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Gordon Raphael em ação. "Não acho nada dos Strokes como banda desde Room on Fire,"
Gordon Raphael em ação. "Não acho nada dos Strokes como banda desde Room on Fire,"| Foto:

Nos últimos meses, o produtor norte-americano Gordon Raphael estava em uma espécie de tour latino-americana. Trabalhou com bandas no México, Peru e Argentina antes de iniciar as tratativas com Paulo Costa Franco, um dos sócios do estúdio Ouié/ Tohosound, de Florianópolis. A ideia era realizar um workshop de produção musical.

No meio do caminho, Paulo quis saber de Cassim (Bad Folks, Cassim & Barbária e Cacique Revenge) sobre possíveis grupos interessados em produzir um disco com o sujeito que havia subido e descido botões para talhar Is This It (2001) e Room on Fire (2003), os dois primeiros álbuns da banda norte-americana Strokes — para alguns exagerados, o sinônimo da ressurreição do rock.

Gabriel Franco

Gordon Raphael em ação. “Não acho nada dos Strokes como banda desde Room on Fire.”

“O Cassim falou da Audac”, disse Paulo. Houve um primeiro contato. “Eles curtiram a ideia na hora”, contou, referindo-se à banda curitibana que tem um som intrigante e vigoroso cujo esqueleto é eletrônico, o espírito é roqueiro e corpo é shoegaze.

Já nos dias seguintes, correria: Alyssa Aquino, Debbie, Alessandro Oliveira e Pablo Busetti bolaram um projeto colaborativo no site Catarse, com a intenção de arrecadar R$ 16.950 para a produção do disco com Raphael, que “ficou empolgado” ao ouvir a banda pela primeira vez. Vingou. Estava tudo certo para a estreia de Gordon no Brasil, enfim.

Foram seis dias de gravação no estúdio que fica em frente à praia da Armação. Gordon, que também trabalhou com Regina Spektor no ótimo Soviet Kitsch (2004), tem preferência por ambientações mais quentes e orgânicas. “Há pouco processamento digital”, confirma Paulo.

Depois do EP Bunker (2011), o novo disco da Audac, assinado por Gordon Raphael, terá oito músicas e deve sair em julho ou agosto. Sempre bom lembrar que a Audac tem no currículo a abertura do show do Tame Impala, em São Paulo, em agosto de 2012;  e o primeiro lugar do Prêmio Defenestrando 2012 na categoria melhor música, com “Distress”. Abaixo, a entrevista com o produtor norte-americano, que abusa de exclamações quando escreve e-mails e vê “mágica” na música dos curitibanos.

Só alegria: gravação foi em Florianópolis e durou seis dias.

O que você pensou quando ouviu a Audac pela primeira vez?

Meu primeiro pensamento foi: wow!, realmente gosto dessa música porque ela tem tanto elementos e sentimentos humanos quanto “eletrônicos”, assim como eu! Uma mistura perfeita entre homem e máquina, algo pelo qual sempre batalhei. Estava animado para ir ao Brasil pela primeira vez, e para trabalhar com a banda. Além disso, todos eles são incríveis, ícones fashion do futuro!

Por que você escolheu produzi-los?

Porque imaginei que nossa energia e habilidades iriam se dar bem juntas. Não tinha ideia de como eles eram bons ao vivos até vê-los em um show em Florianópolis. A Audac toca e canta fantasticamente bem e eu não tinha me dado conta disso até o show daquele dia!

Você escreveu que o som da Audac lembra “um Portishead atualizado”. E o álbum que gravaram, irá lembrar o quê?

Não, não é Portishead de jeito nenhum… agora que conheço melhor a Audac! Essa foi uma primeira impressão. Eles mandam ver como Sonic Youth às vezes, e suas músicas são objetivas e fortes. Às vezes mágicas.

Gordon e Alyssa Aquino na escuta.

Qual a diferença entre produzir uma banda grande, como Strokes, e uma boa banda de uma cidade relativamente pequena?

Quando conheci os Strokes, eles eram uma banda desconhecida no East Village, em Nova York. Lembre-se disso. Eles eram garotos muito jovens que tinham pisado poucas vezes em um estúdio. Tenho a sorte de, frequentemente, encontrar bandas nesse estágio inicial e especial em que há pura energia e criatividade. Até mesmo Regina Spektor era assim quando eu a conheci e trabalhei com ela.

O que acha dos Strokes como banda hoje?

Não acho nada dos Strokes como banda desde Room on Fire. Não ouvi nada do que eles fizeram de lá pra cá!

Você conhece outras bandas brasileiras?

Não conheço, me desculpe. Estive no Brasil somente por 11 dias. Mas eu QUERO voltar e aprender muito mais sobre a música daí.

Como foram seus dias no Brasil, em Florianópolis?

Adorei Florianópolis. As pessoas no estúdio eram muito bacanas, e a cidade incrivelmente linda.

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