O estudo “Panorama da Infraestrutura – Edição Sul”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresenta nesta terça-feira (30) um diagnóstico das condições produtivas e logísticas, identificando as necessidades de investimentos e pleitos do setor industrial nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul.
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Segundo a pesquisa, 81% das empresas da Região Sul apontam a precariedade da malha de transportes como o maior problema de infraestrutura por causa da má qualidade das rodovias que impactam diretamente a quantidade de acidentes. - Outros problemas apontados foram:
- acesso aos portos
- falta de hidrovias
- custo da energia
- custo dos combustíveis
- disponibilidade de fibra ótica
- tratamento de água e esgoto.
O estudo é resultado do levantamento com cerca de 2,5 mil executivos de grandes e médias indústrias do país, ouvidos em 2022, para o panorama da CNI nas áreas de transporte, energia elétrica, gás natural, telecomunicações e saneamento básico. “A infraestrutura deficitária de transportes afeta a segurança viária, eleva a emissão de poluentes, gera engarrafamentos e pressiona os custos logísticos em virtude do aumento do consumo de combustível e deterioração dos veículos. Como consequência, o setor produtivo perde competitividade em relação a outros mercados”, avalia o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, que ainda alerta que a infraestrutura deficiente é um dos principais componentes do Custo Brasil.
O relatório do Sul, o primeiro de uma série de cinco trabalhos da CNI sobre a infraestrutura do país por regiões, será lançado nesta terça-feira no encontro da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre. Na Região Sul, de acordo com o levantamento, a precariedade da infraestrutura de transporte rodoviário é o maior problema entre os diferentes modais pesquisados. Apenas 26% das rodovias federais públicas apresentam boas condições.
A classificação como “boa” ou “ótima” sobe para 62% entre as rodovias concedidas ao setor privado.
Segundo o levantamento nacional, 20% dos empresários industriais apontam a infraestrutura rodoviária como ruim ou péssima, média superada na Região Sul, onde a situação é considerada crítica por 25% dos entrevistados.
Para o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, uma infraestrutura que facilite o escoamento da produção é fundamental para reter e atrair investimentos. “A carência que temos nesta área ameaça o desenvolvimento econômico do Estado. Além disso, nos impõe um grande desafio para acelerar a conclusão das obras prioritárias, cujo tempo de execução de algumas delas já superam dez anos”, diz Petry.
O estudo aponta a necessidade de investimentos de aproximadamente R$ 400 bilhões anuais durante as próximas duas décadas para superar o déficit no setor em todo o país.
“Diante da evidência de que as verbas públicas são insuficientes para reverter esse quadro, o único caminho viável é o crescimento dos recursos privados”, ressalta a CNI. Anunciado no ano passado, o Novo PAC do governo federal tem previsão de R$ 231 bilhões para obras na Região Sul, sendo a maior parte no eixo “Transporte Eficiente e Sustentável”.
CNI aponta obras prioritárias na infraestrutura da região
Com base nos dados levantados a partir da pesquisa com o setor empresarial, a CNI sugere a priorização de obras de manutenção, adequação e expansão de corredores logísticos estratégicos na BR-101 em Santa Catarina, na BR-290 no Rio Grande do Sul e na BR-277 no Paraná.
No caso paranaense, as obras consideradas fundamentais pelo estudo estão relacionadas às alternativas de acesso ao Porto de Paranaguá e Antonina. A cobrança da CNI é pelo avanço do projeto de construção do trecho rodoviário chamado “Contorno da Baía de Guaratuba” como forma de superar as restrições de chegada aos portos, previsto há cerca de 50 anos pela BR-101 na divisa entre Paraná e Santa Catarina.
Do lado catarinense, a CNI também cobra “celeridade ao processo de avaliação e autorização” da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aos investimentos extras do Plano de Exploração Rodoviária (PER) na BR-101.
Pela ferrovia paranaense, a demanda está no ramal de Guarapuava, na região central do estado, e Paranaguá, no litoral do Paraná. De acordo com o levantamento, existe a necessidade de estabelecer uma nova descida da Serra do Mar para acesso ao Porto de Paranaguá com gabarito de túneis para empilhamento de contêineres. Neste modal de transporte, a pesquisa apontou que 31% dos empresários industriais consideram a infraestrutura ferroviária como “ruim” ou “péssima” na Região Sul, mesmo percentual de insatisfação do setor em nível nacional.
Ainda no transporte ferroviário, a CNI solicita o acompanhamento e fiscalização do processo de renovação antecipada ou nova concessão da Malha Sul, além de buscar por soluções para devoluções de trechos que não são “economicamente viáveis” para a concessionária.
Entre os aeroportos, a CNI destaca a implantação da nova pista com 3 mil metros no Aeroporto Internacional de Curitiba, o Afonso Pena (localizado em São José dos Pinhais), o que permitirá realizar decolagem com capacidade máxima das aeronaves de grande porte em voos diretos nacionais e internacionais. A obra está prevista no contrato de concessão do Afonso Pena à CCR Aeroportos, que chegou a pedir a troca da construção pelo prolongamento da pista atual, o que foi negado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
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