Os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) que foram recapturados na tarde de quinta (4) retornaram ao presídio na madrugada desta sexta (5). Eles ficaram foragidos por 50 dias e foram detidos a aproximadamente 1,6 mil quilômetros de distância em Marabá (PA) quando tentavam fugir do país, segundo explicou o ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública.
Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, foram levados de volta à unidade de segurança máxima durante a madrugada e agora estão em celas separadas com monitoramento constante. A própria penitenciária teve a segurança reforçada e a direção substituída.
Entre os diretores substituídos, Humberto Gleydson Fontinele Alencar havia sido afastado no dia da fuga e foi oficialmente exonerado do cargo também nesta sexta (5). Segundo a portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU), a dispensa definitiva será retroativa e começará a ser contada já a partir do dia 14 de fevereiro (veja na íntegra).
Rogério e Deibson foram detidos após 50 dias de fuga em um comboio com outros quatro criminosos divididos em três veículos, a que Lewandowski chamou de “comboio do crime”. A dupla chegou ao Pará após sair do Rio Grande do Norte através do Ceará.
O cerco ocorreu na BR-222 próximo a uma ponte que atravessa o Rio Tocantins. Com eles, foram apreendidos oito telefones celulares, um fuzil, munições, dinheiro em espécie, cartão de crédito e outros objetos. Também foram encontrados alimentos, água e roupas nos veículos.
Os outros quatro presos na operação ficarão detidos no sistema penitenciário do Pará.
A captura dos dois fugitivos ocorreu, ainda, seis dias depois da presença da Força Nacional ter sido desmobilizada no Rio Grande do Norte para entrar em uma segunda fase, com foco na inteligência.
Apesar do longo tempo entre a fuga e a recaptura, Lewandowski considerou que o prazo “segue paradigmas internacionais”.
Lewandowski informou que a prisão dos fugitivos só foi possível após uma "mudança da estratégia policial", que teve que expandir a busca para mais de mil quilômetros de distância do presídio e passou a contar com o sistema de inteligência.
O ministro ainda acrescentou que houve dificuldade na busca, porque os fugitivos foram "coadjuvados por criminosos externos e tiveram, portanto, o auxílio de seus companheiros das organizações criminosas a quais eles pertenciam".
O ministro também negou "qualquer pressão política", seja do presidente Lula ou de membros do governo, em relação a busca dos fugitivos.
Primeira fuga na história do sistema
Os fugitivos Deibson Nascimento e Rogério Mendonça escaparam da unidade de segurança máxima no dia 14 de fevereiro. Desde então, as operações de busca se concentraram nas áreas entre as cidades vizinhas de Mossoró e Baraúna.
A autorização para o uso da Força Nacional nas buscas foi concedida em 19 de fevereiro pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Um contingente de 100 homens e 20 viaturas foi deslocado para Mossoró para auxiliar nas operações.
As operações de busca mobilizaram helicópteros, drones, cães farejadores e outros equipamentos tecnológicos avançados, além de mais de 500 agentes posteriormente, incluindo efetivo da Força Nacional e equipes especiais da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
A fuga dos detentos ocorreu durante a madrugada após eles abrirem um buraco atrás de uma luminária no presídio e cortarem duas cercas de arame utilizando ferramentas de uma obra em andamento na área.
Durante a fuga, os fugitivos invadiram três residências e fizeram uma família refém. Segundo investigações da Polícia Federal, o Comando Vermelho, a que eles pertenciam, pode ter ajudado a financiar a fuga, pagando R$ 5 mil ao proprietário de uma fazenda para que auxiliasse na ocultação dos foragidos em sua propriedade.
Esta foi a primeira fuga na história do sistema penitenciário federal criado em 2006, que inclui outras unidades em Brasília (DF), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
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