Qual é a rusga mais cabulosa: aquela entre entre torcedores de Coritiba e Atlético; aquela entre quem come pizza com catchup e quem come sem; ou entre astrônomos e astrólogos? Essa última ganha disparado. E ganhou um novo round nas últimas semanas, quando a Nasa precisou publicar no seu tumblr oficial um artigo desmentindo um curioso boato que voltou à tona nos últimos meses — embora já tenha circulado no passado.
Uma reportagem da revista Cosmopolitan disse que a agência havia “mudado os signos do zodíaco”, para desespero daqueles que olharam as previsões supostamente erradas ao longo de toda a sua vida. Antes das explicações, veja qual seria seu novo signo, na concepção da revista e de outras publicações que embarcaram na história:
Capricórnio: de 20 de janeiro a 15 de fevereiro
Aquário: de 16 de fevereiro a 10 de março
Peixes: de 11 de março a 17 de abril
Áries: de 18 de abril a 12 de maio
Touro: de 13 de maio a 20 de junho
Gêmeos: de 21 de junho a 19 de julho
Câncer: de 20 de julho a 9 de agosto
Leão: de 10 de agosto a 15 de setembro
Virgem: de 16 de setembro a 29 de outubro
Libra: de 30 de outubro a 22 de novembro
Escorpião: de 23 de novembro a 28 de novembro
Ofiúro: de 29 de novembro a 16 de dezembro
Sagitário: de 17 de dezembro a 19 de janeiro
Gostou? Se você faz aniversário hoje (25/10), por exemplo, não seria de Escorpião (o que poderia ser até bom — dada à reputação dessa casa zodiacal). Seu signo, na verdade, seria Virgem. Aqueles que nasceram no comecinho de dezembro seriam do signo bizarro de Serpentário (que não sabemos com o que combina, infelizmente).
Mas não, não mudou…
Apesar da frenesi, a agência norte-americana crava. “Não, a Nasa definitivamente não mudou os signos”. E não mudou por um motivo simples: os cientistas de lá não são muito chegados em horóscopo. “Astronomia é um estudo científico de tudo no espaço sideral. Astrônomos e outros cientistas sabem que estrelas a muito anos-luz não têm qualquer efeito em atividades cotidianas das pessoas na Terra”, diz, de forma dura, a agência.
“Astrologia é outra coisa. Ciência não é. Ninguém provou que a astrologia pode ser usada para predizer o futuro e descrever como as pessoas são baseado em sua data de nascimento”, completa a patada espacial.
Mas de onde surgiu o boato?
É que a Nasa vem publicando há algum tempo, e replicou no tumblr, a origem das casas zodiacais. A agência descreve que, há 3 mil anos, os babilônios observaram os conjuntos de estrelas aparentemente próximas e que estavam no caminho “percorrido” pelo Sol (obviamente, quem se movimenta é a Terra). Eles então perceberam que ele se alinhava com cada um destes conjuntos de estrelas, as constelações, ao longo do ano.
Com um pouco de imaginação, estas constelações pareciam desenhos de um leão, um peixe e assim por diante. Logo, quando o Sol passava pelas estrelas que pareciam formar um escorpião, era sinal do período de escorpião se iniciando. E assim com todas as 12 casas zodiacais.
Só tem um problema, explica a Nasa: nunca foram 12 casas no caminho do Sol, mas 13.
Os babilônios sabiam disso, mas preferiram omitir. É que as 12 casas se encaixariam nos 12 meses do ano (os babilônios já usavam o calendário lunar). Assim, a constelação de Ofiúro (ou Serpentário), da qual talvez você nunca tenha ouvido falar, foi deliberadamente abandonada pelos observadores espaciais da época.
E não é só isso. De lá para cá, o eixo terrestre mudou muito — e isso bagunçou com os desenhos e alinhamento do Sol com estas casas. Hoje, o tempo de movimento do Sol pelas constelações não é o mesmo para todas as casas. Por exemplo, a passagem por Escorpião dura apenas 7 dias, enquanto por Virgem dura 45 dias.
Faz sentido que os signos estejam todos errados, né?
Também não. E eis a explicação dos astrólogos: faria sentido se os signos na astrologia fossem definidos pela passagem do Sol pelas constelações. Não é o caso, afirmam. “Eles [os astrônomos] pensam que só existe zodíaco de constelações”, já defendia em 2011, a primeira vez que a história da 13ª constelação causou buzz, a Associação Brasileira de Astrologia (ABA) em um vídeo conduzido pelo presidente Antonio Faciollo Neto.
Segundo a entidade, não existe só uma forma de astrologia, e, hoje, ela toma como base mais comumente a correlação com as estações do ano. O que permaneceria imutável. Ou seja, você não precisa se preocupar com uma eventual mudança de signo de supetão. Tem a explicação completa de como o cálculo é feito neste artigo.
E, se a Nasa não poupou um certo desdém, a ABA não foi menos gentil. “Tudo que tem astronomia foi descoberto pelos astrólogos antigos, numa época em que Astronomia e astrologia não tinham separação. A Astronomia acabou se separando da astrologia, perdeu a alma, só é quantitativa e descritiva. Enquanto que a astrologia até hoje se preocupou em mostrar a qualidade desses efeitos”, respondia na época o artigo. É ou não mais tenso que Atletiba?