Mirando uma das maiores organizações criminosas da América do Sul, o Primeiro Comando da Capital (PCC), a Polícia Federal (PF) deflagrou simultaneamente duas operações nesta sexta-feira (17). O foco está em travar recursos obtidos por meio da lavagem de dinheiro, que pretende dar ar de legalidade aos recursos. Os bens bloqueados pela Justiça são estimados em R$ 80 milhões.
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De acordo com a investigação, os líderes da organização criminosa, por meio de uma complexa cadeia de atos ilícitos, importavam roupas da China e as disponibilizavam em redes de loja do varejo têxtil, utilizando o chamado “branqueamento” do recurso ilícito. A tentativa era de ocultar a origem ilícita dos recursos advindos do tráfico de drogas.
Após a venda dessas mercadorias, o dinheiro “sujo” retornava para a organização criminosa já “lavado”, dificultando a identificação da origem criminosa dos valores, aponta a PF. Carros, dinheiro em espécie, joias e outros itens de interesse da investigação foram apreendidos.
Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão nas operações Handmade e Descobridor. São pelo menos 50 policiais federais que foram a endereços nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Os envolvidos devem responder na Justiça Federal pelos crimes de associação criminosa e lavagem de capitais. As penas podem ultrapassar dez anos de prisão.
A ação de agora está conectada a uma outra operação desencadeada durante o ano de 2020, a Enterprise. Somadas, as operações de repressão bloquearam quase R$ 500 milhões dos criminosos.
Operação de origem bloqueou R$ 400 mi do tráfico internacional de drogas
A operação que deu origem às investigações que culminaram no cumprimento dos mandados desta sexta-feira foi realizada em novembro de 2020.
Foi considerada a maior intervenção da PF naquele ano e uma das maiores da história da corporação no combate ao tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.
A operação Enterprise também foi uma das maiores da história na apreensão de cocaína nos portos brasileiros. A organização criminosa alvo da ação era especializada no envio da droga para a Europa. À época, culminou com o sequestro de cerca de R$ 400 milhões em bens do narcotráfico, envolvendo aeronaves, imóveis e veículos de luxo.
Durante as investigações foram apreendidas cerca de 50 toneladas da droga em portos do Brasil, da Europa e da África num trabalho de integração entre a Polícia Federal e a Receita Federal. Para lavar o dinheiro, como nas operações de agora, foi detectado que a organização criminosa se utilizava de laranjas e empresas fictícias.
Em 2020 foram cumpridos 149 mandados de busca e 66 mandados de prisão nos estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco. Também foram expedidas as chamadas difusões vermelhas na Interpol para a prisão de oito investigados que estariam no exterior. Alguns seguem na lista por não terem sido localizados até hoje.
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