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Depois dos restaurantes da rede Fasano, D.O.M, em São Paulo, e da chef Roberta Sudbrack, do Rio de Janeiro, quem agora começa a falar em deixar de ofertar vinhos brasileiros nas cartas de seus restaurantes são os chefs de Curitiba. Junior Durski, da rede Madero e Durski Internacional, e o restaurateur Rafael Zanette, do C La Vie e Terra Madre, anunciaram que também farão boicote ao vinho brasileiro a partir deste fim de semana.

O boicote começou no eixo Rio-São Paulo em função da polêmica possibilidade de salvaguarda solicitada pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Na proposta estão previstas várias medidas, entre elas o aumento do imposto e aplicação de cotas para os vinhos importados.

Durski disse nesta sexta-feira que irá começar o boicote em todos os restaurantes da rede Madero e no Durski. “A partir de hoje vou aderir ao movimento espontâneo que acontece em outros restaurantes brasileiros e vou retirar os vinhos brasileiros dos restaurantes. No cardápio, vamos colocar uma etiqueta em cima do preço dos vinhos informando a razão pela qual isso acontece,” afirma. Deixarão de ser comercializados 50 rótulos – 2% da carta de vinhos –, com exceção da vinícola Salton, que desistiu do apoio à salvaguarda.

Durski afirmou que o pedido de salvaguarda pode gerar problemas que vão além de comerciais. O chef acredita que restrições aos rótulos estrangeiros poderão criar entraves diplomáticos. Ele usa como exemplo Portugal, grande fornecedor para o mercado brasileiro. “Governos de países que se sentirem prejudicados com esta medida poderão sobretaxar outros produtos como represália”, afirmou Durski.

Para o Raphael Zanette, que também é sócio da importadora Magnum, as retaliações aos rótulos nacionais forçarão a Ibravin a retroceder no pedido de salvaguarda. Os restaurantes da rede Vino! trabalham com dois rótulos nacionais e também aderiram ao boicote.

Na opinião do advogado e colunista de vinhos do Bom Gourmet, Guilherme Rodrigues, a atitude dos restaurantes é correta, pois o preço dos vinhos nacionais é três vezes maior no Brasil em comparação ao comércio dos mesmos rótulos no exterior. E ele complementa que esta atitude pode ser prejudicial para as marcas nacionais: “O pedido de salvaguarda gera uma ideia de que os vinhos brasileiros não têm qualidade e, por isso, necessitam deste tipo de ação para vender”.

O proprietário da importadora Porto a Porto, Pedro Correia de Oliveira, diz que o boicote será muito perigoso para o vinho nacional, pois a produção brasileira “irá pagar o pato por meia dúzia de dirigentes classistas”. Oliveira afirmou também, que esta é uma atitude antipática com o consumidor nacional, afinal não adianta “vivermos numa democracia política e uma ditadura econômica”.

O empresário disse que a melhor maneira para um crescimento tanto das marcas nacionais quanto das estrangeiras é o trabalho para um desenvolvimento conjunto. “De 1994 para cá, quando os vinhos internacionais começaram a entrar com mais força no mercado interno, os vinhos nacionais desenvolveram muito para não perder espaço”. Com base neste exemplo, Correia mostra que produtores nacionais e estrangeiros têm condições de disputar espaço no mercado interno.

O que diz o Ibravin
Apesar das discussões e mobilizações nacionais, o Instituto Brasileiro do Vinho manteve sua posição inicial de defender a salvaguarda do vinho nacional após reunião nesta semana com produtores associados.

A instituição tem convicção de que o fortalecimento do mercado nacional virá com uma série de medidas (propostas ao MDIC), entre elas a redução de ICMS sobre o vinho (que atualmente fica entre 12% e 30%) e o aumento de impostos de importação.

Outro ponto que acredita que beneficiaria os produtores brasileiros é a criação de cotas para vinhos importados a partir da média dos últimos três anos de importação de cada país.

Qual é sua opinião? Você acha que restringindo a importação de vinhos irá aumentar o consumo de rótulos de produtores nacionais?

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