facilitadores formados na metodologia, o saldo em três anos de Badu Design são mais de 500 pessoas já assistidas e que passam a ter condições de empreender e movimentar o mercado com novos negócios.

“Trabalhamos com design humano para reconectar pessoas. Pessoas que estavam desconectadas da sociedade e delas mesmas. Trabalhamos o pessoal por meio do design, que também gera renda.”

Do Instituto Legado, a Badu recebeu mentoria da Aliança Empreendedora, utilizando a metodologia de desenvolver produtos a partir de pessoas. No projeto Costurando o Futuro – uma parceria da Aliança, com o Governo do Estado, Volkswagen e Academia Burda – 80 mulheres participaram das capacitações ao longo do ano. Foi em 2017, também, que a Badu foi aprovada para um ciclo de 18 meses de imersão no programa Red Bull Amaphiko. “O olhar é sobre o negócio, mas principalmente para quem conduz o negócio. Então, foi um período de capacitações, conexões e de viver uma realidade diferente de Curitiba, em São Paulo. Fiz a primeira exportação de produtos da empresa para a Áustria e aprendi a respeitar o tempo. Desenvolvi muito o potencial da empresa, que é a capacitação por meio do design, vinculando as mulheres ao mercado, possibilitando que elas pudessem escolher ser empreendedoras de seu próprio negócio.”

Negócio social

A Badu Design é negócio. Pensa como negócio. Abrir mercado, inserir produtos, manter o equilíbrio e avançar para atingir mais pessoas. É com esse pensamento que produz e vende brindes corporativos e, principalmente, as capacitações. “Em 2018 vivemos alguns desafios, para ampliar a produção de nossos produtos e atender a uma segunda rodada do Costurando o Futuro com 200 mulheres em Francisco Beltrão. Foi um ano intenso. Quando estávamos quase no final, abraçamos a capacitação de outras 200 mulheres do entorno de Curitiba”, enfatiza Ariane.

O saldo em três anos de Badu Design são mais de 500 pessoas já assistidas e que passam a ter condições de empreender e movimentar o mercado com novos negócios.

Foi ao longo de 2018 que a missão e o propósito da empresa ficou ainda mais consolidado. “Vi mulheres que iniciaram o Costurando o Futuro, em Francisco Beltrão, sem ânimo ou energia. Chegaram ao final produzindo, inserindo novos membros da família no processo, palestrando sobre suas experiências e evolução. Esse é propósito”, confirma. Para começar 2019 em plena atividade um sonho da empresária era consolidar um espaço próprio para a empresa. “Sai da produção no meu quarto para um espaço construído de forma colaborativa e na mesma perspectiva de cocriação no centro de Curitiba. E para nos motivar ainda mais, conquistamos a vaga no programa Acolher, da Natura. A Badu deixa de ser MEI – Microempreendedor Individual e tem planos de contratação e ampliação da equipe. Temos muito por fazer.”

 

Foto: Divulgação

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