Imagem ilustrativa.| Foto: StockSnap/Pixabay
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As redes sociais repercutiram, ao longo da semana, o caso da bancária Jeniffer Castro, filmada e hostilizada por não querer entregar seu assento em um voo a uma criança que estava chorando. Em entrevista ao programa Encontro com Patrícia Poeta, da Rede Globo, na sexta-feira, Jeniffer esclareceu o episódio e desfez algumas impressões iniciais, como a de que a filmagem tinha sido feita pela mãe da criança. Ela ainda afirmou que, apesar do enorme apoio recebido de internautas, seus familiares têm recebido mensagens de tom intimidatório, e por isso deve buscar a Justiça.

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No vídeo, de 38 segundos, uma mulher diz que Jeniffer “se nega a trocar [de assento] com uma criança que está nervosa porque ela não quer trocar de lugar. Eu até perguntei se ela tem alguma síndrome, alguma coisa, porque se a pessoa tem algum problema, uma deficiência, a gente até entende, mas a pessoa não quer trocar por nada”. Quando Jeniffer percebe que está sendo filmada, questiona a autora do vídeo, que responde: “Estou gravando a sua cara porque você não tem empatia com as pessoas e isso é repugnante. Se fosse com um adulto, até tudo bem, mas como uma criança?” Pode-se ouvir uma voz de homem endossando a crítica à bancária, que se mantém calma, com fones de ouvido.

Jeniffer Castro explicou, na entrevista, que o vídeo não foi feito pela mãe da criança que chorava, ao contrário do que se acreditava, e sim por uma outra passageira sem relação nenhuma com a família da criança. Foi a filha da autora do vídeo que o publicou em seu perfil no TikTok, com o comentário “E minha mãe que encontrou uma pessoa sem empatia com criança” – a conta @marycomciencia foi desativada após a repercussão do episódio. A bancária explicou que, ao embarcar no voo do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, encontrou a criança de 4 anos sentada no assento que ela havia marcado para si, próximo a uma das janelas. Jeniffer, então, disse que aquele era o seu lugar e a criança começou a chorar ao ser retirada de lá. Jeniffer acrescentou que havia vários membros da família no voo, e que havia inclusive um outro lugar na janela para eles, mas que a criança o recusou e seguiu insistindo em ficar no assento que era da bancária.

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Mãe de criança disse que não aprova divulgação de vídeo e pediu desculpas a Jeniffer Castro

Em vídeo enviado à coluna de Leo Dias, a mãe da criança afirmou que não concordou com a gravação e a divulgação do vídeo, e que já no embarque havia percebido que o filho menor estava em uma poltrona que não era a dele, dizendo à família que, quando o passageiro [no caso, Jeniffer] chegasse, a criança deveria sair daquele assento. No entanto, o menino começou a chorar ao ser tirado do lugar pelos familiares. “Não justifica ele fazer birra, mas é uma criança como qualquer outra criança dessa idade, que em algumas situações vai se comportar de maneira inadequada (...) eu expliquei para ele o tempo todo, mas ele continua dizendo que ‘a moça pegou o meu lugar’, porque pensou que aquele assento era o dele”, afirmou a mãe.

A mãe da criança se desculpou com a bancária. “Quem ficou incomodado com a atitude da Jennifer não fui eu”, ela afirmou. “Em nenhum momento eu pedi, nem me direcionei à Jeniffer. Ela sabe disso (...) Ela foi insultada, mas jamais por ninguém da minha família, e sim por uma senhora que estava vestindo uma camisa de uma ONG”, acrescentou. Ao encerrar o vídeo, ela pede “desculpa pra Jeniffer porque, realmente, ela foi exposta por causa de uma birra de uma criança”.

Passageiros não são obrigados a mudar de lugar

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, a atitude de Jeniffer Castro ao não querer ceder seu lugar tem amparo nas regras aeronáuticas brasileiras. Quem adquire antecipadamente o direito de marcar assentos tem o direito de ocupar o lugar que escolheu – um serviço que normalmente é cobrado pelas companhias aéreas, com preços diferentes de acordo com a localização da poltrona. O manual aeronáutico brasileiro só prevê trocas de assento por determinação da tripulação. Há algumas regras que devem ser seguidas: crianças, pessoas com autismo ou com necessidades especiais que exigem acompanhamento, devem obrigatoriamente se sentar ao lado de pelo menos um dos pais, ou do responsável, mas não há obrigatoriedade de que um desses lugares seja o da janela. Os assentos das fileiras onde ficam as saídas de emergência também só podem ser ocupadas por pessoas que estejam aptas a abrir o dispositivo em caso de necessidade – crianças e idosos, por exemplo, não podem se sentar nessas fileiras.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]