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Originária da região de Madi­ran, sudoeste da França, a uva tannat chegou ao Uruguai no século 19 pelas mãos de comerciantes italianos. Lá, encontrou território ideal para se desenvolver e logo ocupou boa parte dos vinhedos. “Assim como a carmenère se adaptou ao Chile, a tannat se adequou muito bem ao solo e clima do Uruguai”, compara a enóloga e sommelier Sônia Petri.

Hoje, o vinho tannat é o ícone dos tintos uruguaios. “Os principais vinhedos ficam em Mon­tevidéu, como o Família Bouza”, diz o professor de enologia e enogastronomia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Andersen Prado.

Como o nome sugere, esses vinhos são ricos em tanino – componente das cascas e sementes das uvas. “Daí vem sua cor intensa e sabor potente, com toque mais rascante, adstringente”, descreve o sommelier Roberto Cartaxo. Por outro lado, a acidez deles não é um incômodo ao paladar.

Vinhos com muito tanino dão a sensação de amarrar na boca. Por isso é bastante usada para corte (ou mistura) com outras uvas. “O corte corrige a tanicidade, a acidez e até a cor do vinho”, explica Prado. Mas, segundo ele, quando bem produzidos, mesmo os vinhos 100% tannat podem ser redondos – com acidez e taninos equilibrados. Na versão pura, os uruguaios são os mais indicados por ele.

Carregado de cor e extrato seco, o vinho deve ser envelhecido no barril, mas não precisa de longa guarda na garrafa. “Um bom tannat está pronto para o consumo logo depois de engarrafado”, diz Prado. Um décanter ajuda a oxigená-lo para exalar seus aromas de frutas pretas ou vermelhas, geleias e especiarias. “Quando envelhecido no carvalho, seu sabor lembra baunilha ou chocolate”, descreve o professor.

Mais redondos

“Antes considerado duro e adstringente, o tannat evoluiu, está mais macio, com taninos mais agradáveis ao paladar, pronto para o consumo”, diz o sommelier Cartaxo. Não por acaso, sua aceitação aumentou no Brasil, assim como sua presença nas cartas de vinhos de adegas e restaurantes.

Ele destaca mais um bom motivo para optar pelos vinhos: essa uva é muito saudável, com alta concentração de resveratrol, um antioxidante natural defendido na área médica como benéfico para o sistema circulatório e na prevenção de câncer.

O vinho é ideal para acompanhar pratos fortes à base de carne com molhos potentes. “Harmoniza bem com carnes de caça, como javali, ou carnes vermelhas ao ponto, de sabor acentuado e bastante suculência”, sugere o sommelier.

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