A Conferencia das Nações Unidas sobre as mudanças no clima (COP21) só começa na próxima segunda-feira (30), mas Paris já está no ritmo da convenção que promete ser o maior somatório de forças pra mudar a realidade climática do planeta.
195 países estarão representados no evento e são esperados cerca de 150 chefes de estado na abertura da conferência. Amanhã e segunda-feira, todo o transporte público em Paris será de graça, para incentivar que as pessoas deixem seus carros em casa, utilizem os ônibus e o metrô e contribuam para diminuir as emissões de gases causadores do efeito estufa.
E 12 estações de metrô na cidade foram decoradas com imagens do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Ele foi convidado pela empresa que administra o metrô de Paris, a RATP, para expor fotos do seu mais recente trabalho, Genesis. Todas as imagens são em preto e branco e ficarão nas estações até o dia 7 de dezembro.
Quem estiver em Paris neste período pode observar as fotos de Salgado nas seguintes estações: Porte de Vincennes, Place de Clichy, Cité, Gare d’Austerlitz, Trocadéro, Gare de l’Est, Saint-Augustin, Bonne Nouvelle, Strasbourg Saint-Denis, Montparnasse-Bienvenue, Jaurès e Bir Hakeim.
E quem quiser aproveitar a visita à capital francesa para acompanhar um pouco das discussões da COP21, também pode. As conferencias são restritas às delegações dos países participantes, membros das Nações Unidas e jornalistas. Mas o evento conta com um espaço de acesso livre – batizado de Générations – para qualquer cidadão que queira acompanhar o que será discutido no evento. Telões serão instalados para transmitir simultaneamente os debates. No espaço de acesso livre, 340 organizações francesas e internacionais estarão presentes com estantes que prometem ser pedagógicos e interativos. Estão programadas mais de 300 conferências e cerca de 60 projeções de filmes. No site oficial é possível ver em detalhes a programação e um guia foi disponibilizado em três idiomas para quem quiser participar do evento.
O espaço Générations estará aberto ao publico de 1 a 11 de dezembro, das 10h30 das 19h. A única exceção é o domingo, dia 6 de dezembro, quando o local estava fechado.
Para entender da COP21:
O jornal Le Monde desenvolveu um site especialmente dedicado à COP21, com as principais informações sobre o encontro. Num video, eles listaram os principais números que explicam a importância das discussões que serão realizadas em Paris nos próximos dias. O original você vê aqui, mas abaixo estão os pontos, em português, para entender melhor a conferência da ONU sobre o clima:
* 21 – o número 21 no nome da convenção faz referencia à quantidade de conferências que a ONU já realizou para tratar sobre o clima. O documento que sera produzido no encontro de Paris irá substituir o documento feito durante a Cúpula da Terra do Rio de Janeiro, em 1992.
* 196 – é o número de países (195 mais a União Européia) que participarão do encontro, em Paris. Os países produzirão um documento que irá substituir o protocolo de Kyoto, assinado em 2005, e que só dizia respeito aos países desenvolvidos.
* 2 graus – É o máximo de aquecimento global que pode ser tolerado até o fim do século XXI. O número foi discutido e fixado na conferência de Copenhague, em 2009, e é relativo à temperatura média registrada no século XIX, na era pré-industrial. Hoje, o planeta já registra uma alta de 0,85 graus em relação à era pré-industrial. Caso nenhuma política de redução do aquecimento seja colocada em prática, o aquecimento do planeta pode chegar, em 2100, a 4,5 graus.
* 100 bilhões – É a soma de dinheiro, em dólares, que os países desenvolvidos se comprometeram a gastar – por ano e até 2020 – para combater o aquecimento global. A cifra foi definida na convenção de Copenhague, em 2009.
* 400 ppm – é a concentração atmosférica de partículas de dióxido de carbono (que causam o efeito estufa) que temos atualmente. No século XIX, esta concentração era de 270 ppm.
* 30% – é o percentual da biodiversidade do planeta que pode se perder daqui até o final do século XXI se a emissão de gases que causam o efeito estufa continuarem no mesmo ritmo registrado atualmente.
* 7,8 – é o ph (que mede o nível de acidez) que os oceanos poderão ter em 2100 caso não se consiga diminuir as emissões de dióxido de carbono. Hoje, o ph dos oceanos é de 8,1, 30% superior à media da era pré-industrial. Não se sabe como os ecossistemas marinhos se comportarão com um aumento tão rápido da acidez da água do mar.
* 1m – é quanto se espera que o nível do mar aumente até 2100, caso o aquecimento global continue nos ritmos atuais. Hoje, o nível do mar já é 20 centímetros maior do que o nível registrado no século XIX.
* 400 milhões – é a quantidade de pessoas que vivem em cidades localizadas em até um metro do nível do mar. Mais da metade das maiores cidades do mundo são portuárias.
* 40% – é o percentual de redução mínimo necessário na emissão de gases do efeito estufa daqui até 2050 para que o planeta tenha chances de, até o final do século, controlar o aumento da temperatura global em, no máximo, dois graus.