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Toda a arte de Cão-Baleia, a mais nova banda de Curitiba

Matheus Mantovani é designer por formação, leitor contumaz e músico por gosto. No fim da noite de ontem, o rapaz nascido em Cascavel lançou ao mundo a versão virtual de seu projeto musical Cão-Baleia, gravado em Curitiba por gente boa da melhor qualidade (veja abaixo) e masterizado na Alemanha.

Além de fazer referência à cadela mais humanizada da literatura, presente em Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o EP de quatro músicas é uma mistura fina, elegante e urbana entre samba e indie rock (ouça logo ali).

“Meu Olho Esquerdo” é samba rasgado e feliz. A melodia crescente e algo tensa caminha até encontrar “as pernas dela”. E “que belo par!” É visível o apreço pela letra bem trabalhada que nessa música ensina: “A paz, assim que conquistada, logo se desfaz.” Giramundo.

Divulgação
Xilogravura na capa de Cão-Baleia.

Bem mais pesada, esbanjando guitarras pop noventistas, “Insone e Só #1” é uma música-retrato. “Comprarei minha alma em um sebo por um preço que eu possa pagar.” O saxofone dá cor à canção e, por ser ao mesmo tempo libertário e insinuante, lembra algo de Morphine, principalmente no trecho final. Ponto para Hudson Müller (trompete e saxofone). E, pra quem pensou que só Los Hermanos teria a cara de pau de incluir a palavra “quiprocó” em um música, é bom ouvir essa faixa com cuidado redobrado.

A etérea “Insone e Só #2” é a mais curitibana e intimista. Cita “o livro do Snege” (Jamil Snege, 1939-2003) em uma letra que varia entre a condescendência e o protesto sobre o tema mais conhecido de todos. A conclusão? “O amor é chucro e bravio.”


Matheus Mantovani também cozinha: a arte está em tudo.

O samba indie rock “Boa Noite” começa voz e violão, triste. Matheus tem a chance de explorar sua voz delicada e, novamente, a letra acima da média em companhia das guitarras envolventes de Rodrigo Grigoletti chamam a atenção. “O que era feliz virou uma tarde em frente à tevê.”
Cão-Baleia, que é Matheus Mantovani (voz e violão), Rodrigo Grigoletti (guitarra e sintetizadores), Bruno Henrique Lopes (baixo), Luiz Felipe Do Vale (bateria), Willian Lentz (violão) e Hudson Müller (trompete e sax), nasce grande. Não só pela música atemporal, dosadamente abrasileirada e muito bem-vinda nesses dias de ukelelês, mas pela paixão pela arte que envolve todo o projeto.

O disco será lançado em vinil de 7 polegadas no mês que vem. O material gráfico foi todo construído artesanalmente pelo pessoal do Caderno Listrado, de Curitiba. A capa do álbum contém uma xilogravura (gravura em madeira) criada por Samuel Casal, quadrinista e ilustrador gaúcho. Em tempos efêmeros, faz um bem danado criar algo que dure.

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