• Carregando...

Nunca gostei muito de picanha por implicar com o gosto de gordura que fica na carne. Pelo menos as que eu tinha experimentado até então mantinham um certo “ranço”. Como é que eu ia saber que esse sabor – mesmo depois de aparada a capa gordurosa – se devia à labareda levantada sobre a carne depois do carvão ser respingado pela gordura? Indo ao Picanha Brava.

Depois de eu experimentar o prato – uma picanha com cogumelo Paris e molho roti, porção individual a R$ 19,75 –, o proprietário do restaurante, Paulo Roberto Canabrava, deu uma aula sobre esse tipo de carne, sua especialidade. Quem quiser alguma explicação é só requisitá-lo. O papo depois do jantar pode render conhecimentos sobre a origem da carne, os melhores bois, a fisiologia da carne, os cortes (sempre feitos perpendicularmente à fibra), a temperatura do fogo. Só para esclarecer: lá ele usa uma grelha especial que evita as tais labaredas e por isso a carne não fica com sabor desagradável…

Graças à técnica utilizada no restaurante (grelha especial, temperatura, corte, acondicionamento), a maciez da carne foi preservada – mesmo eu tendo pedido que ela fosse “bem passada”. Ao contrário do que possa parecer – pelo menos ao imaginar um restaurante tendo a picanha como ingrediente principal –, o menu não é rústico. Passa longe de qualquer conceito simplório. A comida é boa, o preço é justo (uma pessoa gasta, entre entrada, prato principal e bebida, cerca de R$ 30) e o discurso convence. Um exemplo é o molho roti, feito na casa, bem diferente do industrializado. Outro molho – o chimi churri – está lá para comprovar a alquimia entre ervas, conhaque, azeite de oliva e alho. Ambos muito bons. Aliás, por lá, nada de acompanhamentos convencionais. Até há a opção de picanha no sal com farofa, maionese e arroz, mas o menu criado pelo chef Délio Canabrava, irmão de Paulo, conta com legumes grelhados, molhos de queijos e afins. Tudo bem estudado, afinal, acompanhar a picanha (que tem sabor pronunciado) não é tarefa tão fácil quanto fazê-lo com o mignon, que é mais neutro.

Dois destaques no menu de entradas: o cogumelo Paris empanado, servido com molho de limão e alho (porção a R$ 9,85), e o tartar steak de picanha, uma espécie de carne de onça condimentada (porção a R$ 9,75). A picanha simples para duas pessoas, com acompanhamentos, custa R$ 32.

O Picanha Brava fica numa casa construída em 1930, bem na rota de quem ia para o Norte do Paraná. Servia de comércio de leite e as lembranças desse tempo estão presentes nos galões da bebida espalhados agora como objetos decorativos. Nas paredes, a exposição do fotógrafo Albari Rosa, com lances de futebol. A idéia de Canabrava é manter sempre as paredes forradas com belas imagens. Coisa que aprendeu desde o tempo que se tornou sócio do Beto Batata.

[restaurantes=1436105]

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]