A onda de ataques ao transporte público do Rio de Janeiro nesta segunda (23) que destruiu 35 ônibus e deixou a Zona Oeste da cidade em alerta foi provocada pela morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, que estava sendo preparado para assumir a liderança do grupo criminoso.
Faustão, como era conhecido, tinha um papel significativo na maior milícia do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, ele vinha há três meses estreitando laços com o Comando Vermelho, a maior facção de traficantes do estado.
Além de ser sobrinho de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, Faustão era um homem de confiança da milícia, desempenhando um papel crucial.
A milícia liderada por Zinho atua em três bairros da Zona Oeste do Rio – Santa Cruz, Campo Grande e Paciência – e arrecada de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões mensalmente por meio de atividades ilegais, como fornecer suposta segurança privada e comercializar produtos como botijões de gás, sinal de internet e galões de água.
Ele também foi o responsável por levar Zinho, líder da milícia, a um local onde deveria se esconder da polícia. Faustão era frequentemente visto carregando um fuzil AK-47, semelhante ao usado por seu tio.
Investigações apontam que Faustão esteve envolvido em cerca de 20 assassinatos e foi denunciado por planejar a morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, também conhecido como Jerominho, em 2022. Ele estava preso desde 2007 após ser denunciado pelo Ministério Público acusado de fundar a Liga da Justiça, milícia hoje comandada por Zinho.
De acordo com o Ministério Público, Faustão era uma figura-chave na organização criminosa, uma vez que o tio Zinho raramente era visto nas áreas sob controle da milícia. As autoridades acreditam que Faustão estava sendo preparado para assumir o controle do grupo.
Ainda segundo a polícia, Faustão mantinha contato com o traficante Philip Motta Pereira, conhecido como Lesk, que foi assassinado pelo CV por participar da morte de três médicos na orla da Barra da Tijuca, no começo do mês. Um deles era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
A morte de Faustão desencadeou uma série de ataques a ônibus na cidade do Rio de Janeiro, levando à decisão de enviar seis dos 12 suspeitos detidos por envolvimento nos ataques para presídios federais, considerando as ações como “terrorismo”.
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