Se as chamadas cervejas trapistas, produzidas por monges católicos da Ordem Trapista, são as melhores do mundo, como alguns defendem, não há certeza. Mas que estão entre as melhores e são divinas, é quase unanimidade. Ricas em cores, aromas e sabores, seguem um estilo belga de fazer cerveja e podem ser comparadas aos melhores vinhos.
É importante esclarecer que o termo cerveja trapista não indica um estilo, mas uma espécie de certificado de origem. Elas são produzidas por apenas sete mosteiros no mundo: Orval, Westvleteren, Rochefort, Westmalle, Achel e Chimay na Bélgica, além de Koningshoeven, que faz a La Trappe, na Holanda. “Dentro dessa classificação pode-se encontrar vários estilos, desde witbiers [cerveja de trigo belgas] até strong ales”, explica a mestre cervejeira e beer sommelier Cilene Saorin.
Como característica, normalmente são cervejas mais encorpadas. Cilene explica que os monges passaram por longos períodos de jejum, sendo a cerveja um dos poucos alimentos permitidos sem restrições. “Por isso resolveram produzir uma bebida mais robusta”, explica.
Dependendo do estilo, harmonizam bem por semelhança de sabores com pratos mais fortes ou pelo contraste. “A Orval, por exemplo, vai bem com carnes de caça. Já as Dubbel com mignon e podem ser usadas em redução de molhos para carnes. A Westmalle Tripel, clara e mais frutada, pode contrastar com um molho poivre [apimentado]”.
O cervejófilo Cássio Piccolo, sócio proprietário do bar FrangÓ, em São Paulo, é fã das trapistas. O bar é o único no país a oferecer chope da La Trappe, nos estilos Blond e Dubbel. Ele alerta que são sabores que se aprende a apreciar com o tempo. “Um bebedor despreparado pode não gostar na primeira vez. No entanto, são cervejas para serem apreciadas.”
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