A área em que uma das minas da Braskem colapsou em Maceió há uma semana está sem monitoramento por conta da falta de sensores, que foram levados pela água quando o teto da cavidade se rompeu no último domingo (10).
O rompimento de parte da mina 18 abriu uma cavidade de cerca de 60 metros de diâmetros e uma profundidade ainda desconhecida, segundo estimativa da Defesa Civil de Maceió. O órgão afirma, no entanto, que a exploração do sal-gema sob a lagoa Mundaú era realizada a mil metros, mas que isso não significa que a cavidade aberta pelo colapso tenha este alcance.
O órgão afirma que o rompimento do teto da mina levou junto os sensores que eram usados para monitorar os deslocamentos do solo tanto dela como de outras próximas, como a 20 e a 21, que também correm o risco de desabar. Os equipamentos, no entanto, já foram recolocados com um helicóptero, mas devem começar a enviar os dados apenas daqui a 10 dias, como explica Abelardo Nobre, coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió.
“Já conseguimos recolocar o sensor na borda da cavidade da mina 18, ele já está emitindo sinais e dados, mas precisamos ter estes 10 dias para o envio de dados consistentes para apurar o comportamento do solo naquela região. [Isso é] importante para que possamos compreender o que aconteceu, se foi um rompimento, um colapso parcial do teto da cavidade, um colapso total, juntando com outros estudos que estamos também já realizando”, disse em entrevista à GloboNews na tarde deste domingo (17).
Será a partir do recebimento destes dados que a Defesa Civil terá condições de saber exatamente o quanto o rompimento tragou de água e o impacto no nível de salinização da lagoa. De acordo com o órgão, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) deve divulgar um estudo com a avaliação da qualidade da água em breve.
Por precaução, um perímetro próximo às áreas de risco foi definido pela Defesa Civil para que os pescadores da lagoa Mundaú não se aproximem, que também deve ser revisto após a retomada do monitoramento.
Ainda segundo Abelardo Nobre, as duas minas próximas à que se rompeu, a 20 e a 21, apresentam algum risco potencial de desabamento – mas sem “anomalia” neste momento.
“O risco potencial existe porque são cavidades a 700, 800, mil metros de profundidade que ainda não foram preenchidas e que, com qualquer movimento maior da [mina] 18 ou uma delas, pode acarretar sim na influência entre as outras minas”, explicou.
Ao todo, são 35 minas escavadas na região da lagoa Mundaú, sendo que cinco delas já foram preenchidas com material sólido – areia, entre outros – e mais quatro seguem abertas a serem preenchidas. Sem mencionar números, a Defesa Civil afirmou que algumas das outras ainda precisam de estudos e há parte delas que já se auto preencheram, com movimentação interna e pressurização natural.
A extração de sal-gema da Braskem começou na década de 1970 e foi interrompida em 2018, quando as primeiras anomalias no bairro do Mutange e localidades próximas começaram a ser registradas. No ano seguinte, a exploração foi interrompida e os moradores foram retirados do bairro.
A situação começou a se complicar neste segundo semestre, quando outras áreas ainda habitadas também começaram a sofrer anomalias, o que levou à retirada de mais moradores e ampliação da área de risco. Por conta disso, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU), junto de outros órgãos locais, passaram a negociar um novo acordo com a Braskem.
No entanto, os órgãos afirmam que a companhia não avançou nas negociações, o que levou a um pedido de bloqueio de R$ 1 bilhão em recursos na última terça (12). A Braskem confirmou o pedido, mas disse na sexta (15) que a restrição ainda não havia sido efetivada.
À Gazeta do Povo, a Braskem informou que vai recorrer da liminar e que "segue dialogando com as autoridades e desenvolvendo ações com foco na segurança das pessoas e na implementação de medidas amplas para mitigar, compensar ou reparar impactos decorrentes da desocupação dos imóveis afetados".
A atualização do mapa inclui áreas no bairro Bom Parto, na rua Marquês de Abrantes, na Vila Saém e no bairro do Farol, todas designadas como áreas de monitoramento, onde a realocação é opcional.
"Em relação à atualização do Mapa de Ações Prioritárias, a região ocupada nos bairros é constantemente monitorada e não existem estudos técnicos que indiquem a necessidade de novas desocupações", completou a Braskem.
Em uma outra nota recente, a companhia afirmou ter desembolsado mais de R$ 9 bilhões em ações adotadas em Alagoas, incluindo indenizações e medidas socioambientais. Cerca de 40 mil pessoas de mais de 14 mil imóveis foram realocadas em quatro anos pelo Programa de Compensação Financeira.
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