Atualmente, é possível cruzar o Paraná de ponta a ponta sem gastar nada com combustível, desde que, é claro, o motorista possua um carro elétrico. Esse é um dos exemplos que mostra como o Paraná tem buscado se aproximar da realidade dos carros elétricos – intenção que fica ainda mais real com a proposta do governador Ratinho Junior de zerar o ICMS e IPVA para este tipo de automóvel.
Entre Paranaguá e Foz do Iguaçu, através da BR 277, estão em funcionamento 11 eletropostos gratuitos em que é possível dar uma carga na bateria do carro e continuar a viagem. Segundo André Luis Zeni, eletricista da Copel, essa é a maior eletrovia do Brasil, e a empresa está em negociação com outras concessionárias de energia do país para implementar o mesmo recurso pela costa brasileira através da BR 101.
Alternativas sustentáveis
Os carros elétricos Twizy e Zoe, da Renault, foram uma das atrações que mais agradaram o público da Smart City Expo Curitiba 2019. A montadora disponibilizou diversos veículos para test drive dos visitantes da feira tecnológica e mostrou que o futuro da mobilidade urbana veicular será através de iniciativas com zero emissão de poluentes.
Ao consumidor doméstico, a Renault já oferece o Zoe, que tem uma autonomia de até 300 km rodados sem a necessidade de uma nova carga. Mas não adianta nada os carros elétricos serem lançados sem que haja uma política pública voltada à popularização dos eletropostos – e é exatamente nisso que a Copel está trabalhando.
Um futuro sem poluição
Adriano Castro, da Renault, ressaltou na Smart City Expo que o futuro pertence aos carros elétricos. Em 2018, eles representaram apenas 1% de todos os carros vendidos na França. Na China, esse market share foi de 6%, enquanto a Noruega já alcançou 22%. Com a popularização desses veículos e dos eletropostos, a tendência é que cada vez mais as pessoas optem por esse tipo de carro na hora de fazer uma compra.
Outro fator que tem agido no aumento do interesse da população por esses veículos está nas políticas públicas que incentivam o uso da energia renovável. Em lugares como a Colômbia, segundo Castro, algumas cidades têm aplicado rodízios de carros justamente para tentar evitar a poluição do meio ambiente. Com veículos elétricos, isso não é um problema.
Assim, cada vez mais pessoas pensam duas vezes antes de comprar um carro que utiliza combustíveis fósseis. Isso porque o seu valor de revenda deverá cair drasticamente daqui a alguns anos, quando as ruas estiverem tomadas por carros elétricos. Vale a pena, então, pensar desde já em fazer parte desse futuro.
Carros compartilhados: uma tendência para os próximos anos
Atualmente, algumas poucas empresas e iniciativas privadas estão adotando os carros elétricos como meio de locomoção interna. Em debate sobre os desafios da implementação de cidades inteligentes no plano diretor, Felicio Ramuth (PSDB), prefeito de São José dos Campos (SP), ressaltou que o município é o único do Ocidente a possuir uma frota da Guarda Municipal totalmente funcionando com veículos elétricos. Atualmente, são cerca de 30 carros fazendo o patrulhamento da cidade.
Na usina hidrelétrica de Itaipu, existem 34 carros elétricos em circulação, sendo que 17 deles são compartilhados – isto é: o funcionário pode pegá-lo em um ponto da hidrelétrica e deixá-lo em outro sem nenhum problema. Esse tipo de recurso já é comum em algumas fábricas e indústrias brasileiras, mas algumas cidades europeias têm aplicado a ideia de carros compartilhados para a própria população – e são os modelos elétricos que estão dominando esse mercado.
No Brasil, a mobilidade urbana compartilhada já é uma realidade através de aplicativos que permitem o uso de bicicletas e patinetes por determinado tempo. No futuro, é possível que façamos o mesmo procedimento, mas alugando temporariamente veículos automotores.
Vale a pena ter um carro elétrico?
Apesar de ser uma novidade, os carros elétricos se mostram extremamente promissores no futuro das cidades inteligentes. Além do já citado benefício de eles não emitirem poluentes na atmosfera, existe o fato de que eles raramente necessitam de manutenção. Na Renault, a garantia da bateria é de 5 anos, com a necessidade de troca apenas após 1 década.
Os carros elétricos são extremamente silenciosos, por isso alguns modelos, como o Zoe, possuem sensores sonoros para avisar os pedestres quando o veículo estiver entrando em funcionamento. O computador de bordo também monitora a quantidade de bateria disponível e para quais áreas do carro ela está mandando energia. Se você liga o ar-condicionado, por exemplo, o painel mostra que o dispositivo está usando a energia da bateria recarregável.
Além dos eletropostos públicos com carga rápida, também é possível adquirir estações próprias de abastecimentos em casa. Chamadas de recargas lentas, elas podem levam de 7 a 8 horas para preencher a bateria – algo que poderia ser feito durante a noite.
E sabe quanto custa para “encher o tanque”? Menos de R$ 30. Os modelos atuais da Renault chegam a gastar apenas 10 centavos por quilômetro rodado, um valor muito menor do que os aproximadamente 40 centavos por quilômetro, no caso dos combustíveis fósseis.