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ENTRADA:
Vinhos para relaxar

Agora no verão, gosto de vinhos para relaxar. Agra­­dáveis e fáceis ao paladar desde o primeiro cheiro até o último gole. Com a intensidade necessária, mas sem muito peso. Que tragam a sensação de frescor, jovialidade e sobretudo fechem com a comida sem complicação. As combinações podem ser tradicionais ou inusitadas.

Acerca das últimas, lembro da surpresa agradável que foi comer caranguejos com Beaujolais. Acon­­teceu por acaso, há muitos anos, protagonizado pelo grande amigo Orlando Kaesemodel (pai), de saudosa memória. Além de importante industrial, empresário e fã dos esportes náuticos, Orlando era um excelente gourmand. Conhecia as melhores cozinhas de todo mundo. Foi um dos fundadores do Business Club. Adorava caranguejos. Mas descapotados, ou seja, cozidos inteiros, limpos sem a carapaça superior. Tinha uma receita especial que ficava soberba.

Na casa de praia dele, bebericávamos um vinho branco. Che­­garam os crustáceos, Orlando saiu da mesa e voltou com um Beaujolais: “Acabaram os brancos, será que com Beaujolais vai?” Foi, e muito bem. Quase acabamos também com a provisão deles da adega do anfitrião.

Refira-se que o Beujolais estava como devia ser. Novo, do ano anterior, e refrescado a cerca de 14 graus C. Acho que era um Drouhin Nouveau, mas agora não tenho certeza. O frutado da Gamay ainda novo, com fundo a amoras, framboesas e jabuticaba, a bela acidez, intensidade, o frescor e leveza geral … O tinto caiu matando com o caranguejo.

Aliás, nada como um Beaujolais de bom produtor e fresco. São vinhos estimulantes, não pesam, e combinam às mil maravilhas com quase todas as comidas, desde sanduíches até os mais suntuosos assados de aves de caça, passando por quase todo tipo de carnes, embutidos, queijos, legumes, massas e assim por diante. Pena haver poucos rótulos no Brasil e, muitas vezes, custarem mais do que deviam.

Reconheço que nem só de caranguejos com Beaujolais vive o verão. Vinhos Verdes do Minho, incluindo aí os nobres Alvarinhos (ou Alba­­riños da vizinha Galícia) são impecáveis com petiscos e para as frituras em geral – camarão frito, especialmente –, assim como para bebericar à toa. E toda gama de tintos, brancos e rosés que se enquadrem nas características gerais de que falei no começo deste artigo.

Saindo do tema para terminar. Uma grande dica de provas dos últimos meses do ano passado: fiquem de olho e aproveitem os vinhos do Douro da safra de 2009. Fruta madura e cremosidade, com frescor, como raramente se vê.

DEGUSTAÇÃO DO MÊS:
Brancos Brasileiros às cegas

Nada como o verão para refrescarmos a sede com os estimulantes vinhos brancos. Já que o Brasil está na moda em todo mundo, por que não os brancos brasileiros? Organi­­zamos então uma sessão com alguns dos melhores rótulos disponíveis no mercado, na faixa de preços acima de R$ 45. Há muitas pedidas mais baratas, mas haveria um excesso de amostras; além do que a gama alta revela melhor as habilidades e qualidades dos produtores.

Provamos 12 rótulos, provenientes de diversas regiões, castas e produtores. Mostramos a seguir os seis campeões. A Chardonnay dominou o cenário. Em quantidade e qualidade.

Em relação aos produtos de anos atrás, percebe-se uma boa melhora na qualidade enológica dos brancos, bons passos acima no degrau da qualidade. Ainda há o que evoluir, com certeza, e espaço para isso. Quanto aos melhores, exibiram bom equilíbrio geral, limpidez, frescor e vivacidade. De cor límpida, clara e correta, são bem perfumados no ataque. Em boca, um pouco mais leves. A pujança aromática esmaece algo depois de uns 10 minutos em copo, mas se mantém em boa forma, e até com mais equilíbrio com o corpo do vinho. Temperatura ideal de serviço, mais refrescados, na casa dos 8 a 9 graus C. Não se recomenda longa guarda nem decantação prévia.

A prova, às cegas, transcorreu em copos de degustação padrão ISSO/INAO, no salão gourmet do restaurante Terra Madre, um dos melhores locais públicos para prova de vinhos em Curitiba. O serviço impecável foi conduzido pela mestre sommelier Sandra Zottis. Após a prova, o estrelado chef Ivan Lopes serviu um inspiradíssimo jantar.

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