O Brasil atingiu a marca de um milhão de casos de dengue em 2024, conforme dados atualizados nesta quinta-feira (29) pelo Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. Até o momento, foram registrados 1.017.278 casos e 207 mortes, com mais 687 óbitos em investigação.
Esse número representa mais da metade dos casos de todo o ano de 2023 e supera completamente os registros de 17 anos da série histórica, incluindo os anos de 2021, 2020, 2018 e 2017.
A alta de casos neste ano é considerada atípica devido às proporções acima do esperado e à ocorrência mais precoce do que o normal. A secretária de Vigilância em Saúde do ministério, Ethel Maciel, destacou que, “em geral, há um crescimento de casos no final de março e começo de abril”, mas que em 2024 “nós começamos a ver o crescimento dos casos já em janeiro”.
De acordo com o último informe semanal do Ministério da Saúde sobre dengue, baseado em dados até 24 de fevereiro, o Brasil registrou no início deste ano um aumento de 369% nos casos em comparação com o mesmo período do ano anterior, além de um aumento de 154% nos diagnósticos graves e de 31% nas mortes.
Essa situação é preocupante, visto que 2023 foi o segundo pior ano da série histórica, com 1.658.816 casos e o mais letal, com 1.094 óbitos.
A estimativa do Ministério da Saúde é que o Brasil alcance um número inédito de 4,2 milhões de infecções até o final do ano, ultrapassando em 149% o pior ano registrado até agora, 2015, quando foram contabilizados 1.688.688 casos da arbovirose.
A alta nos casos levou seis estados (AC, GO, MG, ES, RJ e SC) e o Distrito Federal a declararem estado de emergência em saúde, bem como capitais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Florianópolis. Essa medida, válida por seis meses, pode ser prorrogada e visa a implementação urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos à saúde pública.
A situação do DF é a mais crítica, com mais de 101,7 mil casos, mas com o maior coeficiente de incidência entre as 27 unidades federativas – alcançando 3.612,7. Minas Gerais aparece na sequência, com um coeficiente de 1.714, seguido pelo Espírito Santo (988,1), Paraná (878,2) e Goiás (857).
Em meio a essa situação, o Ministério da Saúde anunciou um montante extra de R$ 1,5 bilhão para o combate à dengue nas localidades em situação de emergência. Ações como essas visam uma resposta mais ágil diante do avanço da doença.
Apesar do início da campanha inédita de vacinação contra a dengue no Brasil, a oferta neste ano será limitada devido ao baixo quantitativo de doses disponíveis. O público-alvo da vacinação foi restrito a jovens de 10 a 14 anos de 521 municípios selecionados, devido à capacidade limitada de produção do imunizante.
Para o próximo ano, está previsto o envio de mais doses, além dos esforços para ampliar o acesso a vacinas para dengue, incluindo a produção nacional de imunizantes, como o desenvolvimento de uma vacina pelo Instituto Butantan, que está em fase final de testes clínicos e pode ser disponibilizada a partir de 2025, se aprovada pela Anvisa.
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