O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden) emitiu neste sábado (11) um alerta de risco “muito alto” para o Rio Grande do Sul neste domingo (12) para ameaça de inundações, alagamentos, deslizamentos de terra e desabamentos devido às fortes chuvas que assolam o estado desde a última semana.
O estado já tem 446 cidades afetadas pelas fortes chuvas da última semana que provocaram alagamentos e deslizamentos de terra principalmente na metade Norte, como Vale do Taquari, serra e a região de Porto Alegre. 136 pessoas morreram e 618 mil estão fora de casa.
O aviso do Cemaden abrange regiões como o Noroeste, Centro-Ocidental, Nordeste, Sudeste, Sudoeste Rio-Grandense e a metropolitana de Porto Alegre. A chuva foi incessante durante todo o dia e deve continuar assim no domingo (12).
Esse cenário, afirma o Cemaden, é impulsionado pela passagem de uma frente fria e pelo desenvolvimento de uma área de baixa pressão no litoral gaúcho, resultando em um choque entre o ar quente e úmido e uma massa de ar frio, propício para a formação de nuvens carregadas.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alerta para chuvas mais intensas no centro-leste e nordeste do estado, incluindo a região metropolitana de Porto Alegre. O domingo (12) é esperado como o dia com maior volume de chuva, com acumulados podendo ultrapassar os 80 milímetros, o que aumenta o risco de níveis elevados nos rios, como nas bacias do Guaíba, onde pode superar os 5 metros.
Por conta disso, as cidades na beira da Lagoa dos Patos, que é para onde fluem as águas do Guaíba, também alertaram para alagamentos a partir de domingo (12). Partes dos municípios de Rio Grande e Pelotas já estão embaixo d'água, principalmente nas primeiras quadras às margens da lagoa.
A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB-RS), afirmou que a expectativa é de que o pior momento da enchente, com a vazão das águas que já transbordaram no Lago Guaíba, ocorra entre segunda (13) e quarta (15).
"Por um lado, é muito angustiante. Por outro, temos tempo para nos preparar. Completamos uma semana de trabalhos para enfrentar as cheias", disse em entrevista à GloboNews neste sábado (11).
Durante a tarde, a prefeitura da cidade aumentou o perímetro de alerta para enchentes para mais bairros da cidade na beira da lagoa. Mascarenhas pediu que a população que vive nestas regiões “não deixe para a última hora” a saída das casas. “A partir de segunda-feira, vamos ter o pico, o momento mais grave, provavelmente, desta crise difícil”, afirmou.
Rio Taquari volta a ultrapassar cota de inundação
O Rio Taquari, que atravessa a Região dos Vales, uma das áreas mais afetadas pelos temporais no Rio Grande do Sul, registrou um aumento significativo de 6 metros em apenas 24 horas, voltando a ultrapassar a cota de inundação em Estrela. De acordo com medições da Defesa Civil local, o nível atingiu 19,24 metros às 19h deste sábado (11).
As autoridades estimam que o rio continue subindo e possa alcançar a marca de 24 metros. No início deste mês, o Serviço Geológico do Brasil registrou um recorde histórico de 31,2 metros em Estrela e Lajeado, durante a pior fase das enchentes.
O governo do Rio Grande do Sul emitiu recomendações para que os moradores que residem em áreas próximas ao rio ou que têm histórico de inundações deixem suas casas e busquem abrigo em locais seguros.
O Vale do Taquari, que está enfrentando novamente as consequências das chuvas, foi a mesma região duramente atingida por um ciclone seguido de enchentes em setembro de 2023. Naquela ocasião, 54 pessoas perderam a vida e quatro ainda estão desaparecidas, ressaltando a gravidade e recorrência dos desastres naturais na área.
O boletim mais recente da Defesa Civil gaúcha, divulgado no começo da noite deste sábado (11), aponta que 136 pessoas morreram em decorrência das chuvas e enchentes que atingem o estado desde a última semana. Ainda há 806 feridos e 125 desaparecidos.
Em todo o Rio Grande do Sul, foram atingidos 446 municípios dos 497 do estado, afetando 2,1 milhão de pessoas. Destas, 618,4 mil seguem fora de casa, sendo 81 mil em abrigos e 537,3 mil na casa de parentes ou amigos. Ao todo, foram salvas 74,1 mil pessoas das enchentes pelas forças integradas.
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