
A CCR, uma das maiores empresas de infraestrutura e mobilidade do Brasil, pode estar perto de se desfazer de seus negócios em aeroportos. Para isso, segundo a agência de notícias Bloomberg, a companhia contratou a consultora financeira Lazard e o Itaú Unibanco para estruturar a venda de 20 ativos no setor, sendo 17 no Brasil e três internacionais.
O grupo, que era dedicado a concessões de rodovias e de mobilidade, entrou para o mercado de aeroportos em 2012, quando adquiriu participação no aeroporto de Quito, no Equador. Naquele ano ainda entrou nas concessões dos aeroportos de Curaçao e Juan Santamaria, na Costa Rica.
No Brasil, começou pelo leilão do aeroporto de Confins, em 2013, depois arrematou os blocos Sul e Centro-Oeste em 2021 e assumiu a Pampulha, em Belo Horizonte, no ano seguinte, chegando à atual carteira de aeroportos que caminham para ir ao mercado:
- Afonso Pena - São José dos Pinhais/Curitiba (PR)
- Bacacheri - Curitiba (PR)
- Cataratas - Foz do Iguaçu (PR)
- Governador Beto Richa - Londrina (PR)
- Lauro Carneiro de Loyola - Joinville (SC)
- Ministro Victor Konder - Navegantes (SC)
- Comandante Gustavo Kraemer - Bagé (RS)
- Pelotas (RS)
- Rubem Berta - Uruguaiana (RS)
- Santa Genoveva - Goiânia (GO)
- Marechal Cunha Machado - São Luís (MA)
- Prefeito Renato Moreira - Imperatriz (MA)
- Brigadeiro Lysis Rodrigues - Palmas (TO)
- Senador Nilo Coelho - Petrolina (PE)
- Senador Petrônio Portella - Teresina (PI)
- Confins/Tancredo Neves - Belo Horizonte (MG)
- Pampulha - Belo Horizonte (MG)
- Willemstad - Curaçao
- Juan Santamaria - Costa Rica
- Quito - Equador
Desde 2023, a companhia demonstrava estar aberta à possibilidade de realizar movimentos de consolidação em seus ativos de aeroportos. O ex-diretor executivo da CCR Aeroportos, Fábio Russo, falou sobre o assunto em algumas oportunidades — ele deixou a companhia no início deste mês.
O diretor-executivo do Grupo CCR, Miguel Setas, também não escondeu essa possibilidade. A avaliação sempre foi de que esse setor, pelo menos no Brasil, é muito disperso e que seria natural um movimento que reduzisse a quantidade de concessionárias, otimizando estruturas e capacidade operacional.
Até então, a possibilidade era de se desfazer de empreendimentos nos quais não tinha controle total, no caso os internacionais e Confins. E até mesmo formar joint ventures nos outros aeroportos brasileiros. Agora, porém, o pacote completo pode ir para o mercado.
Todos os contratos de aeroportos assinados pela CCR preveem a possibilidade da transferência das concessões para outro operador.
Em teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2024, Setas disse que o grupo CCR entende que o mercado, sendo muito fragmentado no segmento de aeroportos, tem oportunidades de consolidação e e que "queremos estar atentos”. Segundo o diretor-executivo, o grupo está “numa fase preparatória” para “destravar valor e maximizar valor numa eventual transação”, mas “sem nenhuma urgência, sem nenhuma pressão de timing.”
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a CCR, mas a empresa informou que não falaria sobre o assunto.
CCR deve investir R$ 846 milhões em aeroportos em 2025
Os aeroportos representam cerca de 10% da operação financeira do Grupo CCR, sendo que a fatia maior tem origem nas concessões rodoviárias, acima dos 60%. Vender os ativos de aeroportos ajudaria a companhia a seguir investindo nos setores prioritários — a expectativa da empresa é levantar pelo menos R$ 10 bilhões para participar de novos leilões.
Em 2024, a CCR entregou grande parte das obras previstas na primeira fase das concessões dos blocos Sul e Centro-Oeste, mas ainda tem obras significativas para executar em 2025 e 2026, como o novo plano diretor de Navegantes e a nova pista do Afonso Pena. Segundo a CCR, a projeção é investir R$ 846 milhões somente neste ano.
Todos os contratos de aeroportos assinados pela CCR preveem a possibilidade da transferência das concessões para outro operador, desde que o poder concedente seja antecipadamente informado. No caso de Confins e dos blocos Sul e Centro-Oeste, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) precisa aprovar a troca da concessionária. À Gazeta do Povo, a Anac comunicou que nenhum pedido de transferência por parte da CCR chegou à agência.
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