Três pessoas foram denunciadas à Justiça do Rio de Janeiro nesta quarta (4) por suspeita de vazarem informações da operação que prendeu Ronnie Lessa e Elcio de Queiroz em 2019, em meio às investigações da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo a promotoria, o vazamento atrasou o andamento da apuração que levou depois à delação premiada do ex-pm, que revelou os mandantes do crime.
De acordo com a Força Tareça do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), foram denunciados o policial militar Maurício da Conceição dos Santos Júnior (conhecido como Mauricinho), Jomar Duarte Bittencourt Júnior (Jomarzinho) e Maxwell Simões Corrêa (Suel), por obstrução de investigação.
A apuração apontou que Jomarzinho vazou informações sobre a operação a Mauricinho e, posteriormente, a Maxwell. A operação Lume, deflagrada em 12 de março de 2019, resultou na prisão de Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, apontados como executores do crime.
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) do Gaeco, a que a TV Globo teve acesso, mostram conversas no aplicativo WhatsApp em que os denunciados discutiam o vazamento de informações sobre a operação Lume, que aconteceria na madrugada seguinte à troca de mensagens.
Ronnie Lessa foi preso enquanto tentava fugir de sua residência no condomínio Vivendas da Barra, mas a operação foi prejudicada pelo vazamento. A prisão ocorreu nas ruas, com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) já monitorando os movimentos de Lessa no dia anterior.
A promotora Patricia Costa afirmou que o vazamento prejudicou não apenas a operação em si, mas também a investigação sobre os homicídios de Marielle e Anderson e outros crimes relacionados.
“Esse vazamento deu um prejuízo muito grande às investigações. A operação precisou ser antecipada, o que dificultou a coleta de provas, muitas das quais podem ter sido destruídas”, apontou.
A denúncia foi aceita pela 33ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. Entre as medidas solicitadas pelo Gaeco e aprovadas pela Justiça, estão a suspensão do exercício da função pública e do porte de arma do policial Maurício da Conceição dos Santos Júnior.
Jomar Júnior também está proibido de manter contato com testemunhas ou outros denunciados, deve se apresentar à Justiça a cada dois meses e está impedido de deixar o estado do Rio de Janeiro sem autorização judicial.
A informação sobre o envolvimento de Jomarzinho, filho de um delegado da Polícia Federal já falecido, foi mencionada por Ronnie Lessa em seu depoimento recente no Supremo Tribunal Federal (STF), durante a audiência sobre os mandantes do assassinato de Marielle Franco.
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