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Apostando no design autoral, marcas curitibanas conquistam consumidores por todo o país

NovoLouvre. Foto: Divulgação (Foto: )

O charme discreto curitibano está ganhando o país. Grifes da capital mais fria do país romperam a barreira local e conquistaram clientes e admiradores Brasil afora. É o caso da Lafort, com mais de 50 anos de história, que une duas características que garantem um diferencial no mercado: é, ao mesmo tempo, grife e indústria. A história começou como uma pequena malharia com sede na Avenida Batel. Até 2013, a empresa usava sua expertise em tricôs para produzir peças para outras marcas no formato private label – criava e produzia coleções especiais de marcas como Animale, Mixed, Daslu e Le Lis Blanc.

Há cerca de cinco anos, a diretora criativa da marca, Irit Czerny resolveu virar a chave, para criar e produzir apenas para a Lafort. “Normalmente as marcas incluem o tricô como uma cápsula dentro de uma coleção. Temos a expertise do tricô como poucas empresas. Nós fazemos moda em tricô”, conta. Assim, a Lafort lança duas coleções por ano, verão e inverno, distribuídas para as duas lojas próprias, em Curitiba, e para 160 multimarcas espalhadas pelo país.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Uma das principais estratégias da marca é apostar forte no mercado nacional. “Desenvolvemos a marca e conseguimos conquistar o nosso espaço”, diz Irit. A diretora criativa acredita que ainda há bastante potencial para ser explorado no Brasil antes de começar o processo de internacionalização. “Nossa produção tem que ser mais bem pensada para atender o mercado nacional. Eu acredito que daqui um ano poderemos iniciar o processo com multimarcas fora do país. Minha prioridade, hoje, é realmente cuidar do mercado nacional. Fazer o possível para agradar minha cliente”, revela.

Autoral

O cenário internacional já é um dos focos da NovoLouvre. Conhecida e adorada pelos descolados da cidade, a marca aposta forte nos trunk shows, eventos onde apresenta as criações sem intermediários, direto para os compradores internacionais, além de estar presente em lojas das principais cidades do país.

Com tecidos diferenciados, de alta qualidade e investindo na modelagem e no acabamento, a NovoLouvre ainda possui produção considerada pequena. “Toda marca nasce slow por falta de opção”, brinca Mariah Salomão Viana, diretora criativa da NovoLouvre.

Foto: F22 Studio

Foto: F22 Studio

O negócio foi iniciado como uma livraria, com foco em moda e design. Aos poucos foi ampliando o leque e, a pedido dos clientes, começou a incluir peças de roupas autorais entre o mix de produtos. A marca, nascida quase por acaso, contava com uma estrutura tradicional, com equipe criativa e de produção in house. Aos poucos, novos formatos foram testados. “Sempre fui autodidata, todo o processo foi baseado na tentativa, com erros e acertos”, conta Mariah.

Arquiteta por formação, ela acredita que um dos pontos fortes da marca é a identidade curitibana, parte do DNA da empresa. “A gente sempre trata de temas curitibanos em nossas peças, sem esquecer o toque de tendência”. A cidade, para ela, é também um estilo de vida. “Aqui nós podemos ser slow, que é o modo como a gente quer viver. Nosso endereço é importante, estar na rua (em pleno Largo da Ordem) é importante e muda o olhar e interfere no jeito de pensar a roupa”.

A marca ainda aposta em uma forma diferente de criar, aproveita todo o processo já realizado para dar sequência nas coleções, evitando “descartar” tudo de uma temporada para a outra. “É um caminho mais difícil, mas que me dá mais prazer”, assume a criadora.

De olho na escala

Se para algumas marcas encontrar o produto “carro-chefe” demora alguns anos, para Silvia Doring foram cerca de cinco meses. Depois de oito anos acumulando experiência na área criativa e de compras da joalheria Bergerson, a designer abriu sua loja própria nos arredores da Praça da Espanha em 2007 e acertou em cheio ao lançar a linha Bubbles.

Os anéis, brincos e colares com bolas de diferentes tamanhos, cores e acabamentos caíram no gosto das consumidoras, respondendo por cerca de 30% do faturamento. O sucesso ganhou escala nacional de maneira orgânica, começando pelos contatos próximos como amigas e conhecidas de outras cidades. “As pessoas foram falando ‘que lindo, queria que tivesse na minha loja’, unindo minha necessidade de distribuição com o desejo das pessoas de levarem as peças para outros lugares”, conta Silvia.

A expansão da marca começou pelo interior, em cidades como Londrina, Maringá e Joinville. “Elas foram as primeiras escolhas por conta da minha experiência com a Bergerson. Meu nome já ser conhecido nessas cidades”, explica a designer. Foi com a chegada de um sócio que a linha virou uma marca dentro da marca. “No final de 2018 a gente veio com a ideia de fazer um corner só do Bubbles e torná-lo uma marca própria. Foram oito ou nove meses entre a ideia e a execução”, relembra Silvia. Hoje, já são duas lojas em Curitiba, uma franquia em Vitória e uma loja no formato pop-up em Balneário Camboriú. Para 2019, a ideia é expandir os pontos de venda da Bubbles. “Estamos definindo os próximos pontos”, afirma.

Crise e novos caminhos

Em 2015, a crise cancelou feiras e eventos importantes do setor têxtil pelo estado, deixando o planejamento a curto prazo mais minimalista e os projetos mais audaciosos para o futuro. “Durante a crise, não dá para pensar muito a médio ou longo prazo, o foco é sobreviver”, relembra Mariah, que precisou ajustar seu modelo de gestão, diminuindo os custos fixos e criando uma equipe quase toda terceirizada que funciona nesse formato até hoje.

Já para a Lafort, o caminho foi focar na sua parcela indústria e trabalhar toda a criatividade em benefício da própria marca. “Quando nós mudamos nossa estratégia de parar de usar nossa expertise e criação para outras marcas, diminuímos nosso quadro produtivo e tivemos que dispensar na época quase 40% da nossa equipe produtiva”, relembra Irit. No entanto, as mudanças no mercado e a recepção se mostraram positivas, criando novas possibilidades. “Hoje, não só recontratamos as pessoas como aumentamos nosso quadro em 30%”, afirma ela.

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