Em maio desse ano, um concurso de cervejas artesanais realizado na Argentina, o South Beer Cup, atiçou minha curiosidade sobre as bebidas de lá. Não é um país tradicionalmente cervejeiro. O vinho ocupa lugar privilegiado na maior parte dos restaurantes. Mas realizou essa espécie de “Campeonato Sul-Americano”, coisa que o Brasil ainda não fez, apesar dos bons concursos nacionais.
No entanto, minha alma verde-e-amarela me impede de dar completa vantagem para nossos “hermanos”. Em um balanço geral, apesar das cervejarias argentinas terem ganhado mais medalhas – 21 ao todo –, o Brasil conquistou as principais, com pontuações muitas vezes superiores. Trouxemos para cá 14 medalhas e o prêmio de Cervejaria do Ano, conquistado pela Bamberg, de Votorantim (SP). Temos aí um empate em 1 a 1.
E não é só aí que Brasil e Argentina chegam juntos. Os mercados andam bastante parecidos. “É um país que também está descobrindo as cervejas especiais agora”, diz Douglas Salvador, sócio proprietário da importadora Via Gourmet, que traz cervejas de lá. Ele conta que, assim como no nosso país, as cervejarias artesanais argentinas têm uma forte ligação com os cervejeiros caseiros e com uma união até maior do que aqui – há um movimento nacional de pequenas cervejarias e cervejeiros de todo o país. No entanto, nossa maior estabilidade econômica favorece mais os negócios.
Para beber por aqui, o grande problema ainda é o acesso. Fora algumas marcas mais comerciais, como Quilmes, Isenbeck e até Iguana, encontramos apenas às cervejas Otro Mundo e Antares, com destaque para os estilos Barley Wine e Imperial Stout da última. Quem for para lá, pode encontrar bons goles nas marcas Sixtofer, BarbaRoja, Gambrinus e Patagônia. Mas vale o alerta: as argentinas têm uma qualidade mais instável do que as brasileiras. Há boas cervejas e outras ainda em processo de desenvolvimento. Placar final de 3 a 2 para nós.
Quer saber mais? Então confira este bate-papo com Douglas Salvador:
Algumas fabricantes apresentaram novidades durante a Brasil Brau, feira de tecnologia para a indústria cervejeira, que ocorreu mês passado em São Paulo. Um delas foi a Bierland Strong Golden Ale (foto), cerveja de estilo belga feita pela cervejaria de Blumenau (SC) e refermentada na garrafa. Vale destaque também a Colorado Grão-Pará, de Ribeirão Preto (SP), uma American Brown Ale feita com castanha-do-pará. Elas devem estar no mercado em breve, mas os preços ainda não foram confirmados.
* Os preços apresentados nesta reportagem são aproximados, a partir das sugestões das importadoras, distribuidoras e cervejarias, servindo apenas para conferência.
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