O governador Cláudio Castro (PL) aceitou nesta segunda (21) a renúncia de toda a diretoria da Fundação Saúde do Rio de Janeiro, em meio às investigações relacionadas à contaminação por HIV de seis pacientes que receberam transplantes de órgãos no estado. A decisão busca garantir maior transparência nas apurações e evitar qualquer tipo de interferência no andamento da apuração.
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro diz que reforçou o compromisso de continuar prestando serviços à população, mesmo durante as mudanças na diretoria da Fundação. A pasta também disse que uma nova equipe será nomeada em breve para assumir a gestão da instituição.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) conduz as investigações sobre possíveis irregularidades nos contratos firmados pela Fundação Saúde com o laboratório PCS Saleme, foi responsável pelos exames de HIV dos doadores envolvidos nos transplantes.
Segundo o MPRJ, um dos sócios da empresa, Matheus Sales Teixeira Vieira, teria parentesco com o ex-secretário estadual de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Júnior, conhecido como Dr. Luizinho. O objetivo do inquérito é apurar se houve favorecimento nos contratos entre a Fundação e a empresa, assim como nos termos de ajuste de contas.
O caso ganhou destaque após a revelação de que seis pacientes contraíram o vírus HIV após receberem órgãos transplantados no estado. De acordo com as investigações, exames de dois doadores realizados no laboratório PCS Saleme teriam apresentado resultados falsamente negativos para o HIV, o que permitiu que os órgãos fossem utilizados nos procedimentos.
O contrato entre a Fundação Saúde do Rio de Janeiro e o laboratório foi firmado em dezembro de 2023, com vigência de 12 meses e um valor total de R$ 11,4 milhões. O acordo previa a realização de análises clínicas e de anatomia patológica pela empresa.
No último fim de semana, a coordenadora técnica do PCS Saleme foi presa por envolvimento no caso. A polícia aponta falhas no controle de qualidade dos testes, que deixou de ser realizado diariamente e passou a ser semanal, o que diminui a sensibilidade da reação.
A ministra Nísia Trindade, da Saúde, reconheceu que o ministério sabia da contaminação por HIV de pacientes transplantados no Rio de Janeiro há um mês, mas que não tocou a investigação adiante por falta de evidências.
Quando o caso veio à tona, a pasta informou que havia iniciado uma apuração interna no dia 14 de setembro, quando recebeu a primeira notificação de um paciente infectado. Nísia afirmou que antes da denúncia, dia 11 de outubro, não havia motivo para acionar a autoridade.
“Apenas quando se caracteriza suspeição de possível ação criminosa é que a polícia deve ser acionada. E a partir do momento que novos casos foram verificados e que indícios começam a ser levantados, é que eu procurei a Polícia Federal, que é o papel que cabe a uma instância federal”, disse após um evento em São Paulo à Band.
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