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A história de que o vinho traduz a região em que é produzido não poderia ser tão verdadeira quanto no caso da Califórnia. O Golden State mostra toda a ousadia e contemporaneidade também na produção vinícola. Tanto que não há como resumir os californianos a uma cepa ou corte específico – tem para todos e mais refinados gostos.

É impossível, porém, não lembrar da zinfandel, uva que se tornou um dos maiores orgulhos da região. “Há quem diga que ela é a mesma cepa primitiva da Itália, mas a sua origem é, na verdade, croata”, diz a enóloga Sandra Zottis. Controvérsias à parte, a verdade é que ela encontrou na costa oeste – principalmente em San Luis Obisco – o terroir ideal, que a transformou na queridinha da América. “A uva produz vinhos potentes, ricos em aromas frutados, de corpo médio, indicados para serem apreciados jovens”, diz Sandra, que ainda afirma que a uva harmoniza bem com carnes vermelhas em molhos aromáticos, como um mignon às finas ervas.

E a boa fama dos californianos vai além da zinfandel. “É possível encontrar pinots (noirs) fantásticos, que não perdem para os franceses”, garante o engenheiro agrônomo Jonas Rodrigues Martins Junior, que já trabalhou em uma vinícola de Paso Robles (a Sylvester Winery) e atualmente trabalha em uma adega em Curitiba. Quando o assunto é pinot noir, diz ele, logo vem à mente a região de Santa Bárbara (famosa pelo filme Sideways – entre umas e outras) que, em razão do seu clima, quente de dia e frio à noite, produz ótimos rótulos.

Mas nada se compara ao glamour do Napa Valley, localizado ao norte. “Lá estão os melhores e mais caros vinhos americanos. Eles investem não só na produção, mas também no enoturismo. As vinícolas e hospedagens são lindas, tudo é muito glamouroso”, conta Jonas, que destaca ainda a ousadia californiana. Tanto que os californianos transitam entre diferentes tipos de uva – que vão das tradicionais chardonnay e cabernet sauvignon às não tão comuns cari­gnane e petit verdot. “O mercado californiano é multifacetado, mas a utilização da barrica de carvalho pela maioria dá aos vinhos um toque característico”, diz Sandra.

Aliada à ousadia, a tecnologia também marca a produção. “A maioria das vinícolas são de investidores, como a de Francis Ford Coppola (no Napa), o que faz delas algo muito profissional. Isso pode até tirar um pouco da aura, mas garante qualidade a preços razoáveis”, explica Jonas. A acessibilidade, no entanto, fica restrita ao domínio yankee, já que os rótulos chegam ao Brasil com preços não tão palatáveis. Mesmo assim, o cenário está mudando. “Esse tipo de vinho já está mais acessível. Mas mesmo os mais caros valem o investimento”, garante Sandra.

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