Na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), água tomou conta das ruas| Foto: Lauro Alves/Secom
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As chuvas intensas que provocaram enchentes no Rio Grande do Sul, com 83 mortes e 111 desaparecidos até esta segunda-feira (6), afetam também a logística de transportes em todo o estado, com prejuízos a setores econômicos. São 163 pontos de interdição em rodovias, suspensão parcial das atividades em ferrovias, além do fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre.

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Os impactos ainda estão sendo contabilizados pelo governo do estado, prefeituras, empresas e entidades. Como 364 dos 497 municípios do estado foram atingidos pelas fortes chuvas, há muitas localidades sem acesso por rodovia. A Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul) afirma que os bloqueios “estão afetando toda a cadeia de suprimentos”, mas ainda não há levantamento dos prejuízos.

Já a Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro) estima  impacto em todos os frigoríficos, laticínios, fábricas de embutidos, incubatórios e fábricas de rações das áreas atingidas. As principais dificuldades são de recebimento de animais para abate ou de matéria prima, escoamento da produção e recolhimento dos resíduos. Segundo o órgão, não há risco de desabastecimento.

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A situação é reforçada pelo diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle. Ele estima que 60% dos associados da entidade estão tendo problemas para transportar bois e escoar carne, porque “não tem estradas para logística”.

“Os prejuízos são incalculáveis”, afirma, ressaltando que “não se tem ideia de até quando vai” a situação das enchentes. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou, nesta segunda, alerta vermelho para o Rio Grande do Sul, com grande perigo devido às chuvas intensas.

Entre os 163 pontos de interdição em rodovias totais ou parciais, 61 pontos são em estradas federais, segundo o balanço mais recente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e 102 trechos em 58 rodovias estaduais.

Para tentar recuperar de forma mais imediata a infraestrutura rodoviária do Rio Grande do Sul, o governo do estado anunciou no domingo (5) abertura de crédito suplementar no valor de R$ 117,7 milhões no orçamento para as rodovias. Do total, R$ 92 milhões serão destinados para restauração e reparos gerais nas estradas estaduais, além de R$ 13 milhões para reconstrução de ligações regionais. O ato normativo também define a alocação de R$ 3 milhões para a reconstrução das rodovias RS-118 e RS-734.

Veja mapa com os bloqueios

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Trens também são suspensos no Rio Grande do Sul

Devido aos eventos climáticos extremos, a Rumo suspendeu parte da operação no estado. “A circulação de trens neste momento está parcialmente interrompida na região e os danos aos ativos ainda estão sendo devidamente mensurados”. Em avaliação inicial, a empresa afirmou que “não espera desvios materiais dos resultados estimados para o ano de 2024”, mantendo metas e projeções desenhadas no início do ano.

Os trens da Rumo atuam entre Cacequi e Rio Grande, transportando, principalmente, grãos e combustíveis. A companhia ainda não tem levantamento dos prejuízos provocados por essa suspensão parcial. Os trechos afetados são:

  • Cruz Alta - Santa Maria
  • Santa Maria - Cacequi
  • Cacequi - Rio Grande

Aeroporto fechado até o final do mês

Aeroporto de Porto Alegre está fechado desde a última sexta-feira. Foto: Fraport / Divulgação

Nesta segunda-feira (6), a Fraport Brasil, que administra o Aeroporto Internacional Salgado Filho, comunicou à Aeronáutica que os voos estão suspensos até 30 de maio. Em nota, explicou: “as operações no Porto Alegre Airport seguem suspensas por tempo indeterminado. Para cumprir a legislação aeroportuária, hoje (6/5), foi emitido um Notam (notice to airman) com data final em 30/5, que se trata de um documento, reconhecido internacionalmente, que tem a finalidade de divulgar alterações e restrições temporárias que possam ter impacto nas operações aéreas. Este aviso se destina às empresas e instituições relacionadas à aviação e pode ser alterado a qualquer momento. Esclarecemos que não há previsão de retomada das operações”.

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O aeroporto ficou todo alagado com a cheia do rio Guaíba, que atingiu a marca histórica na capital gaúcha na sexta-feira (3), e seguiu subindo até alcançar 5,3 metros no domingo (5).

A maior inundação da cidade tinha sido em 1941, quando as águas chegaram a 4,75 metros, alagando o centro histórico.

Em pronunciamento no final da tarde de domingo, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), alertou para a manutenção do Guaíba em patamar elevado “no mínimo quatro ou cinco dias” até começar a baixar.

A Fraport está realizando levantamento de quantos passageiros foram impactados de sexta até esta segunda-feira com o fechamento do aeroporto. Já a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que as companhias que cancelaram os voos com origem ou destino para Porto Alegre “flexibilizaram as regras de remarcação e reembolso”. A orientação aos passageiros é de entrarem em contato com a companhia aérea para remarcar ou solicitar reembolso do bilhete.

Outros aeroportos do Rio Grande do Sul - como os das cidades de Passo Fundo, Caxias do Sul, Pelotas e Santo Ângelo - estão operando, mas podem ser impactados pelas condições meteorológicas do estado.

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