Afirmando nunca ter feito curso de gastronomia, Jun Sakamoto revela que foi
aprendendo os segredos do sushi com muito trabalho e com mestres como Takatomo Hachinohe, do famoso restaurante Komazushi, de São Paulo. Mas a carreira do filho de japoneses começou de maneira incerta. Ainda estudante e com 18 anos, foi para Nova York,onde ficou três meses e fez “bico” como ajudante de cozinha em restaurantes.

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Voltou, prestou vestibular para agronomia e não passou. Pensou, então, em ser fotógrafo. O pai não gostou da escolha. Para se sustentar, trabalhava como sushiman. Paralelamente, montou uma produtora com um amigo e, com um projeto na mão, foi para o Japão para gravar um programa. A veiculação aqui no Brasil, porém, não vingou. Vendeu a produtora e retornou para Nova York e, no sofisticado restaurante japonês Shimashi, aprendeu com Nakamura-san a arte de limpar e cortar peixes.

“Fiquei em NY um ano, quando voltei para o Brasil era para ser apenas uma visita, pois estava determinado a morar nos EUA. Neste período, reencontrei uma amiga – que hoje é minha esposa – e aí o retorno ficou difícil. Acabei ajudando outra amiga a construir um restaurante. Foi aí que descobri outra paixão: a arquitetura. Entrei na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)da USP, cursei por três anos, mas infelizmente não terminei o curso”, explica.

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A filha de Sakamoto ia nascer e ele resolveu entrar “de cabeça” na área gastronômica. “Nesse momento a aventura deu vez à responsabilidade e resolvi
abrir meu próprio restaurante. Foi o melhor investimento de minha vida”,revela.

“Emprestei dinheiro de minha mãe, do sogro e do cunhado e eu mesmo fiz o projeto. Carreguei lata de concreto, quebrei paredes, fiz a parte elétrica e boa parte da hidráulica com o pedreiro. Gastamos apenas R$120 mil e fizemos algumas dívidas. Marceneiro, serralheiro e outros fornecedores acreditaram no meu sonho e concordaram em receber, quando eu
começasse a faturar. Finalmente,em 3 de setembro de 2000, inauguramos o Restaurante Jun Sakamoto”, conta.

Além do restaurante, hoje Sakamoto comanda a badalada lanchonete hamburgueria Nacional (Rua Leopoldo Couto De Magalhães Júnior, 822, no Itaim/Vila Olímpia). “Sempre gostei muito de sanduíches e não queria expandir o business do sushi apenas para ganhar dinheiro, então achei melhor procurar outro produto que pudesse escalar”, explica. O sushiman dedica ainda parte de seu tempo para ajudar o Centro Martha Kuboiama (CMK), entidade que apóia crianças em tratamento de câncer; faz parte do comitê de gestão do Hospital Santa Cruz e preside a Associação Nacional de Restaurantes (ANR).

Todo ano, Sakamoto vai ao Japão. “As viagens têm a intenção de buscar os valores e princípios da arte de fazer sushi. A maior lição que aprendi foi a
de desaprender os erros que acumulei ao longo do meu aprendizado. Aprendi que poderia ser meu melhor professor se mantivesse sempre viva a vontade de fazer o melhor todo dia”.