Ni hao
你好
Você que está lendo este blog pela primeira vez, aconselho a dar uma olhadinha no primeiro
Considerando que a distância entre São Paulo e Pequim é de mais de 17 mil quilômetros, decidimos fazer um pit stop em Paris. Para as crianças, o mundo ainda se resumia em Brasil e Orlando, portanto, nada como começar a inserir um pouco de cultura geral na cabecinha deles.
Fizemos 5 malas enormes com todas as roupas que conseguimos levar para poder viver, pelo menos 2 meses na China, antes da mudança chegar (que aliás, ainda não chegou!). Além disso, carregamos mais 4 mochilas (uma para cada filho), a minha mochila recheada de remédios, cremes e livros (que pesava quase 10 quilos), minha bolsa de mão e a da Mariana. Faltavam apenas o frango, a farofa e o cachorro (ops, cachorro na China, melhor não).
A mochila do Dudu vale um comentário: ele selecionou os itens essenciais para sua sobrevivência, conforme recomendei, entre eles sua arminha de Nerf, trezentos reais em notas xerocadas que os avós deram como vale-presente e a tesourinha da escola. Conclusão: parecia um protótipo de terrorista! Na primeira revista no Brasil, confiscaram a tesoura. Na segunda, na França, confiscaram a arminha. Só sobraram os reais falsos. Pobre Dudu!
Chegando a Paris, resgatamos as malas e começamos o nosso tour pelo aeroporto Charles de Gaulle. Parênteses: Gente, sinceramente, dá até vergonha de pensar o que são nossos aeroportos comparados à grandiosidade e qualidade da infra-estrutura dos aeroportos do mundo! E olha que o Charles de Gaulle nem é referência de um bom aeroporto! Fecha parênteses. Foi aí que nos demos conta de onde veio a expressão “o cara é um mala”. Estávamos com uma bagagem que mal cabia em dois carrinhos que, aliás, não serviram para muita coisa, pois, como são proibidos de entrar nos trens (sim, existe metrô para os passageiros se locomoverem entre os 3 terminais do aeroporto), tivemos que puxar as malas de vagão para vagão, de escada para escada até chegar no locker e largar parte da malaria. Coitado do Dudu! Com apenas 8 anos, além de carregar uma noite mal dormida nos ombros, ainda puxava a mala mais leve de 19 quilos, carregava sua mochila nas costas e a minha bolsa de mão pendurada no pescoço.
Enfim, esse post está demorando muito para chegar à China…
A verdade é, que depois de cinco dias de Paris, ficamos finalmente cara a cara com a realidade: a fila do check-in da Air China! Dezenas (centenas? eles sempre parecem mais!) de chineses se apertavam uns atrás dos outros com seus carrinhos lotados de malas, falando alto, furando a frente um do outro, rindo e olhando curiosos para os únicos ocidentais da fila.
Marquinhos achou um golfinho de plástico azul e guardou como amuleto.
O atendimento no check- in era em francês e foi tranquilo, mas dentro do avião, tivemos nossa segunda aula de adaptação: a tripulação não falava inglês! Eu pedi “some water” para nossa aeromoça e ela coçou a cabeça (todo o chinês coça a cabeça quando não entende alguma coisa). Tentei em chinês “wo yao he shui”. Ela abanou a cabeça como se tivesse entendido, eu me orgulhei da minha habilidade em aprender novas línguas, e fiquei esperando pela água.
Onze horas mais tarde (ainda sem água), depois de termos visto o dia amanhecer e não anoitecer como esperado, chegamos a Pequim. Uma névoa espessa cobria o aeroporto a ponto de não enxergarmos os fingers. Aí lembrei dos livros que li sobre a China: esta névoa não é névoa, é poluição!!! Sim, poluição que, aliás, veríamos também em Shenzhen. Quando chegamos aqui, o céu estava azul bem clarinho e assim permaneceu por quase 2 meses. Um belo dia, amanheceu tudo nublado e assim permaneceu a semana toda. Comecei a perguntar para todo mundo porque o tempo tinha mudado daquele jeito. Descobri que o tempo não mudou. As fábricas, que estavam paradas por 2 meses por conta da Universiade, tinham voltado a funcionar.
Explico: a Universiade é um evento esportivo entre universidades do mundo inteiro (incluindo o Brasil que enviou delegação). O governo e a iniciativa privada investiram tudo para fazer do evento algo parecido com os Jogos Olímpicos e isso incluía a qualidade do ar de Shenzhen.
Voltando. Desembarcamos com a chinesada toda e Marquinhos achou outro golfinho azul! Seria uma mensagem dos céus dizendo que nossa vida transcorreria em águas mansas e claras? Não, não. Eram na realidade penduricalhos de um chinelo, estilo Hawaianas, usado por uma chinesa que estava em nosso vôo. Havia dezenas deles pendurados em cada chinelo nos apresentando, em primeira mão, o surpreendente China Fashion Style que será, obviamente, tema de novo post.
Até semana que vem.
xià zhóu jiàn
下周见