Os voos da TAP para Portugal se tornaram o desejo de consumo de cidades, estados e aeroportos brasileiros nos últimos meses. Quem ainda não tem operação da companhia aérea vem apostando no diálogo e na aproximação com dirigentes da empresa e autoridades do país europeu para entrar na lista de destinos com conexões regulares para Lisboa — hoje são 90 voos semanais para 13 aeroportos.
Pelo menos cinco cidades do Brasil tentam aumentar a presença da companhia portuguesa no país:
- Aracaju (SE)
- Curitiba (PR)
- Goiânia (GO)
- João Pessoa (PB)
- São Luís (MA)
Por enquanto, porém, nenhuma delas recebeu uma sinalização concreta de que receberá voos da TAP em um futuro próximo. A principal estratégia usada para o convencimento é a apresentação de dossiês em eventos internacionais de turismo na Europa, com direito a presença de governadores, prefeitos, secretários de turismo, empresários e agências locais de promoção turística. O objetivo é sempre conseguir um lugar na agenda de diretores da companhia, que vem se mostrando aberta à interlocução.
Em março ocorreu a 35ª edição da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a mais importante feira de turismo internacional de Portugal. E quem bateu à porta da TAP na oportunidade foram o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP). Eles se encontraram com o diretor-executivo da companhia, Luís Rodrigues, e como já é praxe, o otimismo imperou.
“Tivemos uma reunião com toda a diretoria da TAP para discutir a possibilidade de conexão [com Lisboa]. Foram avanços importantes e em breve teremos retorno de montagem de uma equação que possa viabilizar esses voos”, declarou Azevêdo na ocasião.
Não apenas a Paraíba, mas outros estados vêm contando com o apoio da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) na intermediação com a companhia portuguesa. O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, também é presença constante nos eventos internacionais e vem apostando na ligação com Portugal. No mês passado, inclusive, a agência reabriu o escritório em Lisboa, agora chamado de Visit Brasil Office, para manter o contato mais de perto com autoridades e empresas da Europa.
O diretor-executivo da TAP não se aprofundou nos planos da companhia para o Brasil, mas disse que “é nosso objetivo levar cada vez mais turistas para o Brasil, não só de Portugal, mas de toda a Europa e África, de onde a TAP voa”. Na Bolsa de Turismo de Lisboa, ele acrescentou: “Juntamente com a Embratur, queremos continuar a ser a principal companhia aérea internacional a conectar a Europa com o Brasil”.
Dossiê tem aeroporto sem capacidade para voos diretos para a Europa
A mesma estratégia de João Pessoa e Paraíba foi usada anteriormente por outros destinos brasileiros. Só no ano passado, a TAP recebeu o governador do Sergipe, Fábio Mitidieri, e representantes dos governos do Paraná e do Maranhão. Sem contar as agências de promoção turística e as concessionárias de aeroportos, como a CCR, que administra os terminais de Curitiba e São Luís. Todos intensificaram a participação em feiras de turismo para marcar reuniões com diretores da companhia aérea.
Quem mudou esse roteiro foi a cidade de Goiânia, que buscou em Brasília o embaixador português no Brasil, Luís Faro Ramos, para apresentar o “Dossiê Turístico Goiânia-Lisboa”, com análises sobre viabilidade da rota, demanda, crescimento do setor aéreo na cidade e destinos turísticos próximos. O prefeito Sandro Mabel (União Brasil) participou da reunião no fim de março.
A presidente da Agência Municipal de Turismo e Eventos (GoiâniaTur), Nárcia Kelly, saiu otimista da reunião em busca de ampliação de voos da TAP. “A implementação de um voo direto entre Goiânia e Lisboa é um passo estratégico para consolidar nossa cidade como um importante destino de negócios e turismo. Goiânia já se destaca nacionalmente no turismo corporativo e possui infraestrutura hoteleira robusta para atender ao aumento de visitantes”, disse.
