Ni hao
你好
A gente fica tentando entender o comportamento dos chineses baseado no nosso próprio comportamento ocidental. É quase impossível esvaziar sua mente, como a de uma criança, se libertar de preconceitos e encarar o modo como eles administram a vida em comunidade como algo natural.
E como este não é o nosso país e somos apenas convidados por aqui, seria no mínimo falta de educação criticar os hábitos chineses sem nem ao menos tentar entender os motivos que os levam a agir de determinada forma.
Apesar deste meu discurso altamente desprendido e politicamente correto, confesso que alguns comportamentos ainda me chocam e incomodam. Muuuuito!
ESCARRADA
Escarrar, arrotar, tossir, espirrar, vomitar e expelir gases, não importa por qual orifício, são, para os chineses, exatamente a mesma coisa; nenhum mal estar, nenhuma cara feia, nenhum comentário do tipo “quem está com a mão amarela!”.
Eu vi (sim, eu vi, ninguém me contou) o sujeito escarrar no chão de um shopping sofisticado do tipo Barigui, em Curitiba, ou Leblon no Rio.
Como sempre acontece, eu estava andando tranquilamente e ouvi aquele som que começa no baixo abdômen e vai subindo, subindo, subindo até a garganta. Falei comigo mesma: não vou olhar, não vou olhar, não vou olhar…. mas, olhei! O cara arrematou com uma raspada final e puff, escarrou ali mesmo, no mármore reluzente do shopping!
A explicação para esta nojeira toda está na medicina tradicional chinesa: não guardar dentro do seu corpo o que está lhe fazendo mal. Tem sentido? Tem. Mas a gente não precisava ficar sabendo o que está fazendo mal para o sujeito que está bem do nosso lado.
Certa vez, o Luiz foi fazer uma apresentação para sua equipe e, entre um gráfico e outro, um dos garotos deu o maior arroto no meio da sala. Luiz parou de falar, controlou o susto, depois controlou o riso, respirou fundo, manteve o rosto voltado para o power point e continuou a apresentação como se nada tivesse acontecido.
Só mesmo o jeitinho brasileiro para combater o jeitinho chinês.
O governo desencadeou algumas ações educativas antes das Olimpíadas e já podemos ver gente escarrando dentro das lixeiras e não mais no chão. Ahhhhh! Que “alívio”!
Achei melhor não ilustrar este parte.
XIXI NO CHÃO
As criancinhas entre um e dois anos, que estão na fase de aprender a segurar o número 1 e o número 2, não usam fralda de espécie alguma. As calças possuem um rasgo que vai da frente até o fim da bundinha para que eles, quando sintam necessidade, apenas se agachem e… pronto, tudo resolvido.
Uma vez, estávamos no metrô e um casal, com um menininho foférrimo de mais ou menos 1 ano, sentou com seu pimpolho no colo, bem à frente do Luiz que estava de pé. O “jiji” apontava direto para barriga do Luiz.
Ficamos ali, naquele suspense, nos lembrando de quando trocávamos a fralda dos nossos menininhos, aquele ventinho gelado batendo no “jiji”, aguardando o momento em que … eles finalmente desembarcaram.
Alívio no lado ocidental do vagão!
Essas fotos foram retiradas da Internet, mas não há a menor diferença entre elas e a vida real.
A Liu me disse que são 3 os motivos para as crianças levarem o “bicho solto”.
Primeiro, porque as fraldas são caras.
Segundo, porque mantém as crianças limpinhas, sem contato com o xixi e o cocô.
E , terceiro, porque elas aprendem mais rápido a usar as privadas.
É, faz sentido. Principalmente se pensarmos quantas milhões de fraldas descartáveis deixam de ser jogadas no meio ambiente por causa deste “saudável” comportamento chinês. Além disso, vamos combinar, eu nunca vi um chinês adulto fazendo xixi na rua. Já no Brasil… principalmente no Carnaval…
Estas fotos foram gentilmente cedidas pela Patrícia, moradora de Taipei, que mantém um blog chamado www.patanachina.com. A história das fotinhos e outras mais estão lá para não me deixarem mentir.
BANHEIROS
Falando em fazer xixi, os banheiros públicos da China possuem apenas um buraco no chão, o que exige muita técnica.
No caso das meninas, se a calça for do tipo pantalona, tem que arregaçar antes. Depois tem que se agachar com as duas pernas totalmente dobradas, se manter equilibrada na posição, segurar bem os fundilhos da calça engrouvinhados na sua mão e não errar a mira para não acertar o próprio pé. Ridículo! Mas, depois que se pega a prática, tudo melhora!
No caso dos meninos é mais simples (como sempre). Mas um dos meus filhos, cujo nome não estou autorizada a publicar, foi fazer xixi num desses banheiros: fez os arranjos preliminares, mas esqueceu de apontar o “jiji” bemmmm para baixo, ou seja, molhou toda a porta. Porta?! Sim,ele estava ao contrário no banheiro!
Agora, de novo, pensem bem. Neste tipo de banheiro, você não encosta nenhuma parte do seu corpo em nenhuma parte do banheiro; não precisa levantar a tábua e ainda dá descarga com o pé! Não parece realmente mais higiênico?
Nos shoppings, por exemplo, existem os dois tipos de banheiro e, pelo que vejo, as chinesas sempre preferem o buraco no chão. Eu e Mariana ainda preferimos nossa boa e velha privada.
É muita escatologia para um post só. Vou guardar mais algumas histórias para os próximos.
Burrrp!
Até semana que vem!
下周见
xià zhóu jiàn
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