Duas escavadeiras hidráulicas de mais de 5 toneladas cada vêm realizando um trabalho meticuloso de demolição, desde o mês de novembro, em plena Avenida Atlântica na Barra Sul de Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina. Na cidade com o maior valor por metro quadrado do Brasil, cenários de obras fazem parte da rotina. Mas no caso do Edifício Ivo Agostinho Roveda, este trabalho chama a atenção pelo local onde os equipamentos foram instalados, a 60 metros do chão.
A edificação está sendo posta abaixo naquele que é considerado pela construtora Embraed, responsável pela obra, como a maior demolição mecânica do Brasil. As escavadeiras foram içadas até o topo do prédio e de lá vêm, de forma controlada e cuidadosa, quebrando lajes e paredes do edifício erguido no terreno de 3,5 mil metros quadrados.
Novo edifício terá assinatura Armani
Para o local está prevista a construção de um novo empreendimento, o primeiro com a assinatura Armani/Casa no país. O Armani/Casa Residences by Embraed terá um valor geral de vendas de R$ 1,5 bilhão e contará com 78 andares, com unidades de até 1,1 mil metros quadrados. O lançamento oficial do empreendimento está marcado para 2026.
“Das 113 unidades residenciais, 31 serão ainda mais exclusivas, com layouts personalizáveis, incluindo piscinas e jardins privativos. As áreas comuns e comodidades também serão únicas, pois foram totalmente projetadas pelo Armani/Casa Interior Design Studio e contarão com acessórios Armani/Casa,” detalhou a diretora-executiva da Embraed, Tatiana Cequinel.
“Este novo projeto é uma exploração mais profunda do meu conceito de estilo de vida, com os padrões de excelência e qualidade aos quais aspiro, e que são essenciais para mim, enquanto a localização em um cenário natural tão expansivo, com vista para o mar, confere um significado especial a toda a iniciativa", declarou Giorgio Armani em nota enviada à reportagem.
Demolição controlada está sendo feita de dentro para fora, de cima para baixo
Para que todo esse projeto vire realidade, o antigo ocupante do terreno precisa vir abaixo. Em entrevista à Gazeta do Povo, o engenheiro civil Rodrigo Jardim, responsável pela demolição, explicou que o trabalho feito pelas escavadeiras, andar por andar, foi a alternativa escolhida para garantir a segurança dos trabalhadores e dos moradores do entorno.
“Nós estamos fazendo tudo de forma manual, com rompedores hidráulicos, marreta e talhadeira, andar por andar, além das escavadeiras. Me perguntaram por que não optar pela implosão, que seria um processo muito mais rápido. Sem dúvidas que seria rápido, mas a opção nossa foi dessa forma pela segurança de uma demolição controlada”, disse.
O prédio original contava com 16 apartamentos, um por andar, além das lajes técnicas. Ao todo, o Edifício Ivo Agostinho Roveda tinha 20 pavimentos, quatro dos quais foram completamente demolidos. De acordo com o engenheiro, os detritos estão sendo levados para o chão por meio dos fossos dos elevadores e de dutos instalados ao redor da construção.
O ritmo atual de demolição do prédio, informou o engenheiro, é de um andar por semana, em média. As fortes chuvas que atingiram a região no início do ano tiveram um pequeno impacto no cronograma, mas a previsão é que o trabalho esteja concluído entre abril e maio.
90% dos materiais da demolição serão reaproveitados na construção civil
Um dos diferenciais da obra, destacou Jardim, é a reutilização de parte do entulho da demolição. O material está sendo processado pela Usina Camboriú Gestão de Resíduos e, de acordo com as contas da construtora, 90% do que restou das paredes e lajes do edifício poderá voltar para a indústria da construção civil.
De acordo com dados da Embraed, 2,8 mil toneladas de materiais demolidos serão transformadas em novos insumos para o mercado da construção civil. Na atual etapa da demolição, cerca de mil metros cúbicos de resíduos estão sendo processados diariamente.
Equipamentos especializados reciclam o material e fazem a separação eficiente de concreto, madeira, ferro, plástico, cobre e outros produtos. “Todo o material reciclável é transformado em areia, rachão e bases recicladas, que retornam ao mercado como matéria-prima para novas obras. Esse ciclo sustentável é essencial para a preservação do meio ambiente," apontou Roberto Bastos, sócio-proprietário da usina responsável pela reciclagem.
Antes do início da demolição, o prédio contava com apartamentos mobiliados. Móveis, portas, janelas e até mesmo um elevador panorâmico que estava instalado no Edifício Ivo Agostinho Roveda também foram reaproveitados e doados a instituições de caridade por meio do Instituto Rogério Rosa, braço social da construtora.
Escassez de terrenos vai levar à demolição de prédios antigos
A iniciativa de demolir um prédio existente para a construção de outro, mais moderno, é uma tendência que deve se tornar o padrão em Balneário Camboriú nos próximos anos. De acordo com o engenheiro, a escassez de novos terrenos, principalmente aqueles de frente para o mar, pode fazer com que as construtoras tornem esta estratégia cada vez mais comum.
“A saída para os novos empreendimentos vai ser essa mesma. Eu imagino que não era a ideia original da empresa, mas foi a opção para este prédio específico. Era um prédio de 16 apartamentos, 20 andares, pequeno para os padrões atuais. Não é o primeiro empreendimento que a empresa adquiriu para demolição. É uma nova realidade, um caminho que pode virar um novo padrão”, completou Jardim.
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