Tráfego de veículos no contorno viário da Grande Florianópolis deve ser liberado no próximo dia 9.| Foto: Arteris/Divulgação
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Previsto para ficar pronto em 2012, o contorno viário da Grande Florianópolis foi concluído nesta quarta-feira (31). A expectativa é de que a obra - que acumula mais de uma década de atraso e ficou 875%  mais cara no período - desafogue o trânsito da BR-101, na região metropolitana, e reduza os custos operacionais dos veículos e do tempo de viagem.

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O contorno viário de Florianópolis é um corredor expresso que cruzará as cidades de Biguaçu, São José, Palhoça e Governador Celso Ramos e, com isso, desviará o trânsito da BR-101 na região que dá acesso à capital do estado catarinense.

A estimativa da concessionária Arteris Litoral Sul, que administra o trecho, é de que cerca de 18 mil caminhões, que representam 20% do tráfego total, utilizem o contorno viário por dia - o que fará com que motoristas tenham ganho de 1 hora e 22 minutos no tempo de viagem no horário de pico, diz o presidente da Câmara de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Egídio Antônio Martorano.

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Por hora, um caminhão parado tem prejuízo estimado de R$ 150, segundo a Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc). Com isso, estima-se que o contorno reduza, por dia, em torno de R$ 3,7 milhões em prejuízos por caminhão parado.

Martorano aponta, ainda, que a obra tem como benefício a segregação do tráfego urbano, que geralmente é de curta distância, do tráfego de longa distância, que usará o contorno. Haverá ainda redução dos níveis de gases e ruídos ao longo do segmento rodoviário que corta a malha urbana e diminuição de acidentes, diz.

No entanto, ele alerta que, apesar de o contorno poder gerar melhoria no trânsito na Grande Florianópolis, o benefício pode ser passageiro quando o problema é o conflito com o tráfego urbano. “Neste quesito é necessário haver um planejamento sistêmico e integrado para um transporte público eficiente e de qualidade – esta é uma questão para resolver em conjunto pelos municípios componentes da zona metropolitana e o único caminho é o transporte público”.

A nova rodovia,concluída nesta semana, foi considerada a maior obra de infraestrutura rodoviária em andamento no Brasil. São 50 quilômetros de extensão, com velocidade operacional de 100 km/h. A estrada foi construída de forma mais plana e com curvas suaves, evitando a necessidade de reduções bruscas de velocidade e garantindo a característica de corredor expresso.

Apesar da conclusão das obras, o tráfego na região só será liberado após a cerimônia de inauguração, que está marcada para 9 de agosto, de acordo com a Arteris Litoral Sul. O evento deve contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Se confirmada, essa será a primeira vez que Lula virá a Santa Catarina em seu terceiro mandato. O ato também deve contar com a participação do ministro dos Transportes, Renan Filho.

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As obras no contorno viário de Florianópolis tiveram início no ano de 2008, com investimento previsto de R$ 400 milhões, segundo o monitor da Fiesc. De acordo com a Arteris Litoral Sul, o valor total da obra foi de R$ 3,9 bilhões, ou seja, subiu 875% no período.

Raio-x do contorno viário de Florianópolis

  • Rodovia terá 50 quilômetros em pista dupla e passará pelos municípios de Governador Celso Ramos, Biguaçu, São José e Palhoça. 
  • Seis acessos por trevos.
  • Quatro túneis duplos.
  • Sete pontes.
  • 20 passagens em desnível.

Histórico dos atrasos

A Fiesc monitorou os trabalhos no contorno viário de Florianópolis e elencou os principais fatores do atraso da obra: projetos e estudos (40%), licenciamento ambiental (40%) e desapropriação (20%). O presidente da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc explica que "o atraso se deu pela postergação da obra da primeira concessionária que propôs a melhoria do corredor na zona metropolitana, desconsiderando o contorno proposto. Após uma mobilização da sociedade se definiu manter o contorno".

A obra iniciou, então, em 2008 e enfrentou a primeira barreira em 2012,  quando foi solicitada a alteração do traçado do contorno para evitar a segregação da área urbana de Palhoça. No local onde passaria a nova rodovia foi construído um condomínio residencial. Com isso, foram realizados novos estudos e mais um projeto foi desenhado para o trecho sul.

A nova rota previa cortar uma área montanhosa de Mata Atlântica, o que exigiu a construção de mais três túneis, que não estavam previstos no projeto inicial e que encareceram a obra. Além disso, ficou definido que o contorno iniciaria no km 177 da BR-101, em Biguaçu, terminando no km 220 da mesma rodovia, em Palhoça.

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Após análises do impacto ambiental da obra e a licença concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o projeto passou pelo crivo da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). E exigiu, ainda, nova rodada de desapropriações: foram mais de 800. Em fevereiro de 2021, a Arteris iniciou as obras na região, finalizando então as melhorias nesta semana.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]