Ni hao
你好
Quando Luiz falou pela primeira vez em morar na China, pensei logo em Pequim, Shangai, Hong Kong e todos os seus pontos turísticos como a Muralha, os Guerreiros de Terracota, a Cidade Proibida etc. Estas são as primeiras coisas que vêm à cabeça do brasileiro médio, que nunca se aprofundou muito sobre este país, fora, é claro, todos os bagulhos made in China que a gente compra por aí. De curiosidade, resolvi perguntar para o Dudu como ele imaginava a China. Para minha surpresa, ele fantasiava um grande portão de ferro que, ao se abrir, descortinava dragões dançando sob luzes vermelhas (além de diversas lojinhas vendendo brinquedos a R$ 0,50! ).
Este estereótipo permanecia em sua cabecinha de criança mesmo depois de ter visto Karate Kid milhares de vezes). A verdade é que todos nós fomos impactados com imagens da China, ao longo da vida, e nos custa acreditar que, em algumas coisas, eles sejam tão parecidos conosco. Pelo menos em minha opinião de caloura!
Para começar, Shenzhen é uma cidade com apenas 30 anos cujo desenvolvimento foi programado, pelo governo chinês, como um dos passos para abertura do país para o mundo (o que me lembra de certa forma Brasília, cidade onde morei quando ela ainda tinha pouco mais de 10 anos).
Ou seja, em 1978, isso aqui era apenas uma vila de pescadores com 30 mil habitantes. Hoje, é uma cidade de mais de 13 milhões de pessoas, vivendo uma realidade extremamente capitalista que não reflete o resto da China. Fazemos parte de uma experiência chinesa que ajudará a decidir se eles se abrirão definitivamente para o mundo, ou não. Portanto, meus relatos são limitados a esta nova China onde as ruas estão recheadas de marcas internacionais tentando se adaptar aos desejos dos consumidores chineses.
E de onde vieram estas pessoas? De todas as partes do país, buscando oportunidade de trabalho, principalmente na área da construção civil. Isso signfica que muita gente por aqui vem de classes mais humildes, com baixo nivel de educação e com línguas diversas. Mesmo que você fale mandarim, é bem provável que sua empregada não entenda nada do que você diz.
No entanto, a cidade também abriga grandes empresas e muitos, mas muitos expatriados. Grande parte trabalha na indústria de petróleo e, pasmem, dezenas de famílias de pilotos brasileiros que foram obrigados a sair do Brasil por conta da crise da aviação. Hoje, esses pilotos são funcionários de companhias chinesas como a Shenzhen Air Lines e estão muito felizes. Isso, agora, porque, quando chegaram por aqui há 5 anos, o bairro onde moramos não tinha asfalto (era na base da galocha quando chovia), não havia comida ocidental para comprar, nem escova de dentes, nem pasta, nem sabonete….e para brasileiro, vocês sabem, não tomar banho direito é a morte! Abro um pequeno parênteses pessoal para agradecer a extrema receptividade com que esta comunidade brasileira nos recebeu por aqui.
Hoje, as obras continuam a todo vapor e estou acompanhando a construção de dezenas de prédios, praças, estações de metrô, tudo aqui pertinho de casa. Eles trabalham 7 dias por semana, 24 horas por dia. Você passa de noite por um buraco no meio da pista e, de manhã, tchanãn!!!! o buraco está fechado, a rua está asfaltada e as faixas brancas e amarelas pintadas! Nisso, nós brasileiros somos bem diferentes deles! Se a coisa apertar, vou sugerir a contratação de alguns chineses para terminarem as obras da Copa a tempo.
RAPIDINHA
Todo mundo fala em choque cultural sem saber muito bem do que se trata, na prática. Aí um dia, você dobra a rua da escola da sua filha e dá de cara com esta cena. Cachorro para brincar e cachorro para comer são coisas completamente diferentes e que convivem, sem problemas. Desculpem pela foto. Inevitável não dividir com vocês.
Até a semana que vem.
下周见
xià zhóu jiàn