O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está articulando com ministérios a distribuição prioritária de alimentos a famílias do Rio Grande do Sul que sejam ligadas às comunidades ciganas, quilombolas e de terreiros. A ação é encabeçada pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR) que pediu a medida à pasta do Desenvolvimento Social (MDS).
A possibilidade de se priorizar estas comunidades na distribuição de alimentos foi publicada nesta terça (7) pela Folha de São Paulo. À Gazeta do Povo, o MIR afirmou que " atuando diretamente e por meio de parcerias para atender às vítimas, com especial atenção às pessoas mais vulnerabilizada". O MDS não respondeu ao questionamento da reportagem.
A medida foi adiantada à Folha por Paula Balduíno, diretora de políticas de quilombolas e ciganos da Igualdade Racial, que disse que a pasta está mapeando as famílias afetadas nestas comunidades. Ela afirma que tem recebido vídeos e áudios relatando a falta de alimentos.
“A gente vai ter que montar uma estratégia de levar por helicóptero esses alimentos para muitas dessas famílias. Então tem uma parte da nossa equipe que está exclusivamente dedicada a fazer esse levantamento e trabalhar na construção dessa logística junto com os outros órgãos”, disse.
A medida, no entanto, é vista com desconfiança pela oposição. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que “nem na tragédia há sanidade no governo Lula. A prioridade deve ser para todos que estejam necessitando, independente de qualquer coisa”.
O MIR rebateu e afirmou que atende às populações mais vulnerabilizadas que "antes mesmo das inundações ocupam o topo dos piores índices de qualidade de vida, como pessoas negras, quilombolas, indígenas, ciganas".
"Desde as primeiras chuvas, a pasta tem articulado com outros ministérios e movimentos sociais o envio de cestas básicas, e outros itens de primeira necessidade para as comunidades atingidas", completou.
A pasta afirmou, ainda, que este momento "é de união, não cabem desavenças políticas, desinformação, ou tentativas de deslegitimar as amplas ações e medidas que o governo federal vem realizando com muito compromisso e esforço concreto".
No último domingo (5), o próprio Ministério da Igualdade Racial informou que estava monitorando os impactos “especialmente” nas comunidades quilombolas, ciganas e de terreiros, e que tem articulado com outras pastas e movimentos sociais o envio de cestas básicas e outros itens de primeira necessidade.
“O Ministério da Igualdade Racial está nesta força-tarefa de apoio emergencial. Estamos mobilizados e fazendo um levantamento sobre as populações quilombolas ciganos e povos de terreiro que foram afetadas e unindo nossos esforços dentro do governo federal no que for preciso”, disse a ministra Anielle Franco.
De acordo com a pasta, o estado do Rio Grande do Sul tem mais de sete mil famílias quilombolas, 344 famílias ciganas e aproximadamente 1,3 mil famílias de comunidades tradicionais de matriz africana e terreiros, “muitas delas estão ilhadas, sem acesso à água, energia e alimento”, pontuou o ministério.
O boletim mais recente da Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgado na manhã desta terça (7) aponta que já são 388 cidades atingidas em todo o estado, com mais de 1,3 milhão de pessoas afetadas. As enchentes fizeram 90 vítimas fatais e ainda há 361 feridos e 132 desaparecidos.
O estado gaúcho tem 203,8 mil pessoas fora de casa, sendo que 48,1 mil estão em abrigos e 155,7 mil desalojados.
A reportagem foi atualizada após pronunciamento do MIR à Gazeta do Povo.
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