A Amazon abriu uma concorrência para decidir onde construirá sua nova sede. Recebeu até esta semana 238 propostas de cidades e estados dos Estados Unidos, México e Canadá. Só o estado de Nova Jersey ofereceu 7 bilhões de dólares em créditos fiscais se a empresa cumprir a promessa de investir pelo menos 5 bilhões de dólares, abrir 50 mil vagas de trabalho e não ir embora de repente.
Não entendo por que a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional não tomam uma decisão semelhante e criam um leilão para decidir as próximas sedes da Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Isso já acontece, mas por baixo dos panos. Não há Copa do Mundo que não envolva denúncias de compra de delegados da Fifa por parte dos países que ganharam o direito de sediar o evento. Agora acusações similares chegam aos Jogos Olímpicos. A escolha do Rio de Janeiro em 2016 está sendo investigada na França e no Brasil. Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COI, passou boa parte deste mês na cadeia pública José Frederico Marques, no Rio de Janeiro.
Oficializar essa negociação daria transparência e legalidade aos dois principais eventos esportivos do mundo. A Fifa e o COI são ONGs privadas. Já negociam direitos de imagem e licenciamento da marca com dezenas de empresas. Mesmo se fossem públicas, nada as impediria de criar uma concorrência para definir as próximas sedes dos eventos. Quem desse mais – e atendesse requisitos criados pelas instituições – levaria os jogos.
Pensando bem, há um motivo para isso não acontecer. Um leilão oficial tiraria o poder de barganha dos delegados do COI e da Fifa. Eles deixariam de receber propinas de cidades e países interessados nos Jogos, pois o dinheiro iria para o caixa das instituições. A Fifa e o COI são instituições privadas, mas sem um dono bem definido como Jeff Bezos, da Amazon. Por isso estão expostas a interesses que nem sempre as beneficiam.