Há 46 anos no mercado hoteleiro, a rede Mabu Hotéis e Resorts está, aos poucos, reinventando a sua vocação. O novo mix mantém o DNA da rede em eventos, mas amplia o foco em entretenimento e lazer.
O primeiro Mabu Hotel (hoje Mabu Curitiba Business), foi inaugurado em 1973 na capital, na Rua XV de Novembro, entre o Teatro Guaíra e a Universidade Federal do Paraná. Hoje são quatro unidades e marcas distintas: Mabu Express, Mabu Business, Mabu Convention e Mabu Resort. Após a morte do fundador Alberto Abujamra, em 2006, os cinco herdeiros decidiram profissionalizar a gestão. A rede passou por um processo de governança corporativa que culminou na criação de um conselho de administração e na vinda de Wellington Estruquel para o cargo de CEO da empresa, em 2011.
Desde então, a estratégia de crescimento passa pelo entretenimento. O plano, já em ação, é criar um megacomplexo em Foz do Iguaçu, cidade que assumiu um protagonismo importante para a rede Mabu. Em 2014, o grupo lançou o My Mabu, empreendimento de propriedade fracionada, e o Blue Park, maior parque aquático do sul do país, somando investimentos de mais de R$ 300 milhões. A inauguração da primeira fase do parque aconteceu em dezembro de 2018 e a conclusão está prevista para este ano, quando o Blue Park, terá capacidade para até 10 mil pessoas. O CEO Wellington Estruquel conversou com a Gazeta do Povo sobre os planos da rede:
Qual o tamanho da operação do Mabu hoje?
Hoje nós temos quatro hotéis em operação, entre próprios e administrados. Temos a previsão de abrir em abril mais um hotel em Guarapuava e em janeiro do próximo ano mais um em Cascavel, ambos na categoria Express.
Até o final do ano serão seis unidades, entre próprias e administradas?
Exato. O grande negócio hoje do grupo está no aumento do portfólio na área do entretenimento, particularmente, em Foz do Iguaçu. Em dezembro de 2018 inauguramos a primeira etapa do nosso parque aquático, o Blue Park. Antecipamos em um ano a entrega desse empreendimento que será concluído em três fases. Até dezembro deste ano, entregamos todo o parque, com capacidade para 10 mil pessoas.
A segunda e terceira fases incluem a ampliação do projeto?
Sim, ampliação. Hoje nós inauguramos no Blue Park. Só para contextualizar, o Blue Park é aberto ao público, não é uma atração do Mabu Thermas, é um empreendimento a parte construído em terreno anexo. Na primeira fase, entregamos as praias de ondas; na segunda, em julho, entregaremos tobogãs radicais e, no final do ano, a área infantil, que tem o tamanho hoje da área do parque já aberta. Hoje, eu consigo receber 2.500 pessoas. Até dezembro, conseguirei receber até 10 mil pessoas.
Quanto investiram no Blue Park?
Investimos R$ 60 milhões nas três fases. Esse é um dos projetos. Um segundo projeto que tem uma envergadura maior é o nosso hotel fracionado, chamado de My Mabu, com investimento de R$ 250 milhões. Nós lançamos em 2016 e vamos entregar a primeira torre no início de 2020. Fica em frente ao Blue Park. São 420 apartamentos no total, mas vamos entregar a primeira torre com 210 apartamentos.
Tudo dentro do mesmo complexo?
Sim, no mesmo terreno. Nosso foco está em direcionar nossos esforços aqui para Foz do Iguaçu para este complexo de entretenimento que junta o Mabu Thermas como resort, o parque aquático Bkue Park e o hotel fracionado, tudo nesse mesmo local, porém, negócios totalmente distintos. Então, hoje, o grande diferencial de quem hoje se hospeda no Mabu Thermas é poder usufruir de benefícios similares de quem vai para a Disney, por exemplo. Tem acesso ao parque aquático pelo hotel, não pega bilheteria no parque, entra 1 hora antes e tudo o que consumir no parque pode lançar na conta do apartamento com total comodidade, no mesmo conceito da Disney.
