Você mora em um enorme condomínio com 7 bilhões de vizinhos. E, como em todo condomínio, quanto mais gente, mais treta. E é justamente sobre isso que uma infinidade de cientistas têm se debruçado. Quantos moradores será que a Terra pode suportar?
Para Edward Wilson, biólogo social da Harvard (EUA), como vamos utilizar os recursos disponíveis é o tema central dessa discussão. Ele escreveu um livro em 2003 chamado “The Future of Life” [O Futuro da Vida, em tradução livre]. Até 10 bilhões de humanos é o número mágico apontado por ele — e é justamente a expectativa da população do planeta até o fim do século.
O primeiro problema é como alimentar ainda mais gente. Segundo a National Geographic, 40% das terras do planeta já são usadas para a agricultura. Caso juntássemos toda a produção de animais para consumo humano (pecuária, granja, etc…), isso ocuparia um espaço maior do que a África (o continente tem 7,5 bilhões de acres e a área de produção animal de 8 a 9 bilhões). Ao mesmo tempo, a produção de grãos e vegetais ocupa um espaço do tamanho da América do Sul.
“Como podemos continuar a produzir comida do solo e ao mesmo tempo prevenir consequências negativas para estas áreas, como o desflorestamento, poluição das águas e erosão do solo”, apontou Navim RamanKutty, pesquisador da Universidade de Wisconsin-Madison e responsável pelo estudo apresentado na revista.
O problema é que depois de um tempo, o solo tende a perder qualidade, diminuindo sua fertilidade. Os cientistas não estão nem certos se ainda dá para manter a produção agrícola atual.
Some a isso as emissões de dióxido de carbono por pessoa, de cerca de 5 milhões de toneladas por metro por ano. Como sabemos, o CO2 é o principal responsável pelo aquecimento global — com ele, vem a instabilidade climática, as temperaturas extremas e o desastre na agricultura. A expectativa é que a temperatura média suba de 2 a 6 graus C até o fim do século (dados do observatório climático da Nasa). Se os novos habitantes da Terra adotarem um estilo de vida norte-americano então… (nos EUA, a média de emissão é três vezes acima da média global).
Uma saída apontada por Edward Wilson é você abandonar o seu amado bacon. Se as pessoas adotarem uma dieta vegetariana, os espaços ocupados pela produção de animais para consumo humano podem ser ocupados para a produção vegetal. Ainda assim, alfaces e grãos não seriam eternos — voltamo ao máximo 10 bilhões de pessoas!
Mas aí tem ainda a água. Os humanos consomem 30% da água potável disponível e renovável no planeta– o resto é usado para a agricultura. Teríamos que achar novas formas de tratá-la e economizá-la.
E essa é só uma parte do problema. Fique à vontade para pensar em como sustentar, economicamente, essa população enorme, por exemplo….