Acabei de ler uma história muito bonita publicada pela Reuters sobre um esforço conjunto de líderes religiosos e entidades de conservação para defender uma espécie rara. No mundo só existem quatro tipos de golfinho de água doce, e o golfinho do Ganges (Platanista gangetica) é um deles. Segundo a WWF, a população do bicho está entre 1,2 mil e 1,8 mil animais.
O golfinho do Ganges é uma espécie ameaçada, e foi declarado recentemente o animal aquático nacional da Índia.
Na reportagem ficamos sabendo que a rápida industrialização e o crescimento populacional desordenado estão prejudicando o Rio Ganges, e consequentemente ameaçando o golfinho. O problema é que o simples discurso conservacionista não cola entre quem mora às margens do rio. A WWF percebeu, no entanto, que justamente o trecho do rio em que eles trabalhavam para proteger os animais tinha uma importância religiosa especial (embora o rio todo seja sagrado) por ser o cenário de episódios descritos em escrituras hindus. Com apoio dos líderes religiosos, tudo mudou. Pescadores pararam de caçar os golfinhos, e a população do mamífero cresceu nos últimos anos. Em contrapartida, a WWF ajuda a difundir o uso de fertilizantes naturais para reduzir a poluição química daquele pedaço do Ganges. A parceria mostra que a união do conservacionismo com o sentimento religioso pode render ótimos frutos.
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