Entretenimento é nova especialidade da rede?
Não diria que é a especialidade porque o grupo tem um DNA muito forte em eventos. Tudo o que a gente faz, mesmo sendo um equipamento de lazer, sempre vai ter um viés de evento. Então, por exemplo, o Blue Park mesmo sendo um parque aquático, tem uma área destinada a shows e eventos. Nós já fechamos esse ano quatro eventos de grandes empresas, convenções, justamente por conta destes espaços.
“Uma sala nova de eventos todo mundo tem. Mas o grande diferencial que as empresas buscam hoje é isso, uma experiência diferente para oferecer. O Blue Park caiu como uma luva no mercado, porque as empresas podem aliar eventos e diversão”.
Como você define a vocação da rede hoje?
Nós estamos migrando para o entretenimento. A especialidade do grupo é migrar para o segmento de lazer e entretenimento, visto que nós temos o projeto do parque aquático, do hotel fracionado. No entanto, sempre com o viés de eventos, que faz parte do DNA do grupo há mais de 46 anos. Então estamos caminhando para o entretenimento, mas com viés sempre de eventos.
Vocês pretendem aumentar o portfólio de contratos de administração hoteleira?
Hoje são três próprios e um administrado. A unidade administrada também fica em Foz do Iguaçu, é o Mabu Interludium. Esses dois Express que vamos abrir em Cascavel e Guarapuava também serão administrados. Mas, neste momento, não estamos de olho em novas parcerias. Muito cirurgicamente, se aparecer alguma oportunidade,que a gente entenda que tenha sinergia com nosso negócio, aí sim, mas não estamos buscando.
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Como a rede se adaptou a nova realidade do mercado hoteleiro?
Após o falecimento do patriarca, os cinco filhos resolveram profissionalizar a empresa e então formaram um conselho de administração elegendo um executivo para tomar conta da empresa, o primeiro executivo fui eu, desde o início. O patriarca sempre foi um visionário, sempre foi uma pessoa muito ligada às melhores práticas de mercado, às inovações, e os filhos também herdaram isso, são muito empreendedores. Então, constantemente os hotéis passam por adequações, revitalizações, preparando justamente para isso, para as novas gerações de consumidores. Mesmo agora estando no conselho de administração, eles sempre olham para a tecnologia, por exemplo, se preparando para o futuro, que é inevitável.
Qual tem sido o desempenho da rede neste novo cenário?
Eu acredito assim que temos tido um desempenho muito bom. Falando da parte financeira, nós triplicamos o faturamento nos últimos sete anos. Em termos de marca, o Mabu é muito reconhecido pelo serviço e pela qualidade, especialmente em alimentos e bebidas. A área hoje corresponde a quase metade do nosso faturamento. É uma área, um setor o qual nós damos uma importância muito grande, justamente pela relevância que ela tem no nosso faturamento.
O que mudou depois da profissionalização da gestão do Mabu?
O ponto de virada foi eles [herdeiros] estarem sempre abertos às mudanças, principalmente porque a rede tinha puramente o viés de eventos. Então essa virada para o entretenimento, com o parque aquático, o hotel fracionado realmente veio com a minha chegada, demonstrando para eles o potencial e a sinergia que existe entre esses projetos. Eu os levei para conhecer outros projetos dentro do Brasil, projetos que existem fora do Brasil para eles verem como isso se dá na prática, como que isso pode alavancar financeiramente. O processo de governança, essa mudança de foco, isso só se deu porque eles estiverem predispostos a ouvir, a aprender, a inovar. Isso foi crucial.
E os planos para o futuro da rede?
A princípio, continuar crescendo em Foz, consolidando nossa liderança na área de entretenimento e eventos com esses novos projetos. Nós já temos em nosso plano diretor uma ampliação do Blue Park, elevando a capacidade para até 20 mil pessoas. Temos mais dois projetos fracionados, sempre nesse complexo de Foz do Iguaçu, que concentra nossos principais investimentos e responde por 90% do nosso rendimento.