O problema é que o aeroporto Santa Genoveva não tem capacidade para operar um voo direto para Lisboa devido ao comprimento da pista de pouso e decolagem, que é de 2.286 metros, e à altitude de 748 metros. Essa combinação impede que aeronaves de grande porte decolem com passageiros, bagagens e combustível suficientes para chegar à Europa. A única alternativa seria uma extensão de voo a partir de alguma cidade do Nordeste que seja feito com uma aeronave menor.
Esse é o mesmo impeditivo do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Com 2.218 metros de pista e 911 metros de altitude, as restrições são bastante parecidas — a distância para Lisboa é ainda maior no caso da capital paranaense.
Entretanto, ao contrário de Goiânia, o terminal curitibano terá uma nova pista com 3 mil metros de comprimento, o que viabilizará tecnicamente os voos de longa distância para a Europa. A previsão é de que a obra fique pronta em 2026.
TAP tem mercado de milhões de passageiros no Brasil
O Brasil é o principal mercado internacional da TAP. Só em 2024, a companhia transportou 2,058 milhões de passageiros entre os dois países, um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior e 16,1% acima do registrado em 2019, antes da pandemia de Covid-19. Quando somadas as outras empresas que voam entre Brasil e Portugal, foram mais de 3,3 milhões de pessoas.
Em 1º de abril, a TAP retomou a conexão entre Lisboa e Porto Alegre após quase um ano de interrupção devido aos impactos das enchentes no aeroporto Salgado Filho. Nesse intervalo, Florianópolis acabou ganhando antecipadamente uma rota para a capital portuguesa para compensar a saída temporária de Porto Alegre — a capital catarinense continuará na malha aérea da companhia mesmo com a retomada em solo gaúcho.
O avanço da TAP no Brasil tem relação com um modelo específico de avião: o Airbus A321LR.
A TAP opera 90 voos semanais em 13 cidades brasileiras, ligando não apenas Lisboa, mas também o Porto, na região norte do país europeu:
- Guarulhos-Lisboa - 18 voos por semana
- Guarulhos-Porto - 3 voos por semana
- Rio de Janeiro-Lisboa - 11 voos por semana
- Rio de Janeiro-Porto - 2 voos por semana
- Recife-Lisboa - 11 voos por semana
- Belo Horizonte-Lisboa - 7 voos por semana
- Fortaleza-Lisboa - 7 voos por semana
- Salvador-Lisboa - 7 voos por semana
- Belém-Lisboa - 6 voos por semana
- Brasília-Lisboa - 6 voos por semana
- Natal-Lisboa - 6 voos por semana
- Florianópolis-Lisboa - 3 voos por semana
- Porto Alegre-Lisboa - 3 voos por semana
- Manaus-Lisboa - 3 voos por semana (com escala em Belém)
- Maceió-Lisboa - 3 voos por semana (com escala em Natal)
O avanço da TAP no Brasil nos últimos anos tem relação com um modelo específico de avião: o Airbus A321LR. É uma aeronave de corredor único, como as normalmente utilizadas em voos domésticos, com o diferencial de que têm um alcance superior, de 7,4 mil quilômetros, contra 6 mil quilômetros da versão padrão, o A321neo.
Com o alcance superior e capacidade menor — 168 assentos —, a TAP conseguiu expandir os voos para as regiões Norte e Nordeste do Brasil, em especial Manaus, Belém, Natal e Maceió. Nas demais praças, manteve o Airbus A330 e o A330neo, seja pela demanda maior ou pela necessidade de alcance maior, como Porto Alegre e Florianópolis, mais distantes de Lisboa — a capacidade dos modelos A330 variam entre 269 e 298 assentos.
O A321LR seria capaz, por exemplo, de voar diretamente entre Lisboa e as interessadas Aracaju, João Pessoa e São Luís. Poderia também operar em Goiânia, desde que com escala em alguma cidade do Nordeste. No caso de Curitiba, um voo direto só será possível com o A330 após a construção da nova pista.
Mais de 200 mil pessoas participam do funeral do papa Francisco nesta manhã; acompanhe
Por que o STF prendeu Collor, livrou Lula e como prepara o terreno contra Bolsonaro
22 cardeais despontam como favoritos ao papado; veja levantamento exclusivo
Colapso anunciado: dívidas com pessoas e empresas vão encurralar governo após a eleição