A quantidade de rodovias em ótimas condições no estado do Rio de Janeiro sofreu uma redução entre os anos de 2023 e 2024, enquanto as estradas consideradas péssimas e ruins aumentaram no estado fluminense no mesmo período, de acordo com uma análise feita pela Confederação Nacional de Transportes (CNT).
A pesquisa analisou a condição de 2.651 quilômetros de vias pavimentadas no Rio de Janeiro. Entre as melhores rodovias se destacam aquelas concedidas à iniciativa privada, enquanto rodovias administradas pelo governo do estado ou pela União sofrem com falta de investimentos em manutenção.
A CNT avaliou três itens principais da malha viária: pavimento, sinalização e geometria. O primeiro leva em conta a cobertura asfáltica e a presença de buracos na pista, entre outros fatores. O segundo avalia a presença de placas e sinalização adequada nas estradas. E a geometria contempla o desenho do trajeto, a quantidade de pistas duplas ou triplas e a velocidade máxima permitida na rodovia.
Classificação geral da condição das rodovias no Rio de Janeiro:
- Péssimo: 4,4% (140 quilômetros) - totalizava 2,7% em 2023
- Ruim: 14,7% (371 quilômetros) - era 13,7% em 2023
- Regular: 28% (558 quilômetros) - contra 29,9% em 2023
- Bom: 39,6% (482 quilômetros) - 37,8% em 2023
- Ótimo: 13,3% (1.110 quilômetros) - 15,9% em 2023
Somados apenas os índices de “ótimo” e “bom”, de acordo com a CNT, o estado fluminense possui 52,9% das rodovias bem avaliadas. Na comparação da condição de trafegabilidade pelas rodovias em outros estados brasileiros, o Rio de Janeiro fica atrás apenas do estado de São Paulo, que soma 75,4% de estradas boas e ótimas.
CNT avalia pavimento, sinalização e geometria das rodovias do Rio de Janeiro
A Confederação Nacional de Transportes avaliou as rodovias do Rio de Janeiro com base nos critérios de pavimento, sinalização e geometria das vias. Par aa obtenção da boa análise geral, o estado se destacou positivamente em análises individuais desses aspectos.
Sinalização
- Péssimo: 4,3%
- Ruim: 8,6%
- Regular: 30,6%
- Bom: 26,2%
- Ótimo: 30,3%
Somando os índices de “ótimo” e “bom”, o Rio de Janeiro ocupa a quarta posição nacional em sinalização, atrás de Rio Grande do Norte, Mato Grosso e São Paulo.
Pavimento
- Péssimo: 5,3%
- Ruim: 14%
- Regular: 21%
- Bom: 18,2%
- Ótimo: 41,5%
No quesito pavimentação, o estado aparece na sexta colocação entre os estados brasileiros, considerando o percentual de rodovias classificadas como “ótimas”.
Geometria da via
- Péssimo: 22,3%
- Ruim: 12,4%
- Regular: 21,1%
- Bom: 22,9%
- Ótimo: 21,3%
O aspecto de geometria da via avalia condições de visibilidade, segurança em ultrapassagens e adequação à velocidade máxima permitida. O Rio de Janeiro tem 21,3% de suas rodovias com geometria considerada “ótima”, ocupando a terceira posição nacional, atrás de Mato Grosso do Sul (32,7%) e do estado de São Paulo (41,4%).
Rodovias regulares podem se deteriorar tornando-se péssimas ou ruins, alerta CNT
A pesquisa da CNT aponta que 28% das estradas do Rio de Janeiro são consideradas regulares, um índice ligeiramente inferior ao registrado em 2023 (29,9%). A entidade adverte que, sem investimentos adequados, esses trechos podem ser reclassificados como ruins ou péssimos em levantamentos futuros.
O relatório de 2024 da CNT sobre as estradas reforça a necessidade de ações governamentais para recuperar a malha viária do país. “A melhoria da infraestrutura de transporte é um processo de longo prazo, que exige constância e comprometimento. Investimentos contínuos são fundamentais para garantir o avanço gradual e sustentável das nossas rodovias”, destaca o documento.
