De acordo com o boletim de ocorrências emitido da 8ª Companhia Independente da Polícia Militar da Bahia (8º CIPM), o conflito que resultou na morte de uma indígena, na zona rural de Potiraguá, Sudoeste da Bahia, no domingo (21), teve início com um disparo de arma de fogo por parte dos indígenas.
Até o momento, dois fazendeiros foram presos por suspeita de participação no crime.
A vítima, Maria Fátima Muniz de Andrade, mais conhecida como Nega Pataxó, fazia parte do grupo que reivindicava o controle da Fazenda Inhuma, que segundo os indígenas é uma área de ocupação tradicional. A região onde fica localizada na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu tem um longo histórico de conflitos fundiários.
O irmão de Nega do Pataxó, o cacique Nailton Muniz Pataxó, também ficou ferido, mas foi socorrido para o hospital e não corre risco de morte. Nega do Pataxó chegou ao hospital com vida, mas não resistiu aos ferimentos.
“Os invasores fizeram dois vaqueiros de reféns, que liberaram no decorrer da manhã (de sábado (20). Segundo um dos vaqueiros que foi feito de refém, alguns indígenas estavam com o rosto coberto e eles estavam armados com rifles, revólveres, pistolas e espingardas calibre .12. No decorrer do dia foi montada uma Operação da PM para acompanhar a situação, com cerca de 6 viaturas, duas delas da CIPE Sudoeste e as outras da 8ªCIPM. Um indígena foi preso pela PM na manhã de sábado quando se dirigia para uma das fazendas. Ele estava com uma arma artesanal, que foi apreendida, e as demais pessoas que o acompanhavam fugiram ao ver a abordagem. As guarnições da PM mantiveram contato com os indígenas na fazenda invadida e o restante do dia e na madrugada decorreu tudo na normalidade. Na manhã do domingo (21/01), os pecuaristas da região, se reuniram na ponte do Rio Pardo para discutir a situação da fazenda invadida. Na reunião, os mesmos decidiram tentar retomar a posse da propriedade rural. Diante disso, guarnições da Polícia Militar fizeram um ponto de bloqueio em frente a fazenda invadida para evitar um conflito, quando foram surpreendidos por mais de 200 pessoas que se aproximaram e se identificaram como fazendeiros da região. Momento em que houve um disparo de arma de fogo por parte dos indígenas e, a partir disso, generalizou um confronto entre indígenas e fazendeiros, com disparos de arma, pedras e flechadas”, diz um trecho do boletim da Polícia Militar a que a Gazeta do Povo teve acesso.
Pelas redes sociais, a ministra dos Povos Indígenas (MPI), Sonia Guajajara, acusou os fazendeiros pela morte da indígena, que teria ocorrido durante a tentativa de reintegração de posse “por meios próprios, sem decisão judicial”.
Os fazendeiros foram apontados como integrantes do grupo “Invasão Zero”, movimento criado para repelir ações de grupos invasores como o MST (Movimento Sem-Terra) e análogos.
Por meio de nota, o Movimento Invasão Zero repudiou a ação contra os indígenas e disse que “jamais colaborou com atos de violência, em especial aqueles patrocinados por agentes externos que tentam retirar dos produtores rurais os meios fundamentais de subsistência”.
“O Movimento Invasão Zero atua de forma propositiva, auxiliando a edificação da liberdade e da Justiça, sem ideologias totalitárias, mas fundado no anseio de colaboração entre o setor produtivo, a sociedade e o Estado de Direito [...] O movimento dos produtores rurais brasileiros é ordeiro pacífico e legalista, e repudia qualquer ato de violência”, diz outro trecho da nota.
Já o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública do Estado (DPE) da Bahia afirmaram que o assassinato de indígenas no sul da Bahia tem ligação com a existência de uma milícia formada por policiais militares que atua no estado.
A declaração foi feita em nota conjunta na segunda-feira (22), um dia após a morte de Maria Fátima Muniz de Andrade.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião