Quando Flávia Quaresma e a nutróloga Jane Corona lançaram Saboreando Mudanças não tinham ideia de que o livro, focado no universo feminino, iria render tantos frutos. A aceitação da publicação – que fala da influência da alimentação e a importância de receitas para tornar a vida das mulheres mais prática e saborosa – foi enorme. Junto com o sucesso do livro – já na 5.ª edição – veio a cobrança: os homens queriam uma versão masculina. Em agosto, a dupla pretende lançar Saúde em Jogo, que revela como se alimentar de forma inteligente pode interferir na qualidade de vida dos homens. Flávia conta que, a partir do encontro com Jane, começou a ver os alimentos por outro ângulo, além de sabor, prazer e fonte de energia. “Entendi que eles também tinham função terapêutica. A partir daí, mudei minha alimentação e meu modo de cozinhar.”
A chef está entusiasmada com o livro que acaba de sair do forno. E é fácil entender a animação de Flávia. Poucos sabem, mas a carioca já entrou em três faculdades. Não terminou nenhuma. “Achei que seria médica, depois jornalista e até atriz. Fui mudando de profissão, mas não estava satisfeita. Decidi, então, fazer um curso de francês em Paris”. E foi na França, encantada com bistrôs e brasseries, que a ficha caiu. “Lembrei de minha infância, quando cozinhava com a avó Paula. Ela era apaixonada pela cozinha francesa. Juntas, nas férias, colocávamos receitas em prática. Uma diversão de sabores! Ela dizia que eu deveria fazer algo ligado à comida. Naquela época, não tínhamos a cultura gastronômica que temos hoje”, recorda.
Ficha caída, Flávia estudou no Cordon Bleu e viveu a gastronomia em tempo integral. De volta ao Brasil, fazia patês, tortas e bolos e, aos poucos, foi se infiltrando no mercado. “Quando me dei conta, tinha invadido a cozinha, lavanderia e garagem da casa de meus pais e estava à frente de um serviço de bufê. De festa em festa, conquistei clientela. Já com restaurante e programas de TV, consegui projeção nacional. Tudo aconteceu rápido. Muito trabalho e pouco tempo pra pensar”, conta.
Desde que fechou as portas do Carême Bistrô, a chef está em nova fase de sua vida gastronômica. Tem buscado trabalhos sociais e estudos. “Acho que o cozinheiro tem um papel importante fora da cozinha. Um deles é buscar a aproximação da agricultura e da gastronomia. Juntos, podemos defender produtos brasileiros e valorizar nossas riquezas”. Além de palestras, eventos e festivais, Flávia trabalha no Instituto Maniva, com Teresa Corção, lutando pela cultura da mandioca. “Estou envolvida em um projeto, que ainda está muito no começo, mas posso adiantar que não é restaurante”.
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