Para Marcus Quintella, diretor do programa de transporte da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a deterioração das rodovias se deve à escassez de recursos. “Isso ocorre em todo o país há anos. A principal razão é a falta de investimentos, especialmente em manutenção do asfalto, sinalização, geometria e correção de traçados, que sofrem com chuvas e tráfego pesado”, afirma o docente.
As melhores e piores rodovias do Rio de Janeiro, segundo a CNT
O estudo da CNT avaliou estradas de diferentes extensões, desde trechos com apenas 6 quilômetros até vias que atravessam todo o estado, com mais de 600 quilômetros de extensão. As rodovias com maior número de avaliações caracterizadas como “ruim” e “péssima” figuram entre as piores do estado. Já aquelas que receberam as melhores notas, como “bom” e “ótimo” estão entre as mais bem avaliadas.
Rodovias mais bem avaliadas:
- RJ-124: 57 quilômetros, de Rio de Janeiro a Costa do Sol (concedida)
- BR-493: 123 quilômetros, de Itaboraí a Itaguaí (concedida)
- BR-492: 16 quilômetros, de Teresópolis a Nova Friburgo (concedida)
- BR-101: 600 quilômetros, de Niterói a Rio das Ostras (concedida)
- BR-116: 348 quilômetros, de Sapucaia ao Rio de Janeiro (concedida)
Rodovias com as piores avaliações:
- RJ-134: 40 quilômetros, de Petrópolis a Areal (estadual)
- RJ-155: 78 quilômetros, de Barra Mansa a Pontal (estadual)
- RJ-153: 35 quilômetros, de Volta Redonda a Valença (estadual)
- RJ-356: 6 quilômetros, Campos dos Goytacazes (estadual)
- RJ-492: 7 quilômetros, de Areal a Posse (estadual)
Estradas administradas pela iniciativa privada estão entre as melhores
No Rio de Janeiro, as rodovias concedidas à iniciativa privada se destacam pela melhor gestão de recursos, manutenção, conservação e ampliação da malha viária. Segundo a CNT, as cinco melhores estradas do estado são administradas por empresas e consórcios - são quatro concessões de rodovias da União e uma concessão estadual. Por outro lado, as cinco piores rodovias do estado são geridas exclusivamente pelo poder público.
Para o diretor do programa de transporte da FGV, as concessões são uma alternativa, mas não uma solução definitiva. “Isso é uma questão de planejamento e investimento. Apesar de as cinco melhores estradas do Rio de Janeiro serem concedidas, há concessões de qualidade ruim. A parceria público-privada é uma alternativa à falta de investimento, mas não resolve o problema sozinha. Ainda é necessário aporte público”, destaca.
Rodovias do Rio de Janeiro precisam de R$ 2,4 bi em investimentos, aponta CNT
A CNT estima que a malha viária do Rio de Janeiro precisa de R$ 2,4 bilhões em investimentos. Desse total, R$ 1,7 bilhão seria destinado a serviços emergenciais, enquanto R$ 700 milhões deveriam ser aplicados na manutenção das estradas. O relatório destaca o impacto econômico das rodovias em condições ruins ou péssimas no estado.
Em 2024, o transporte de cargas e passageiros ficou 26% mais caro devido à precariedade das estradas, influenciando diretamente os preços de produtos e passagens. Além das questões financeiras, o documento chama atenção para os custos ambientais da má conservação.
Aproximadamente 20 milhões de litros de diesel foram desperdiçados em razão da baixa qualidade do pavimento, resultando na emissão desnecessária de 51 milhões de quilos de gás carbônico. Esse desperdício gerou um prejuízo superior a R$ 114 milhões, segundo a CNT.
O professor Marcus Quintella, da FGV, reforça a necessidade de maior investimento, especialmente nas estradas do interior. “A maioria dessas rodovias está no interior do Rio de Janeiro, onde há anos não se investe em pavimentação. Muitas não possuem drenagem, e a água que escoa pela pista, aliada ao tráfego pesado, acaba danificando ainda mais o asfalto”, explica.
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