Réu confesso pela execução de Marielle diz que o alvo era apenas a vereadora, e que poderia receber R$ 25 milhões.| Foto: reprodução/TJRJ
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O ex-policial militar Ronnie Lessa, réu confesso pela execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, pediu “perdão” às famílias das vítimas e disse que ficou “cego” com a oferta que recebeu para cometer os crimes.

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O arrependimento foi declarado durante o depoimento prestado no primeiro dia do julgamento no Tribunal do Júri, no Rio, nesta quarta (30). Além de réu confesso, ele fechou o acordo de delação premiada que levou à descoberta dos supostos mandantes do crime, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, que negam o pedido de execução.

“Com absoluta sinceridade e arrependimento, pedir perdão às famílias do Anderson, da Marielle, à minha própria, à da dona Fernanda [Chaves, sobrevivente do atentado] e a toda sociedade pelos fatídicos atos que nos trazem aqui”, disse ressaltando a intenção de colaborar com a Justiça “trazendo à tona todos os personagens envolvidos nessa história”.

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Lessa afirmou que a motivação para o crime estava ligada à promessa de ganhos milionários, feitos pelos irmãos Brazão. Ele afirma ter ficado “cego” pela possibilidade de lucro – a “era muita grana”, disse estimando que o esquema de exploração de terras griladas – e que Marielle trabalhava contra – renderia cerca de R$ 25 milhões.

Transferido para o Complexo Penitenciário de Tremembé (SP) após firmar um acordo de delação premiada, Lessa afirmou que a execução de Marielle Franco ocorreu após diversas tentativas de realizar o crime, que começou a ser planejado em 2016. Segundo ele, o alvo inicial eram militantes do PSOL, mas o nome de Marielle surgiu como alvo principal em setembro de 2017.

“Tentei concentrar ao máximo no alvo, que era a vereadora Marielle, sabendo do risco [de atingir outros ocupantes]”, disse. Ele ainda afirmou que a arma utilizada, uma pistola 9mm, era inadequada para a precisão que precisava, e que acabou atingindo também o motorista.

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Lessa afirmou que busca aliviar o peso da consciência ao assumir a responsabilidade e expor todos os envolvidos. “Ninguém vai ficar de fora, não. É da base ao topo dessa pirâmide, sem exceções”, pontuou.

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Além de Lessa, o comparsa Élcio de Queiroz, contratado para dirigir o carro utilizado no crime, também prestou depoimento e deu detalhes sobre como havia sido o dia em que executaram a vereadora. Ao júri, ele afirmou que não sabia sobre o que seria feito e que, após os disparos, foram para um bar.

Familiares de Marielle Franco, incluindo a irmã Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, acompanharam o depoimento de Lessa com incredulidade ao pedido de perdão. O julgamento foi retomado na manhã desta quinta (31) com as sustentações orais da acusação e da defesa, e a previsão é de que o veredicto do júri saia até sexta (1º/11).

A promotoria pediu a aplicação da pena máxima a Lessa e Queiroz, de 84 anos de prisão.

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