Laura Miller — sem dúvida a cozinheira mais engraçada que o Tastemade revelou ao mundo — chega ao Brasil. Não pessoalmente, o que é uma pena. Mas seu livro “Cru. Vegano. E delicioso” (Benvirá, R$ 64,90) já está sendo vendido pelas lojas on-line das livrarias Curitiba, Saraiva e Cultura e por encomenda na Livraria da Vila.
São mais de cem receitas (a maioria crudívora) escritas com seu peculiar humor e divididas entre café da manhã, para levar, saladas, jantares durante a semana, festas, doces e a indulgente “para morrer sozinho”, só com receitas para encher a cara de comida em momentos deprê: “(…) quando você se sente estressado ou para baixo, vai ter vontade de encher a cara de comida para se sentir melhor. Se é assim, por que não recorrer a uma comida realmente nutritiva (…) em vez de escolher tranqueiras que só farão você se sentir pior?”, argumenta neste capítulo, com receitas que poderiam ser junk food se não fossem os ingredientes: docinho de gergelim, chips de couve-de-bruxelas, batata-doce frita, milk shake de frutas com leite vegetal.
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É um dos traços de sua persona: lidar com a saúde mental com um humor levemente auto-depreciativo, mesmo que a ansiedade a tenha paralisado muitas vezes durante sua carreira. No livro, Laura traz dicas, tais como a comida fermentada pode ajudar no tratamento de ansiedade. Em seu canal pessoal do Youtube, lançado recentemente, ela publicou uma série de vídeos em que conversa com diversas pessoas sobre doenças e transtornos psiquiátricos durante o que parece um happy hour (provavelmente sem álcool). É o Talking in Circles e você pode assistir clicando aqui.
O início de Raw Vegan Not Gross
Raw Vegan Not Gross foi um canal que surgiu por acaso: Laura conta no livro que havia gravado um vídeo em sua casa para um material de divulgação sobre a feira na qual vendia seus doces crudívoros. “Eu estava tão nervosa que perguntei se podia tomar uma dose de tequila. Fui à cozinha e bebi direto do gargalo, sem perceber que ainda estava com o microfone preso na roupa e que eles ouviam tudo”, escreveu no livro.
O diretor da série de vídeos para a feira de produtores locais era Eric Slatkin, que um ano depois passou a trabalhar para a Tastemade. Laura conta que aceitou gravar alguns vídeos para o canal do Youtube porque estava desempregada e havia fechado seu negócio de docinhos crudívoros caseiros. Seu programa foi batizado com o slogan que usava para vender seus preparos na feira: Raw. Vegan. Not Gross. (em português, algo como “cru e vegano sem ser nojento”). Sua audiência foi excelente e durante algum tempo, ela gravou apenas receitas. Até ganhar um programa de DIY e tirar um período sabático.
Leia a entrevista exclusiva que Laura Miller concedeu ao blog Verdura sem Frescura:
Uma coisa que chama a atenção nas ruas receitas cruas é a apresentação das sobremesas e várias técnicas usadas em um mesmo prato. Como funciona seu processo criativo na cozinha?
Comida crua pode parecer muito estranha ou intimidar as pessoas no começo, então nas minhas receitas eu tento eliminar qualquer passo extra, equipamento ou ingredientes caros e da moda que podem tirar a vontade de alguém tentar. Eu sempre tento usar o mínimo de ingredientes e de equipamentos possível — assim tem menos louça para lavar no final!
Você trabalhou em restaurantes onívoros quando já era vegetariana. O que se pode aprender dentro de um restaurante convencional quando se é uma cozinheira vegetariana?
Eu aprendi muito trabalhando em uma cozinha convencional. Eu acho que é realmente vantajoso aprender a cozinhar sem as limitações do vegetarianismo e veganismo, porque você pode aprender técnicas que talvez não cruzariam seu caminho se você estiver procurando apenas por culinária vegana.
Quais seus planos futuros envolvendo comida? Você tem explorado algo novo em ingredientes ou processos?
Acabei de ter bebê (há três meses!) então estou passando muito mais tempo em casa agora, focando em cozinhar para minha família. Estou tentando concentrar meus esforços em fazer muita comida de uma só vez e congelar uma parte para que eu tenha refeições saudáveis e à base de plantas à mão quando minha agenda ficar muito louca. Pensar em refeições e cozinhar em “bateladas” são minhas novas coisas favoritas!
Você conta no livro que passou 15 anos sofrendo de ansiedade e que levou cerca de três anos para se reestruturar emocionalmente. A alimentação ajuda nesta recuperação?
Alimentar-me de plantas tem me ajudado tanto! Uma das melhores maneiras de cuidar de mim mesma física, mental e emocionalmente é preparar e comer comida crua. É legal porque é uma prática diária, onde posso me nutrir e me cuidar de um jeito que beneficia tanto meu corpo quanto minha mente.