O governador Cláudio Castro (PL-RJ), do Rio de Janeiro, criticou nesta terça (9) a postura do Itamaraty de pedir desculpas às famílias dos jovens negros filhos de diplomatas abordados pela Polícia Militar supostamente por racismo, na semana passada. A chancelaria brasileira fez um pedido formal de desculpas aos embaixadores do Gabão e de Burkina Faso pelo ato.
Na noite da última quarta (3), três jovens estrangeiros acompanhados de dois garotos brancos brasileiros foram abordados por uma viatura da PM por volta das 19h quando voltaram para casa em Ipanema, na Zona Sul da cidade. Segundo relatos da mãe de um dos rapazes, os agentes desceram com fuzis e pistolas em punho.
Castro afirmou que o Ministério das Relações Exteriores preferiu “botar nota pública antes de saber o que aconteceu”. “Acho até que isso é uma coisa que a gente tem que tomar cuidado, porque atacar a polícia antes de saber o que aconteceu é muito fácil”, disse pedindo mais respeito e consideração pelo trabalho da PM, destacando que “quando os filhos deles estão aqui quem vai defender é a polícia”.
“A gente tem que entender um pouco a complexidade do trabalho policial. Naquela região ali, o que os moradores mais reclamam é exatamente dos assaltos feitos por jovens. Aquele policial tá ali, como todos os outros que estão ali, procurando exatamente situações de jovens praticando delitos”, completou o governador defendendo a abordagem policial.
As declarações de Castro foram dadas durante um evento no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) sobre o serviço 190 da PM. Além de citar a “complexidade do trabalho policial naquela região”, o governador também eximiu os agentes de suposto racismo.
“O pessoal ficou falando da questão de racismo, mas tinham jovens negros e brancos. Então se houve algum erro, a corregedoria tá investigando”, pontuou.
Ele ainda afirmou que “é muito complicado para o policial saber se é filho de um diplomata ou se é alguém que tá cometendo um delito”, e que “crucificar o policial é o mais fácil”. “Se teve erro, nós vamos corrigir, mas a gente tem que entender a complexidade da região”, completou.
Raiana Rondhon, a mãe de um dos meninos brancos que acompanhavam os três jovens negros, afirmou que “após ‘perceberem’ o erro, [os policiais] liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças que não andassem na rua, pois seriam abordados novamente”. Além dos jovens de Burkina Faso e do Gabão, um canadense negro estava no grupo.
A Secretaria de Estado da Polícia Militar do RJ (SEPM) informou, através de nota, que as imagens gravadas pelas câmeras corporais dos policiais serão analisadas para constatar se houve excesso por parte deles.
A pasta afirma, ainda, que os cursos de formação da corporação têm “prioridade absoluta” no ensino de disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais. E disse, ainda, que a Ouvidoria da SEPM está à disposição dos cidadãos que se sentirem ofendidos para a formalização de denúncias.
O Itamaraty informou à Gazeta do Povo que solicitou uma apuração rigorosa e a responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem.
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